Carros 'iguais' e corte de custos: o futuro de Renault, Nissan e Mitsubishi
Resumo da notícia
- Planejamento prevê que Renault seja referência estratégica na América do Sul
- Renault e Nissan vão fazer vários modelos do segmento B sobre única plataforma
- Mitsubishi ainda tem futuro indefinido - e não apenas no Brasil
O futuro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi ganhou um novo (e importante) capítulo na última quarta-feira (27).
As empresas anunciaram novas medidas para assegurar o futuro da aliança, com foco na economia de custos. Um dos pontos mais importantes do novo plano é a escolha de uma marca para ser a referência estratégica em cada mercado.
No caso da América do Sul, por exemplo, a Renault (que chegou a ter sua sobrevivência colocada em xeque na Europa) desempenhará o papel de "lead follower" (como prefere chamar a empresa), ditando, assim, as atitudes das marcas no mercado.
Outra decisão é de enxugar custos de desenvolvimento de novos produtos. Assim, a aliança pretende aproveitar uma única plataforma em projetos de veículos de diferentes segmentos.
Nenhuma das fabricantes quis entrar em detalhes sobre eventuais mudanças no dia-a-dia, mas UOL Carros faz uma projeção do que pode mudar nas marcas Renault, Nissan e Mitsubishi no mercado brasileiro nos próximos anos.
Menos é mais
Na condição de principal mercado da América Latina (já que a Renault-Nissan enxerga o México como parte do mercado da América do Norte), o Brasil deve sentir rapidamente os efeitos do novo planejamento.
Embora Renault e Nissan já trabalhem em sinergia em muitas áreas e compartilhem até a fábrica de São José dos Pinhais (PR), a matriz deseja uma integração ainda maior. O planejamento também prevê a divisão das categorias de carros nas fábricas brasileiras. Enquanto uma delas (possivelmente São José dos Pinhais) ficaria com hatches e sedãs, a outra planta (Resende) produziria apenas SUVs das duas marcas.
Na prática, isso significa que os futuros produtos das empresas devem compartilhar um número ainda maior de componentes.
Um dos mais importantes será a plataforma. Na América Latina, a aliança pretende "racionalizar" as plataformas do segmento "B", reduzindo o número de bases de quatro para apenas uma - incluindo produtos Renault e Nissan. Dentro desse grupo estão todos os modelos compactos, como hatches, sedãs e SUVs.
É meu, é de todos
A ideia é ter uma plataforma parecida com a MQB do Grupo Volkswagen. Versátil, ela é aproveitada em diversos modelos das marcas do conglomerado, como Volkswagen e Audi.
Não é só no aproveitamento da base que a Renault-Nissan-Mitsubishi deve se "espelhar" no grupo alemão. A estratégia aplicada pela empresa nas marcas Volkswagen, Seat e Skoda, que aproveitam plataforma e projetos, seria replicada pelo grupo franco-nipônico.
Veja o exemplo do segmento de SUVs médios, onde o Grupo VW está presente com Volkswagen Tiguan, Skoda Kodiaq e Seat Tarraco no mercado europeu.
A base vem forte
Atualmente, a aliança já faz isso com Nissan Frontier e Renault Alaskan, e a tendência é que a próxima geração da Mitsubishi L200 Triton também seja desenvolvida sobre a base das futuras picapes.
Enquanto isso, especula-se que o Sandero será feito sobre a plataforma do Clio europeu (conhecida como CMF), que hoje está três gerações à frente do modelo fabricado no Brasil até 2017.
Seria justamente essa base (que aqui seria maior e simplificada) que a Nissan poderia aproveitar no novo March, que já esteve em testes no Brasil há alguns meses.
A partir dela também seriam fabricados as próximas gerações de Logan e Duster, repetindo o compartilhamento de plataforma que acontece nos modelos atuais.
Fora eles, os futuros Kicks e Captur também devem ser feitos na mesma plataforma, como a própria Renault havia antecipado em 2018.
A intenção da empresa é que 80% dos produtos de Renault e Nissan vão utilizar a mesma base, mas em modelos diferentes. Além dos carros do segmento "B", a aliança pode adotar a mesma estratégia em outras categorias, como nos SUVs médios.
E a Mitsubishi?
Das três empresas que formam a aliança, a Mitsubishi é, de longe, a mais renegada. A marca japonesa entrou para a aliança em 2016 após a Nissan ter comprado 34% de suas ações.
Desde então, a empresa, que chegou a ser comandada por Carlos Ghosn, viveu momentos conturbados com a saída do executivo da aliança. Mesmo com o novo planejamento não há muito a ser dito sobre o futuro da Mitsubishi justamente porque o plano ainda não prevê uma participação significativa da empresa - pelo menos por enquanto.
Por ora, a Mitsubishi ficará responsável pelas regiões do Sudoeste Asiático e Oceania, onde já possui boa participação de mercado. A montadora seguirá desenvolvendo a tecnologia híbrida plug-in para estes mercados e plataformas de kei cars, os veículos subcompactos vendidos no Japão.
Ainda não há novidades para o Brasil, onde a empresa não possui filial e é representada de forma oficial pela HPE Autos, que possui autorização para importar e fabricar alguns modelos.
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