Que fim levaram as três fábricas da Ford fechadas em São Paulo
Resumo da notícia
- Marca já teve três fábricas na região metropolitana de SP
- Primeira fábrica ocupava imóvel no Bom Retiro que ainda existe
- Antiga planta Ipiranga foi demolida para dar lugar a shopping center
- Complexo de São Bernardo foi vendido a construtora neste ano
A Ford passa por um momento delicado no mundo, e é claro que o Brasil também é atingido.
Em meio a uma grande reestruturação de sua operação por aqui, que inclui o fim de modelos consagrados (como Focus e Fusion) e a mudança de foco em SUVs e picapes, a empresa anunciou em fevereiro de 2019 que fecharia sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP).
As atividades foram interrompidas definitivamente em outubro daquele ano. Começava um impasse que só seria resolvido (parcialmente) em junho deste ano, quando a empresa anunciou a venda do local para a Construtora São José.
O terreno deve ser repassado para outra montadora ou então será sede de um centro logístico.
Seja qual for o destino do local, a decisão selou uma triste coincidência na história da Ford. Afinal, com o fim dos trabalhos em São Bernardo, a empresa já acumula três fábricas fechadas no estado de São Paulo desde sua chegada ao Brasil.
O começo no Bom Retiro
A primeira fábrica da Ford em São Paulo também foi a primeira fábrica de automóveis do país. Presente no Brasil desde 1919, a fabricante começou a montar automóveis por aqui dois anos depois.
Do belo prédio projetado por B.R.Brown, engenheiro norte-americano que assinou o projeto da fábrica da Ford em Highland Park (Estados Unidos) saíam exemplares do Modelo T, o carro mais popular da história da Ford e um dos mais icônicos da indústria automotiva mundial.
Logo os carros da Ford já dominavam a paisagem da capital paulista nos anos 1920. Segundo informações do site "São Paulo Antiga", os 124 funcionários da empresa produziam 4.700 automóveis e 360 tratores por ano, um ritmo bastante frenético para a época.
É por isso que, em 1927, a Ford adquiriu um terreno na Vila Prudente. A intenção era construir uma fábrica muito maior para produzir automóveis de passeio, tratores e caminhões.
Assim, o ritmo de trabalho na fábrica da Rua Sólon, no bairro do Bom Retiro, foi caindo até a produção ser encerrada com a inauguração da nova fábrica, que ficava nos arredores do Ipiranga.
Ao contrário da maioria das antigas construções, o imóvel ainda existe e até pouco tempo atrás sediava o estúdio do YouTube Creators.
O auge no Ipiranga
Batizada informalmente de Ford Ipiranga, a nova fábrica foi inaugurada na Vila Prudente em 1953.
Lá eram produzidos automóveis, tratores, caminhões e chassis de ônibus. Inicialmente os veículos eram importados e montados aqui, mas isso mudou no final da década de 1950, quando o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, começou a incentivar o crescimento da indústria automotiva nacional.
Depois de lançar veículos pesados (incluindo o primeiro caminhão médio movido a diesel feito no país) e as picapes da linha F, a Ford finalmente começou a produzir seu primeiro automóvel no Brasil.
Lançado em 1967, o Galaxie 500 se tornaria referência no segmento de luxo nos anos seguintes. No mesmo ano, a empresa assumiu o controle da Willys-Overland do Brasil. Isso abriu as portas para a produção de vários modelos da marca recém-adquirida, como os sedãs Aero Willys e Itamaraty.
Com o passar dos anos, a fábrica passou a produzir caminhões e picapes. Deixou de operar definitivamente entre 1999 e 2000, e sua produção foi transferida para o complexo da Ford em São Bernardo do Campo (SP). Parte do terreno que abrigava a fábrica hoje é ocupado pelo Mooca Plaza Shopping, inaugurado em 2011.
A mudança para São Bernardo do Campo
Foi a aquisição da Willys-Overland que fez a Ford ir para São Bernardo do Campo. A empresa norte-americana já tinha construído uma fábrica em 1947, bem no limite com a capital paulista.
Lá foram produzidos clássicos da indústria nacional, como o mundialmente famoso CJ-5, a Rural e até o Renault Dauphine, que era feito por aqui sob licença dos franceses.
Já sob o comando da Ford, a fábrica começou sua nova fase em 1967.
Além do Corcel, a empresa fez Maverick, Escort, Pampa e Del Rey por lá. Até modelos da VW foram produzidos em São Bernardo do Campo, fruto da fracassada aliança com a rival alemã firmada nos anos 80.
Após o divórcio da Volkswagen em 1996, a Ford nacionalizou a produção do Fiesta, cuja nova geração passou a sair da planta de São Bernardo. Nos anos seguintes, Ka e Courier também começaram a ser feitos por lá.
O triste fim
Em 2001, a Ford decidiu levar a produção de caminhões para o ABC Paulista, uma vez que os automóveis estavam sendo feitos na recém-inaugurada fábrica de Camaçari, na Bahia.
Enquanto Fiesta e EcoSport eram fabricados no Nordeste, São Bernardo produzia a segunda geração do Ka, que era feita sob a plataforma do antigo Fiesta e tinha peças do primeiro Ka.
Com o fim da produção do modelo, em 2013, a Ford decidiu nacionalizar o New Fiesta, que era importado do México desde 2010. Foi ele o último automóvel a sair da linha de montagem, em junho de 2019.
Depois de 52 anos, a fábrica de São Bernardo fechou as portas, e assim permaneceu até ser adquirida pela Construtora São José neste ano.
Bônus: fábrica de Osasco
A Ford também manteve uma fábrica em Osasco. Inaugurada em 1958, ela teve os primeiros fornos elétricos de indução da América do Sul. Lá eram produzidas ferramentas de estamparia e peças fundidas para veículos da Ford e de outras marcas .
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