Pneu cantando e ajuda em manobras: como é andar de carro dentro do shopping
Shopping center é um ambiente normalmente lotado, mas pegar trânsito em seus corredores é uma situação que ninguém imaginava ser possível seis meses atrás. Mas veio a pandemia de coronavírus e a necessidade de distanciamento social.
E o 'novo normal' provocou buscas por alternativas para que o comércio pudesse sobreviver. Uma destas novidades fez com que o mundo virasse os olhos para Botucatu, a 235 km de São Paulo, onde foi criado um 'drive-thru' inusitado para tentar reduzir o prejuízo dos lojistas.
A imagem é muito curiosa. Os veículos entram pelas portas, que já são largas o suficiente. Com faróis acesos, viram as esquinas e param nas lojas - onde motoristas retiram encomendas feitas previamente. Tem até carro "cantando" pneu "cantando" - mas não por trafegar em alta velocidade, mas por causa do piso escorregadio do shopping. Aliás, vale ressaltar que a circulação é controlada e não pode passar de 5 km/h.
Lojistas entram na onda e tentam "organizar o trânsito". No momento em que dava entrevista ao UOL Carros, uma lojista delas orienta um dos motoristas. "Oi, moço, não pode dar a ré aí", ela disse.
Milena Siqueira é gerente de um quiosque de bala a granel e também de loja de roupa infantil. Na sua opinião, a iniciativa de liberar os carros para entrarem no shopping é inusitada, porém, importante. "É algo novo para todo mundo. Nem todos têm loja no centro. O shopping fica longe de lá".
Na falta de regras ou fiscais de trânsito, a administração do shopping tenta organizar os carros. Eles afirmam que todo o local foi sinalizado para evitar acidentes e que os comerciantes receberam um treinamento.
E não é qualquer veículo que pode circular por essas novas "avenidas" e há uma triagem logo na portaria. Para poder entrar no shopping, a altura máxima não pode passar de 2 m e a largura permitida é de 2,3 m. Carros a diesel, com fumaça saindo pelo escapamento e ou motos estão vetados. E todos são vistoriados quanto à higienização.
Nem todos os visitantes curtiram. O metalúrgico Henrique José foi até o local no primeiro dia da novidade e preferiu não entrar. Ficou no estacionamento, alegando temer pela saúde e segurança de clientes e funcionários. "Imagina o monóxido de carbono. Lá dentro não tem como tirar o monóxido".
Outro risco apontado por ele seria o de derrapagens e deslizes dentro do shopping. "O piso não é apropriado. Esse negócio para mim está todo errado, tanto na segurança dos funcionários quanto na de quem vai lá comprar".
Já Renata Moreira, cliente antiga de uma loja de calçados e confecção, aprovou. Comprou uma bota pelo Whatsapp e foi buscar no início da noite. "Na entrada eles mediram minha temperatura, verificaram se eu estava de máscara, disseram que não poderia sair do carro ou passar de 5km/h. Estava muito bem sinalizado e foi tranquilo. Foi uma experiência diferente".
Gerente de uma loja de roupas em outra cidade, Renata avalia que se, tomados os devidos cuidados, nem mesmo a concentração de carros em um local fechado é um perigo. "Eles têm um controle de quantidade de carros. Não é como um lugar com vários carros funcionando ao mesmo tempo".
A administração do shopping também rebate a preocupação sobre a concentração de monóxido de carbono. De acordo com informações da assessoria de imprensa, o sistema de ar-condicionado é forte o suficiente para renovar o ar interno do shopping, que está funcionando em esquema de drive-thru de 11h às 20h.
Ainda ressalta que bombeiros do estabelecimento acompanham todo o trabalho e que a prefeitura deu aval para a iniciativa. Há ainda a obrigatoriedade do uso de máscaras para todos os motoristas e passageiros.
A novidade deve ganhar mais adeptos entre os lojistas nos próximos dias. No primeiro dia, foram 20 estabelecimentos participando do drive-thru. Não é permitido experimentar roupas, por exemplo. O consumidor só pode ir buscar o que comprou pela internet.
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