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GM chama 235.845 Celta e Classic após morte em carro sem recall de airbag

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/07/2020 16h59

O DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, informa que a General Motors formalizou hoje o recall de 235.845 veículos dos modelos Chevrolet Celta, anos 2013 a 2016, e Chevrolet Classic, anos 2013 a 2016.

Os proprietários dos automóveis convocados devem entrar em contato imediato com uma concessionária da marca para agendar a substituição do airbag do lado do motorista.

O atendimento, informa o departamento, começa no dia 5 de agosto e o tempo estimado do reparo, gratuito, é de uma hora.

A campanha preventiva foi instituída após UOL Carros noticiar, na sexta-feira passada, que o Celta 2013/2014 no qual o motorista morreu em janeiro, atingido no pescoço pelo fragmento do airbag do volante, não tinha recall para reparo do componente.

O condutor faleceu após bater na traseira de outro veículo, a relativa baixa velocidade, em Aracaju (SE). De acordo com a Polícia Civil do Sergipe, a perícia concluiu que o airbag, da fornecedora Takata, foi ativado e houve rompimento do insuflador, projetando o fragmento metálico.

Mais de 4 milhões de veículos de diversas marcas são alvo de recall somente no Brasil por conta de airbags defeituosos dessa fabricante e já existem duas mortes confirmadas no País.

Confira o chassi e a data de fabricação dos veículos convocados:

+ Chevrolet Celta
91.573 veículos

Modelos 2013 a 2016
Chassis de DG124288 a GG100849,
Produção de 22 de agosto de 2012 a 15 de abril de 2015

+ Chevrolet Classic
144.272 veículos

Modelos 2013 a 2016
Chassis de DB186193 a GR160004
Produção de 04 de julho de 2012 a 10 de junho de 2016

Segundo a GM, o serviço é necessário pois em caso de colisão, ocasião na qual o acionamento do sistema de airbag é esperado, constatou-se a possibilidade de falha do componente insuflador do airbag do volante do veículo. Devido a uma possível degradação do insuflador, o componente torna-se sujeito a romper-se. Caso isso ocorra, poderá haver a dispersão de fragmentos de metal de sua carcaça, podendo causar danos materiais, lesões físicas graves, ou até mesmo fatais, ao motorista e aos ocupantes do veículo.

A montadora alega que teve conhecimento a respeito do acidente ocorrido em Aracaju, em 15 de julho de 2020, decorrente de falha no airbag, que resultou na morte do consumidor que conduzia o veículo Celta.

A empresa afirma que entrou em contato com os proprietários do veículo, mas não teve sucesso até a presente data. Além disso, comunicou o início das investigações sobre a relação do acidente com o recall dos airbags da Takata, mas ainda não possui conclusões a serem apresentadas.

GM pode ser multada em mais de R$ 10 milhões

Acidente morte Chevrolet Celta 2014 Sergipe airbags mortais takata - Divulgação - Divulgação
Foto exibe fragmento do airbag defeituoso que atingiu pescoço do motorista e acabou matando-o em Aracaju
Imagem: Divulgação

No caso do veículo Celta no qual aconteceu o acidente fatal, o DPDC abriu averiguação preliminar em face da GM, com a finalidade de apurar o nível de diligência do fornecedor na adoção das medidas para mitigar os riscos relacionados ao dispositivo objeto de campanha.

Segundo Leonardo Marques, Coordenador-Geral de consultoria técnica e sanções administrativa, o DPDC está acompanhando o caso com atenção, especialmente tendo em vista que questões relacionadas à saúde e à segurança do consumidor são pontos de acompanhamento estratégico por organismos internacionais.

O caso se encontra em fase de averiguação preliminar, em que são levantadas provas e informações.

Caso ocorra a instauração de processo administrativo sancionador, é possível que seja aplicada sanção de multa em eventual decisão, se infrações aos direitos dos consumidores forem confirmadas. Neste caso, a sanção poderá superar R$ 10 milhões.

Recalls da Takata afetam mais de 4 mi de veículos

Acidente morte Chevrolet Celta 2014 Sergipe airbags mortais takata - Divulgação - Divulgação
Carro vermelho é o Celta que colidiu no veículo da frente; motorista do Chevrolet morreu
Imagem: Divulgação

O caso de Aracaju é o segundo confirmado com óbito causado pelos airbags da fornecedora no Brasil.

Em fevereiro passado, a Honda confirmou que o motorista de um Civic 2008 morreu após colidir o veículo no Rio de Janeiro. O veículo foi convocado para recall em 2015 para troca do insuflador do airbag no lado do motorista, mas o reparo não foi realizado.

"A perícia determinou que houve a ruptura anormal do insuflador do airbag da Takata, causando ferimentos que levaram à morte do motorista. Esta é a primeira ocorrência fatal provocada por ruptura do insuflador de airbag da fornecedora no Brasil", disse nota da montadora na época.

Segundo a Senacon, desde 2013 foram iniciadas aproximadamente 70 campanhas de recall envolvendo os airbags da Takata no País, em veículos de diversas montadoras. Estima-se que 4.008.574 foram afetados.

A estimativa da secretaria é de que a adesão às convocações para reparo ainda são baixas: 1.549.295 veículos foram reparados ou 38,6% do total. Ou seja: mais de 2,4 milhões de automóveis continuam rodando com airbags capazes de matar no País.

"As investigações sobre os veículos com airbags da Takata continuam ocorrendo, em razão da dificuldade de mapear todos os produtos defeituosos. Como as empresas continuam o trabalho de verificar os produtos afetados, muitos veículos antigos são objeto de recalls recentes", diz o DPDC.

O defeito nos airbags da Takata é sempre o mesmo: ao ser acionado, o airbag pode apresentar aumento da pressão interna do gerador de gás, rompendo-se e, consequentemente, lançamento fragmentos metálicos no interior do veículo.

A falha de fabricação levou a fornecedora de autopeças à falência e motivou o maior recall mundial de automóveis da história.

Em outros países, sobretudo nos Estados Unidos, a falha está associada a mais de 20 mortes e no Brasil há mais de 30 acidentes confirmados com automóveis defeituosos, com pelo menos 12 pessoas feridas, sem mencionar os óbitos. Os casos de acidentes com airbags da Takata no País envolvem três veículos da Toyota, sem vítimas, e os demais são de automóveis da Honda - sem contar o episódio do Celta.

Vítima de airbag participa de campanha da Honda:

Celta 2014 bateu na traseira de veículo no dia 20 de janeiro na Orla de Atalaia, em Aracaju (SE); fragmento de airbag matou motorista e carro não tinha recall