LamborgUno x Lamborghini: por que réplica custa 1% do carro original
O "LamborgUno" construído artesanalmente por Edimar Goulart em Rondonópolis (MT), a partir de um Fiat Mille 2003, impressiona pela semelhança com o Lamborghini Aventador que serviu de inspiração ao rapaz de 29 anos.
Construído com tubos e chapas de aço mais fibra de vidro, o projeto começou a ganhar vida na casa de Goulart há cerca de três anos. Até agora, segundo ele, o carro já demandou o gasto de aproximadamente R$ 30 mil.
Trata-se de muito dinheiro, considerando que Edimar ganha cerca de R$ 1.000 no emprego de auxiliar em uma empresa de comunicação visual na cidade mato-grossense.
Porém, representa menos de 1% do preço do Aventador original zero-quilômetro, de aproximadamente R$ 3,8 milhões - sem incluir opcionais.
Essa diferença abissal é compreensível se deixarmos as semelhanças visuais de lado e focarmos o que cada veículo entrega.
Também não dá para esquecer que apenas o logotipo do touro no capô do Aventador já contribui para o preço ir para as alturas - sem levar em conta fatores como tecnologia, segurança, desempenho e custo de desenvolvimento do esportivo italiano.
Carroceria
Goulart relata que já chegou a gastar de R$ 300 a R$ 500 por mês no projeto. O material que gerou mais despesa foram as partes metálicas.
"Investi R$ 1.000 só com as chapas de aço e mais R$ 500 com os tubos, do mesmo material, que utilizei para a estrutura da carroceria, soldada no chassi do Mille", detalha Goulart.
Por outro lado, para ter mais resistência estrutural com menor peso, o Aventador faz uso extensivo de fibra de carbono - tanto para dar forma à carroceria quanto no próprio chassi.
A fibra de carbono, na qual a Lamborghini é especialista, ainda é um material bastante caro de fabricar e, por isso mesmo, hoje está restrito a carros de luxo de alta performance.
O cupê italiano também traz bastante alumínio na sua construção - outro material leve e caro.
Rodas e pneus
Por conta do orçamento apertado, Edimar Goulart teve de economizar em alguns componentes do projeto.
As rodas de liga leve, por exemplo, são de segunda mão e o jogo saiu por aproximadamente R$ 1,8 mil. Já os pneus estão velhos e precisam ser trocados, diz o projetista amador.
"Alguns pneus estão carecas e um deles furou esses dias. Cada pneu novo custa cerca de R$ 300 e agora não tenho condição de trocar", diz Goulart.
Em uma rápida pesquisa em sites internacionais de vendas, dá para encontrar o jogo de quatro rodas de alumínio forjado (20 polegadas na dianteira e 21 polegadas na traseira) originais do Aventador, usadas e com pneus já bem gastos, por US$ 5 mil (R$ 27,6 mil no câmbio de ontem), sem incluir frete nem taxas de importação.
Motor, câmbio e chassi
Devido à falta de recursos, Edimar Goulart se concentrou na parte visual do "LamborgUno" e não promoveu melhorias na parte mecânica.
"Por dentro, o carro ainda é um Fiat Mille", revela.
Isso significa que o projeto continua com o motor 1.0 aspirado de fábrica, instalado na parte frontal e que rendia 55 cv de potência e 8,5 kgfm de torque quando novo. Já o câmbio é manual de cinco marchas, com tração dianteira.
Especialmente neste quesito, a comparação com o Aventador é covardia: na versão padrão, o cupê sai da fábrica equipado com motor 6.5 V12 traseiro, também aspirado, que entrega 740 cv e 70,4 kgfm.
Com a transmissão automatizada de dupla embreagem e sete marchas, mais tração integral, o Aventador S é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em apenas 2,9 segundos, com velocidade máxima de 350 km/h.
O modelo da Lamborghini também traz os caros freios de carbono-cerâmica de 400 mm na dianteira e 380 mm na traseira, mais suspensão ativa, que ajusta automaticamente a carga dos amortecedores. Também oferece rodas traseiras esterçantes.
Já o "LamborgUno" tem freios a disco apenas nas rodas dianteiras e a suspensão, já desgastada com o passar do tempo, é convencional.
Itens de conforto
Como Edimar contou, ele ainda não conseguiu mexer na parte interna do seu projeto, que não tem ar-condicionado, vidros elétricos nem outros equipamentos de conforto.
Apesar de ser um esportivo, o Aventador entrega tudo isso e mais, como acabamento de luxo, mesclando couro, Alcantara e outros materiais nobres, mais itens como painel de instrumentos digital e central multimídia com tela tátil de alta resolução.
Segurança
Enquanto o "LamborgUno" dispensa airbags, freios ABS e controles de tração e estabilidade, o Aventador, que tem apenas dois lugares, traz airbags dianteiros e laterais, mais bolsas infláveis de joelho, dependendo do mercado.
Também conta com os assistentes eletrônicos de tração e estabilidade, bem como reforços estruturais nas laterais e áreas deformáveis da carroceria na dianteira e na traseira, para absorver parte do impacto em caso de colisão.
O Mille convertido, além de ser um projeto antigo, também é um modelo feito para ser acessível - portanto, não oferece nem de perto o mesmo nível de proteção de um Lamborghini atual.
Vale lembrar que, por ser artesanal, também não passou por testes de segurança com a nova carroceria e as modificações estruturais.
Edimar ainda não conseguiu legalizar o protótipo artesanal e diz que não pretende vendê-lo.
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