Ferrari de pobre? Por que esportivo deixado para enferrujar é uma relíquia
A Ferrari Dino 208 GT4 1975 que foi apreendida em 2006 e permanece enferrujando em um pátio da Prefeitura de Santo André (SP) é a única do Brasil.
Caso não estivesse com bloqueio judicial e bastante deteriorada, poderia alcançar bom preço em um leilão.
Aqui, não existe Tabela Fipe para esse modelo específico - até por contar com apenas um exemplar no País, importado ilegalmente.
Porém, dá para se ter uma ideia de valores: um exemplar em bom estado com mesmo ano de fabricação será leiloado no próximo dia 11 pela RM Sotheby's na Holanda.
Sem preço mínimo, a expectativa é de que seja arrematado por algo entre 40 mil e 50 mil euros (de R$ 239 mil a R$ 300 mil na cotação de ontem, sem incluir os custos de uma eventual importação).
Versões anteriores da Dino, como a 246 GT, lançada em 1969, valem muito mais: uma unidade de 1973 foi leiloada em Londres no ano passado por nada menos de que 432,5 mil libras (R$ 2,9 milhões).
Ferrari com motor da Fiat
No entanto, quando a Dino nasceu, no fim dos anos 1960, tratava-se de uma Ferrari desprezada pelos clientes mais puristas. A pioneira 206 GT, lançada em 1968, nem trazia o emblema do cavalo empinado da marca italiana.
Era um modelo mais compacto e acessível, equipado com motor 2.0 V6, instalado entre os eixos na traseira - pequeno para os padrões da marca.
O propulsor dessa primeira Dino, inclusive, era fabricado pela Fiat - outro motivo para o preconceito. O panfleto publicitário da 206 GT reforçava essa imagem: "Compacta, brilhante, segura... Quase uma Ferrari".
A 208 GT4, que estreou em 1975, já trazia logotipos da Ferrari e trocou as linhas sinuosas desenhadas pela Pininfarina por um desenho mais reto, assinado pelo estúdio Bertone.
Foi concebida para o mercado italiano, portanto, é raro se se ver uma em outros países.
Ferraris como a que está apodrecendo em Santo André eram equipadas com uma versão compacta do motor V8 utilizado na Dino 308 GT4, com cilindrada reduzida de três para dois litros. Ambas foram as primeiras Ferraris com um V8 central - configuração utilizada até hoje, como na F8 Tributo, recém lançada no Brasil.
A baixa cilindrada na época era uma forma de a fabricante de Maranello evitar os elevados impostos cobrados na Itália sobre veículos com motor acima de 2.0.
Quando nova, a Ferrari de Santo André rendia 172 cv de potência e a velocidade máxima era de 220 km/h. Sua cabine tinha quatro assentos.
Uma curiosidade: o nome Dino foi usado pela primeira vez em Ferraris de competição no fim da década de 1950 e é uma homenagem a Alfredo, filho do fundador Enzo Ferrari que morreu em 1956.
'Ferrari de pobre'
O youtuber britânico Scott Chivers, do canal 'Ratarossa', tem hoje seis Ferraris na garagem e é especializado em encontrar modelos da marca por pechinchas, que ele reforma na garagem de casa.
Chivers conta que a primeira Ferrari adquirida por ele foi justamente uma Dino GT4, pela qual pagou 2.000 libras (R$ 13,2 mil) há cerca de 25 anos. Porém, depois ele teve de desfazer o negócio por conta de problemas com documentação.
Compartilhamos algumas fotos do exemplar que repousa no ABC paulista.
"Parece em condição similar à GT4 que branca que quase comprei anos atrás. São carros que sofrem muito com ferrugem. Seria um desafio trazer essa Ferrari amarela de volta à vida, mas restaria saber se ainda tem motor e câmbio. Sem contar as questões legais", opina.
Scott Chivers lembra que a Dino era menosprezada, mas hoje uma unidade perfeita pode valer bastante dinheiro: "Por muitos anos a Dino era considerada 'Ferrari de pobre', mas hoje seu preço disparou e você não encontra uma decente por menos do que dezenas de milhares de libras".
"Especificamente em relação à 208 GT4, por muitos anos ela foi considerada uma Ferrari 'de entrada' e quase ninguém apreciava o desenho da Bertone. Quando chegou ao mercado, você poderia comprar uma por menos do que 10 mil libras [R$ 53,8 mil]".
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