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VW volta a fazer carros em maio, mas saúde de funcionários vira prioridade

Montadora diz que retomada do mercado brasileiro deve ser lenta - Murilo Góes/UOL
Montadora diz que retomada do mercado brasileiro deve ser lenta
Imagem: Murilo Góes/UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

15/04/2020 17h27

Resumo da notícia

  • Empresa estima retornar ao trabalho em maio, mas planejamento pode mudar
  • Di Si afirma que retomada será gradual e metade dos funcionários trabalhará em casa
  • CEO admite que carros podem ficar mais caros por conta da paralisação das fábricas

O CEO da Volkswagen do Brasil e América Latina, Pablo Di Si, estima que a empresa pode retomar as atividades em maio.

O executivo disse que o retorno será realizado de forma gradual e respeitando normas de combate ao coronavírus, sempre priorizando a saúde de funcionários e colaboradores.

"Vamos dividir o retorno em times. Os primeiros a voltar ao trabalho serão os funcionários do board, no qual eu também me incluo. São por volta de 80 a 100 pessoas. Na semana seguinte, vamos incorporar os supervisores e duas ou três semanas depois será a vez dos 50% restantes dos funcionários. Tudo isso será realizado seguindo as regras de distanciamento social, ou seja, respeitando uma distância mínima entre cada empregado, mesmo na linha de montagem", afirmou Di Si, em live realizada pela "Automotive Business".

Pablo ressaltou que, mesmo com a retomada das atividades, a saúde dos funcionários permanece no topo da lista de prioridades.

"Metade do nosso quadro de funcionários sempre estará em regime de home office, e isso será rotativo, salvo em caso de pessoas com problemas cardíacos, diabetes e com mais de 60 anos. Essas pessoas vão trabalhar de casa o tempo todo. Não estou preocupado com quando vamos começar (a trabalhar). Estou preocupado com a saúde dos funcionários, e quero que a gente siga todas as regras. O resto pode esperar", disse.

Retomada mais lenta do que a China

O executivo admitiu que os carros podem ficar mais caros nos próximos meses. Para minimizar o impacto disso, a VW pode diminuir o volume de importações e investir, inclusive, na nacionalização de componentes.

"Quanto ao preço, é claro que o cliente manda, mas creio que vamos reduzir a quantidade de carros importados e aumentar o volume de carros nacionais, até porque não há como não repassar os custos para o consumidor. Temos planos de aumentar o índice de nacionalização nos próximos anos, especialmente diante de um dólar tão alto. Muitos componentes poderiam ser feitos aqui, como o sistema de entretenimento e até os airbags".

Di Si elogiou o mercado chinês, que lentamente está reabrindo as concessionárias e voltando ao ritmo de vendas pré-coronavírus. Entretanto, Pablo acredita que o Brasil não seguirá um ritmo tão acelerado assim.

"A retomada das atividades foi muito bem sucedida na China e aprendemos muita coisa com eles. Porém, no ponto de vista econômico, o caso deles será único no mundo. No Brasil acredito que a retomada será mais devagar, como deve acontecer com os EUA e vários países da Europa. Vamos começar a produzir de acordo com a demanda e ter cuidado com o estoque. Mas acredito que deve haver apoio à indústria automotiva, que é uma das mais importantes para nossa economia", analisou.

Mesmo com tantas dificuldades à vista nos próximos meses, Pablo diz que a indústria precisa olhar para frente.

"Creio que vamos levar pelo menos de duas a três semanas para acertar a logística em todas as unidades. Meu planejamento inicial é para o começo de maio, mas não vejo problema em adiar isso. Preciso também manter o foco no day after dos funcionários, ou seja, em como eles vão reagir. Estamos passando por um momento difícil, mas precisamos olhar para frente. Não adianta ficar chorando. É claro que a saúde de nossos funcionários vem em primeiro lugar, mas temos um planejamento que precisa ser seguido".