Fiat Tempra único recupera interior bege que 'deu ruim' há 24 anos
Veículos com interior claro ou bege estão em alta. Há mais de duas décadas, porém, essa tonalidade não era tão comum - principalmente entre carros nacionais.
Em 1996, o Fiat Tempra ganhou a opção de bancos e revestimentos de couro bege para a versão topo de linha Stile. Disponível sob encomenda, o item durou pouco tempo e saiu do catálogo no ano seguinte.
De acordo com o colecionador Alexandre Badolato, dono de um Tempra Stile 1996 que acaba de ser restaurado, o motivo foi a má aceitação dos clientes: o revestimento ficava encardido com alguns meses de uso.
"O couro bege do Tempra não tinha impermeabilização adequada e manchava por conta da umidade. Em 1997, a Fiat voltou a oferecer bancos de couro exclusivamente na cor preta", conta o empresário paulista.
Responsável pela restauração, Rafael Lourenço Rodrigues Souza diz que Tempra com interior bege é "mosca branca".
"O único com bancos beges originais rodando no Brasil é o do Badolato. Existe outro, mas virou sucata", crava Souza, entusiasta e pesquisador da história do Tempra.
Além de reformar o Stile 1996, ele também ajudou a garimpar o carro - que talvez seja o Tempra mais raro do Brasil.
Badolato adquiriu o sedã há cerca de um ano e meio em Brasília (DF). Quando fechou negócio, o carro trazia interior de couro preto. Porém, o colecionador teve acesso a fotos tiradas do Tempra recém saído da concessionária, na capital federal. As imagens mostram o veículo com interior bege.
Restauração na garagem de casa
Rafael Souza esclarece a história: o Tempra Stile 1996 na cor vermelha Alpine pertencia a um funcionário da embaixada do Togo, que encomendou os assentos beges e adquiriu o veículo zerado.
"Menos de um ano após a compra, o couro ficou manchado. Foi então que o dono solicitou a troca por couro preto. A Fiat fez o serviço dentro da garantia".
Souza reformou o Stile de Badolato na garagem de casa, em Catalão (GO).
Na restauração, que durou um ano e dois meses e demandou 634 horas de trabalho, o veículo recuperou o acabamento original bege. Na avaliação do atual proprietário, o serviço foi executado com "precisão" - deixando o Fiat "como zero-quilômetro" e, claro, exibindo o raro interior de couro claro.
Engenheiro mecânico especializado em desenvolvimento de produto, Rafael Souza tem um Tempra Turbo 1995, que também restaurou em casa.
"O Tempra não é muito valorizado por colecionadores no Brasil. Para mim, não tem preço. Minha ligação com ele é afetiva. Meu pai, que faleceu em 2011, teve um entre 1998 e 2003 que eu tive a oportunidade de dirigir. Ainda sonho em encontrá-lo para reformar. Já sei a cidade onde o carro está".
Alexandre Badolato destaca que o Tempra foi barato para comprar, mas precisou gastar quase quatro vezes mais na restauração.
Turbo e bancos elétricos
O Tempra de Badolato traz todos os equipamentos disponíveis quando foi lançado.
Além do interior bege, conta com itens de luxo, raros para o seu tempo: ar-condicionado digital, bancos dianteiros com ajustes elétricos, sistema de som original com disqueteira e a cereja do bolo: o motor 2.0 turbo de oito válvulas, capaz de render 165 cv de potência e 26,5 kgfm de torque, gerenciado pelo câmbio manual de cinco marchas.
"Deu trabalho para achar todas as peças necessárias. O Tempra brasileiro traz mecânica do Lancia Delta Integrale de primeira geração, monobloco do Fiat Regata argentino e carroceria do Tempra europeu. Só não tem tração nas quatro rodas, como o Lancia", explica Souza.
Ele lembra que aproveitou as férias na Itália para encontrar componentes e recorreu a um amigo que viajou para a Europa a fim de adquirir outras peças.
"Retifiquei o motor de acordo com as especificações originais, enquanto o trabalho de funilaria e tapeçaria foi terceirizado. Para deixar a cabine do jeito certo, recorri a fotos de época e a um catálogo do carro".
Souza, que trabalha em uma montadora, aproveitou os cerca de dois meses de parada, por conta da pandemia do coronavírus, para finalizar o projeto.
"Consegui montar todo o carro entre abril e maio. Posso dizer que ele é filho da quarentena", brinca.
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