Ford e construtora assinam acordo e venda de fábrica deve sair em 90 dias
A Ford anunciou hoje a assinatura de memorando de intenções para a venda da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para a Construtora São José.
Segundo a montadora, o acordo é resultado de processo de seleção que envolveu outros potenciais compradores, "no qual a construtura apresentou a melhor alternativa para a fábrica e para a região".
De acordo com a Ford, a consultoria FRAM Capital atuou na estruturação financeira e estudos de viabilidade da operação.
"A conclusão do processo depende da realização de uma diligência conjunta, que deve ser completada no prazo de aproximadamente 90 dias", complementa a fabricante.
"A assinatura desse memorando de intenções é um passo importante para a concretização da venda da fábrica de São Bernardo", diz Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.
Na terça-feira passada, Orlando Morando (PSDB), o prefeito de São Bernardo, disse a UOL Carros que a Construtora São José já tinha adquirido a fábrica, que encerrou suas atividades no ano passado.
A informação foi originalmente publicada pelo site "Infomoney".
Na ocasião, Morando disse ter recebido a informação de Mauro da Cunha Silvestri, sócio-diretor da construtora, segundo o qual o negócio foi fechado por cerca de R$ 550 milhões.
UOL Carros entrou em contato com a construtora, mas ainda não obteve retorno.
O prefeito afirmou que o imóvel terá de ser utilizado para atividades industriais ou de logística, como determina o Plano Diretor da cidade.
"Já informei o governador [João Doria] sobre a venda. Recebi da Construtora São José a informação de que o foco principal é buscar uma montadora para utilizar as instalações mediante contrato de aluguel. A parte do terreno que restar seria utilizada como centro logístico".
"Acende uma esperança. Nossa preocupação principal é de que a área seja utilizada como polo gerador de empregos", complementa.
A Ford anunciou em fevereiro do ano passado que fecharia a unidade ao longo de 2019, como parte de um ajuste global das operações da empresa.
A fábrica, que produzia o Fiesta e a linha de caminhões da Ford, encerrou as atividades no fim de outubro. Cerca de 1,8 mil funcionários foram demitidos.
Desde então, surgiram diversos rumores sobre potenciais compradores, incluindo a Caoa e a chinesa BYD, que, no entanto, até hoje não foram confirmados.
Mediação de Doria
Apenas alguns dias após a montadora anunciar o fechamento da fábrica, Doria convocou uma coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, acompanhado por Lyle Watters, o presidente da Ford na América do Sul, para dizer que buscaria um comprador para as instalações.
Na ocasião, o governador afirmou que trabalhava para encontrar uma solução de mercado junto à Ford com o objetivo de preservar os postos de trabalho.
Alguns dias depois, ele disse que que havia três empresas interessadas em fechar negócio. Na mesma época, a Caoa confirmou interesse nas instalações do ABC. Em maio, Doria declarou que esperava tornar pública uma definição dentro de 15 dias - o que não se confirmou.
No início de setembro de 2019, ele marcou outra coletiva na sede do governo paulista para anunciar oficialmente a intenção de compra da fábrica pela Caoa, acompanhado novamente de Watters, do prefeito Orlando Morando e de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, chairman do Grupo Caoa.
Na mesma entrevista, nova data para um desenlace: o negócio seria concluído dentro de 45 dias, prometeu. Mais uma vez, a estimativa não se tornou realidade.
A "novela" da compra da Ford pela Caoa chegou ao fim em janeiro deste ano, quando João Doria admitiu o fracasso nas negociações.
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