Carros zero parados durante 30 anos: o que é necessário para ressuscitá-los
Os carros zero guardados durante 30 anos no depósito de uma concessionária desativada na Argentina sentiram os efeitos do tempo, mesmo protegidos do sol e da chuva.
Itens como borrachas, tubulações e pneus, sem mencionar a parte elétrica, teriam de ser totalmente substituídos ou reparados para que as raridades voltassem a oferecer condições perfeitas de uso.
Porém, segundo especialistas consultados por UOL Carros, o lote de 13 carros, que inclui Fiat Uno, Tempra e Tipo zerados dos anos 1990, é formado por "peças de museu".
Portanto, os veículos, postos à venda pelo comerciante Alexis, devem seguir sem rodar e sofrer o mínimo de alterações para não perderem valor. Afinal, seu provável destino é a garagem de um colecionador.
Antes de trocarem de dono, as raridades receberam apenas cuidados essenciais, como limpeza e inspeção cuidadosa.
Também foi necessário fazer o motor funcionar, mas nada que comprometesse a originalidade.
Confira abaixo como ficaram alguns após receberem um "trato", antes de trocarem de dono.
"Óbvio que tive de trocar pneus, colocar bateria nova e substituir combustível, óleo lubrificante e filtros. São coisas das quais um veículo parado por muito tempo necessita", conta Alexis, proprietário da empresa Kaskote Calcos, que adquiriu o lote.
Dois lojistas ouvidos pela reportagem, acostumados vender carros antigos pouco rodados, detalham os itens que requerem atenção para "reativar" um clássico nessas condições.
"Carro na loja às vezes fica um mês, dois meses parado no mesmo lugar. Mesmo com o freio de mão abaixado, você vai empurrar e o freio está grudado. Você tem de dar uma volta dentro da loja para soltar. Você imagina 30 anos parado", opina Robson Ioris Cimadon, o Alemão, dono da loja Século 20, localizada em Santo André (SP).
De acordo com o lojista, o correto, antes de mais nada, é colocar o carro em um cavalete ou elevador e tirar as rodas para ver como estão os freios. Ele também recomenda trocar todas as mangueiras porque, mesmo sem exposição ao sol, elas devem estar ressecadas e o risco de uma delas estourar é muito grande.
'Caixinha de surpresas'
Além disso, Cimadon diz que é essencial esgotar todos os fluidos do motor, como combustível, óleo lubrificante e fluidos de freio e do sistema de arrefecimento - sem mencionar os filtros. Outra dica importante é limpar o tanque de combustível.
"Aí sim você põe óleo novo, gasolina nova, bateria nova, bate a chave e vê no que dá. Mesmo com tudo isso, ao ligar o motor pode estar batendo tudo. É um risco que você corre", alerta o empresário, que diz já ter recusado uma Ford Ranger 2001 diesel zero com cerca de 30 km rodados.
"Fiquei com medo de comprar, o dono não batia a chave havia dez anos. Resolvi não arriscar, para revender você não sabe o que vai ter de gastos e não dá para contar com a sorte. Já peguei um VW Gol com 600 km rodados e foi lavar, bater a chave e o motor pegar. Estava parado, mas o proprietário ligava dia sim, dia não. Mas ficar 30 anos parado é uma caixinha de surpresas", relata.
Alemão também destaca a peculiaridade de modelos da Fiat, que compõem a maioria do lote de carros zero argentinos recentemente descoberto.
Tempras, Alfas, Fiats em geral requerem mecânico especializado, que tem amor por mexer nesse tipo de carro. O que estraga desses carros é porque o dono é relaxado, quebra peça e não troca, vai deixando juntar problemas e não faz manutenção".
Alemão possui um Fiat Tempra Ouro 1995 com 65 mil km rodados e já teve um Tipo 1.6 do mesmo ano, com apenas 1.300 km no hodômetro.
'Não faz sentido rodar com um carro desses'
Silvio Luiz, proprietário da loja Old is Cool Motors, localizada na capital paulista, vai na mesma linha.
Ele destaca que o ideal, considerando carros tanto tempo parados, seria rodar com eles à caça de problemas, após realizar os procedimentos básicos descritos acima.
"É um buraco negro, não dá para saber. Digo para meus clientes: se está pegando um carro que ficou muito tempo parado, tem de andar. Leva um tempo para o carro ficar bom e confiável. Não dá para precisar quanto custaria", analisa, admitindo que "não faz sentido comprar um carro desses e andar".
"Esses carros argentinos são de colecionador. Qualquer quilometragem que você acrescenta no hodômetro, vai perdendo valor", pondera.
Luiz salienta que existem pessoas que fazem o carro inteiro e guardam por mais 30 anos sem mexer. "Tem outros que só fazem o motor funcionar, reativam o veículo e guardam. Não trocam nem os pneus para não tirarem a originalidade. Em resumo, é uma peça de museu".
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