Provocação da VW e gafe fizeram bem ao novo Tracker, diz diretor da GM
Durante a apresentação novo Chevrolet Tracker pela internet, no mês passado, executivos da General Motors não conseguiram abrir a tampa do porta-malas do SUV.
A situação constrangedora, segundo a fabricante, aconteceu porque o manobrista deixou o câmbio em neutro, impedindo a abertura por motivo de segurança.
A concorrente Volkswagen logo foi às redes sociais para fazer piada com a situação, dizendo que no Tiguan Allspace o compartimento pode ser aberto passando o pé embaixo do para-choque traseiro. A GM contra-atacou, afirmando que a capacidade do porta-malas do Tracker é maior do que a do rival VW T-Cross.
Um dos executivos que passaram trabalho com o porta-malas foi Hermann Mahnke, diretor executivo de Marketing da GM para a América do Sul - o outro foi Carlos Zarlenga, o presidente da companhia. Para Mahnke, "fazer ao vivo traz alguns riscos" e a troca de provocações fez bem ao Tracker.
"A brincadeira deles nos deu uma oportunidade tremenda de falarmos que o nosso porta-malas tem 393 litros, 87 litros a mais que o modelo anterior. Gostamos muito, entramos na brincadeira e acho que as empresas precisam trabalhar assim, mais descontraídas".
UOL Carros entrevistou Mahnke a respeito desse episódio e de outros temas - como o recall do Onix Plus por risco de incêndio, a força-tarefa para consertar respiradores, o impacto do dólar alto no faturamento das montadoras e as soluções digitais para vender automóveis em tempos de concessionárias fechadas, por causa do coronavírus.
Pandemia e vendas digitais
A General Motors, assim como as demais montadoras, paralisou temporariamente a produção nas suas fábricas por conta da pandemia.
A covid-19 também levou ao fechamento de quase a totalidade das concessionárias das fabricantes de veículos no Brasil, atendendo a determinação de isolamento social feita pelos governos.
Para Mahnke, "a segurança vem sempre em primeiro lugar", mas nem por isso a GM deixou de se comunicar com seus clientes de diferentes formas, sobretudo por meio de canais digitais. Ele afirma também que a empresa irá lançar "no futuro muito breve" uma solução de venda 100% digital dos carros da Chevrolet - sem, no entanto, dar detalhes.
"Praticamente toda rede está fechada, mas estamos nos mantendo bem próximos e nos comunicando constantemente. Temos muitas boas práticas de ações de forma digital acontecendo, então estamos fazendo essa troca e compartilhamentos de conhecimentos e experiências de como atuar nesse momento de forma remota, através de contato telefônico, aplicativos de mensagens e outros meios", relata.
De acordo com o diretor, embora a General Motors ainda não ofereça o sistema de venda totalmente eletrônico, quase 30% das vendas de carros da empresa em 2019 vieram de canais digitais.
"Todos os nossos concorrentes geram uma demanda por contato de um concessionário. Estamos indo nessa linha neste primeiro momento também, porém dando a nosso consumidor a possibilidade de reservar um carro on-line. No futuro muito breve, vamos lançar uma solução digitalizada de venda, em parceria com nossos concessionários. Ele poderá comprar 100% on-line, de verdade", promete.
'Conserto de respiradores não é marketing'
Hermann Mahnke também comentou a iniciativa da GM de reparar respiradores para atender pacientes com a covid-19 no Brasil. Segundo ele, a montadora foi convidada pelo Ministério da Economia para liderar, de "forma voluntária", a força-tarefa.
Segundo ele, já foram mapeados mais de 3.000 respiradores que não estão em operação.
"Não se trata de uma ação de marketing. O objetivo é consertar 100% dos aparelhos fazendo a logística de buscar nos hospitais, levar até uma fábrica mais próxima, consertar e, depois de funcionando, o equipamento retorna para o hospital de origem", afirma.
Receptividade ao novo Tracker
Totalmente renovado, o Tracker 2021 foi lançado na segunda quinzena de março, poucos dias antes do fechamento de quase a totalidade de rede de concessionárias. Apesar disso, no mês passado o SUV compacto, que sempre foi coadjuvante, apresentou alta de 42,6% nos emplacamentos - foram licenciadas 1.907 unidades em março, ate 1.337 em fevereiro.
As circunstâncias excepcionais do lançamento não permitem mensurar com exatidão o impacto da chegada da nova geração nas vendas - que também devem ter sido ajudadas pela queima de estoque das unidades remanescentes do Tracker antigo.
Mesmo assim, Mahnke considera "bastante positiva" a repercussão da chegada do utilitário esportivo, sobretudo nas redes sociais, durante o período atual de confinamento.
"Através das redes, conseguimos multiplicar nossa mensagem. No lançamento do novo Tracker, que aconteceu virtualmente, tivemos um alto engajamento do público e foi possível perceber bastante interesse em adquirir o nosso novo SUV. Chegamos a 5 milhões de visualizações do nosso streaming com uma positividade de 91%".
O diretor de Marketing também comentou o motivo de a General Motors não ter adiado a chegada do utilitário esportivo ao mercado - outras marcas acabaram postergando estreias programadas para o primeiro semestre. A chegada do veículo às lojas, inclusive, foi antecipada.
"A decisão de não adiar o lançamento foi porque tínhamos veículos nas concessionárias. Começamos a abastecer o estoque das lojas no final fevereiro. O plano inicial seria fazer um grande evento para os clientes nas concessionárias, mas que também foi cancelado para evitar aglomerações nas lojas. Por este motivo, decidimos antecipar o início das vendas em uma semana ao inicialmente planejado".
Recalls do Onix Plus por incêndio
Também questionamos o executivo sobre o recall do Chevrolet Onix Plus no fim do ano passado, após a descoberta de casos de incêndio envolvendo o sedã pouco depois do lançamento - o defeito motivou a suspensão temporária das vendas
Perguntamos, ainda, a respeito de outras falhas verificadas nos novos Onix e no Onix Plus, que levaram a empresa a enviar boletins de reparo à rede autorizada.
Para Mahnke, "as campanhas de serviços são absolutamente normais em todos os modelos da marca".
Indagado se as falhas de alguma forma arranharam a imagem dos seus dois modelos mais vendidos, o diretor diz que "o Onix é o carro mais vendido do Brasil há cinco anos consecutivos e vive seu melhor momento desde 2012, quando foi lançado".
Custo-Brasil
No começo do ano passado, o presidente Carlos Zarlenga chegou a anunciar a possibilidade de a GM encerrar a produção de veículos no País, mencionando que a montadora opera no prejuízo na região.
Questionado se esse cenário mudou de lá para cá, Hermann Mahnke diz que a empresa não divulga resultados financeiros locais.
Porém, mencionou o impacto do dólar e da carga tributária no negócio das montadoras instaladas no Brasil.
"O negócio da indústria é muito impactado pelo dólar, já que em média 40% do conteúdo dos veículos produzidos no Brasil é importado. Além disso temos uma carga tributária bastante elevada, que representa em média 50% do preço do veículo. Temos ainda gargalos logísticos que agregam custos á produção. Isso tudo impacta na rentabilidade do negócio".
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