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Como novo Tracker pode empurrar Cruze para o 'cemitério' dos hatches médios

Rodrigo Mora

Colaboração para o UOL

19/03/2020 04h00

A estreia do Chevrolet Tracker - principal lançamento da marca para 2020 - desencava a pergunta: até quando o Cruze hatch resiste ao companheiro de showroom? Uma fonte da GM (que preferiu o anonimato) tranquiliza: "acabamos de atualiza-lo. Existe um consumidor fiel a este segmento". Pode até ter. Mas são cada vez mais infiéis.

Ao fim dos doze meses de 2009, o finado Chevrolet Astra foi o mais vendido da categoria, com 29.673 unidades emplacadas. Dez anos depois, o Cruze até repetiu a liderança do antecessor, mas com 5.320 vendas de janeiro a dezembro. É quase quatro vezes menos o que vende o Onix em um mês.

Na comparação com os SUVs compactos, 2019 teve como campeão de vendas o Jeep Renegade, que emplacou 68.726 unidades - 12 vezes mais do que o hatch médio e sete vezes mais do que todo o segmento de hatches médios, que foi de 8.776 unidades no ano passado. E concorrendo com muito mais modelos, já que o Cruze está sozinho depois de os brilhantes Ford Focus e Volkswagen Golf saírem de linha.

Contudo, é impreciso dizer que os SUVs compactos mataram os hatches. Estes estão em declínio desde 2012, enquanto os utilitários já vendiam mais na mesma época. Mas é verdade que ajudaram a enterrar Golf, Focus, i30 e companhia.

E o que oferecem em troca?

Entre Cruze e Tracker, as diferenças começam pelo tamanho. Mais comprido (4,45 m ante 4,27 m), o hatch oferece entre-eixos mais esticado: 2,7 m contra 2,57 do SUV estreante. É a medida que fará diferença no espaço disponível para as pernas dos passageiros do banco de trás.

O Tracker, contudo, dá o troco na oferta do porta-malas, carregando 393 litros, ante tímidos 290 do hatch. Vale lembrar que o Tracker da geração passada era o último da categoria nesse quesito, com apenas 306 litros. Agora é o sétimo.

O Cruze volta a se defender em relação à motorização, equipado com um 1.4 turbo de 153 cv e 24,5 kgfm (etanol). O Tracker traz o mesmo motor 1.0 turbo do Onix e o inédito 1.2 turbo de 133 cv e 21,4 kgfm de torque, igualmente com etanol no tanque.

O SUV tem câmbio manual de seis marchas na versão de entrada e automática de seis velocidades nas demais configurações - a mesma e única do Cruze.

Suspensões similares: independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora na frente e do tipo eixo de torção semi-independente na traseira.

Lista de equipamentos igualmente equivalente. Ambos têm alerta de colisão, frenagem automática de emergência, faróis de LED com luz de curva, estacionamento automático, sensor de estacionamento dianteiro, ar-condicionado automático, indicador de distância do veículo da frente e indicador de pressão dos pneus. Mas só o Cruze pode ter bancos elétricos e teto solar.

Diferença fundamental está nos preços. A etiqueta do Tracker vai de R$ 82 mil a R$ 112 mil, enquanto o Cruze parte de R$ 98.750 e termina em R$ 121.750.