Puma GTS 1978: achamos o carro histórico que perdeu direito a placa preta
O Puma é um dos carros brasileiros com carroceria de fibra de vidro e produção em pequena escala mais cultuados pelos colecionadores. Imagine, então, encontrar um exemplar raríssimo, com apenas uma unidade produzida.
Localizamos em Jundiaí, no interior paulista, um Puma com essas características. O conversível, da versão GTS, é de 1978 e está com a mesma família desde quando era zero-quilômetro.
Seu dono é Francisco Alexandre, de 50 anos, também conhecido como Chicão. De acordo com ele, trata-se do único protótipo dessa configuração fabricado naquele ano, especialmente para o lançamento, no Salão do Automóvel de 1978 - antes de começar a produção em maior escala.
Apesar de ser extremamente raro, o Puma na cor dourada não pode receber placa preta, explica o proprietário, pois foi bastante modificado - a distinção só é dada para veículos produzidos há mais de 30 anos que tenham pelo menos 80% de componentes originais.
"Meu carro não se enquadra mais [nas exigências para concessão de placa preta]. Mas já vi muitos em que colocaram essa placa e depois foram modificados. Como disse, meu Puma faz parte da família há 42 anos, então, para mim ele é placa preta!", conta Chicão, que diz não se importar se o conversível perdeu valor de mercado com as customizações.
Principais modificações
Totalmente legalizado para rodar, segundo diz, seu Puma GTS 1978 traz alterações como pintura em dois tons de dourado, logotipo "3D" da Puma pintado no capô, portas que abrem para cima, painel, soleiras e retrovisores de fibra de carbono, bancos de couro e vidros elétricos - dentre vários outros detalhes.
A parte mecânica também foi mexida: agora, os freios são a disco ventilado nas quatro rodas, o escapamento é cruzado com duas ponteiras e o carburador original foi trocado por outro, da Weber, com corpo duplo. Alexandre diz que hoje o motor tem cerca de 100 cv.
O carro foi concluído em setembro de 2010, porém as personalizações começaram bem antes, quando o Puma ainda era do pai de Chicão.
"Hoje, passados dez anos, tenho alguns pequenos detalhes para refazer, como o cromo das ponteiras, que eu pretendo dourar. Eu gastei na época mais de R$ 50 mi. Já me ofereceram esse valor pelo carro e não vendi", relata Francisco Alexandre, que trabalha como restaurador e customizador de veículos em Jundiaí.
A história do Puma dourado começou quando ele tinha menos de dez anos de idade.
Acesso a protótipos
Segundo o restaurador, seu pai é arquiteto e designer, trabalhou na Volkswagen na década de 70 e tinha acesso a protótipos da Puma.
"Como amigo pessoal do Milton Masteguin [dos dos sócios e criadores das marcas Puma e Chamonix, já falecido], meu pai tinha preferência na compra dos veículos. Os protótipos sempre eram vendidos para pessoas conhecidas, pois, como não eram carros da linha de produção, poderiam dar algum problema posterior. Para evitar que denegrissem a marca, eles vendiam para conhecidos e davam total garantia".
Assim, o pai de Chicão teve três protótipos do Puma GTS: um 1976 branco, outro 1977, prata, e o 1978 dourado - o único que permanece até hoje com a família. Ele conta que, na época, clientes "comuns" tinham de esperar mais de um ano para comprar o carro.
"Esses carros sempre foram presentes para a minha mãe, era ela quem usava", lembra. O GTS dourado foi reservado no evento de lançamento com o próprio Masteguin e retirado no dia seguinte, após passar por uma revisão de entrega.
Chicão relata que o pai decidiu ficar com o Puma 1978, em vez de trocá-lo por outro mais novo, como vinha fazendo, por não ter gostado das alterações realizadas na linha 1979. Foi ele, inclusive, que começou a fazer as modificações.
Funileiro se recusou a mexer
"Meu pai sempre quis fazer algumas alterações estéticas no carro. No entanto, toda vez em que ele pedia para fazer, o funileiro não deixava! Dizia que era pecado mexer no carro, que tinha de ficar original".
Alguns anos depois, a família se mudou da capital paulista para Jundiaí e o conversível ficou alguns anos parado. Foi quando retomou as modernizações, inicialmente realizadas por terceiros. Insatisfeito com os serviços, resolveu ele mesmo concluir o projeto.
"Muito dinheiro depois e, nervoso, resolvi assumir a bronca. Encontrei um funileiro e um pintor bons e comecei tudo do zero novamente, até terminar em 2010. Na época, enviei fotos do carro para o filho do Milton, o Newton Masteguin, que estava à frente da Chamonix. Ele aprovou as mudanças e me deu os parabéns pelas atualizações de bom gosto".
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