Coronavírus: sem passageiros, motorista de aplicativo devolve carro alugado
As restrições à circulação de pessoas devido ao coronavírus têm impactado o setor de transportes como um todo. No caso dos motoristas de aplicativo, faltam passageiros e dinheiro no bolso.
A situação é agravada para aqueles que trabalham com carro alugado e têm de arcar com o custo das diárias - além das taxas cobradas pelos próprios aplicativos e do gasto com combustível.
De acordo com a Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), o número de devoluções de carros locados por motoristas de aplicativo tem aumentado. Por outro lado, locadoras ouvidas por UOL Carros informam que reduziram o preço do aluguel de veículos para profissionais da categoria.
"Com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade do trabalho dos motoristas", a Localiza Hertz oferece um desconto de R$ 110 por semana para a locação de carros a todos os motoristas de aplicativo. A empresa libera desconto extra de R$ 65 para os clientes com mais tempo de contrato e isenta de multa se o veículo for devolvido antes de 30 dias de contrato.
Já a Movida informa que está concedendo até 30 de abril descontos entre R$ 400 e R$ 600 para motoristas de aplicativo "que dependem do carro para gerar renda", desde que renovem o contrato de aluguel mensal. A companhia diz que a redução pode chegar a 40%, dependendo do modelo locado.
Além disso, a locadora diminuiu de R$ 700 para R$ 200 o valor da caução e diz que "seguirá revisando suas práticas para ajudar no combate à situação causada pelo vírus".
Por sua vez, a Kovi lançou um plano no qual os motoristas pagam apenas pelos quilômetros que rodarem e, se ficarem em casa, o aluguel semanal é reduzido para R$ 10 durante quatro semanas.
A locadora também fechou parceria com as empresas Supermercados Now e CornerShop, que darão prioridade aos motoristas da Kovi para se cadastrarem na plataforma e fazerem
entregas de mercado, como forma de complementarem sua renda.
Localiza, Movida e Unidas são parceiras nacionais da Uber. Das três, apenas a Unidas não respondeu aos questionamentos da reportagem.
'Movimento caiu bastante'
UOL Carros conversou na quinta-feira passada com Danilo, de 31 anos, que trabalha como motorista da Uber há nove meses. Solteiro e morando sozinho, ele já paga menos pelo aluguel do Ford Ka Sedan que é a sua ferramenta de sustento e costumava custar R$ 550 por semana.
Agora, ele paga R$ 440 semanais, porém a pressão continua.
"O movimento caiu bastante. Normalmente, eu faço de 25 a 35 viagens por dia. Ontem [quarta-feira passada] eu peguei só um cliente e faturei R$ 20. Minha meta diária é de R$ 350. Na segunda-feira, faturei R$ 200. Na terça, R$ 100, e, no dia seguinte, ganhei só esses R$ 20.
No caso da parceria da Uber com a Localiza, a cada semana o aluguel é descontado automaticamente do valor arrecadado com as corridas. Só depois de quitá-lo é que o motorista começa a receber efetivamente.
Locações em baixa
Consultadas pela reportagem, Uber, 99 e Cabify não informaram números relativos ao impacto do coronavírus nos seus negócios. Por sua vez, a Abla admite que os resultados de 2020 serão inferiores aos registrados em 2019, quando o setor atingiu recorde de 49,6 milhões de diárias vendidas - alta de 15,3% na comparação com 2018.
"Será um ano difícil. Com certeza haverá queda em relação a 2019. Teremos entre dois e três meses de atividade muito baixa. Sem dúvida vai prejudicar muito o setor", avalia Paulo Miguel Junior, presidente do conselho nacional da Abla.
Conforme o executivo, ainda não há números oficiais para mensurar a retração, inicialmente verificada na "locação de balcão" - ou seja, nas vendas a varejo, sobretudo para clientes em viagens de lazer e a negócios. "Também está aumentando a devolução de veículos alugados por motoristas de aplicativo neste período de restrição à movimentação de pessoas".
Segundo Junior, as cerca de 10 mil locadoras associadas à Abla fecharam 2019 com uma frota de 997 mil veículos, dos quais um volume entre 150 mil e 200 mil unidades estava nas mãos de condutores parceiros de aplicativos de transporte individual - algo entre 15% e 20% do total.
"Está crescendo o número de clientes que recorrem a carro de aluguel para evitarem corridas por aplicativo e o transporte coletivo", ameniza o presidente, admitindo que essa parcela é pequena na comparação com a redução geral na demanda.
Porém, ele se diz otimista. "Quando a situação voltar ao normal, creio que o setor irá se recuperar rapidamente".
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