'Supercarro do Hitler': conheça o Mercedes que manteve recorde por 80 anos
O Channel 4, da BBC, veicula hoje o documentário "Supercarros de Hitler", na qual conta como o regime nazista estimulou e patrocinou a busca por recordes automobilísticos nos anos anteriores à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A produção aborda especialmente o período entre 1934 e 1939, durante o qual a Mercedes-Benz e a Auto Union, precursora da Audi, travaram uma disputa acirrada não apenas em corridas, mas na busca por recordes mundiais - usados pelo governo de Adolf Hitler e de Joseph Goebbels, seu ministro da Propaganda, para exaltar a excelência técnica alemã.
Nos intervalos das corridas, inclusive, os nazistas instituíram a "Semana da Velocidade", durante a qual as duas montadoras disputavam entre si para ver qual tinha o carro mais veloz, a borde de protótipos carenados, para favorecer a aerodinâmica.
As disputas mais épicas entre as duas marcas tinham ao volante os pilotos Rudolf Caracciola, da Mercedes, e Bernd Rosemeyer, da Auto Union.
Em 28 de janeiro de 1938, os dois se reuniram novamente para ver qual deles atingiria a marca de maior velocidade registrada em uma via pública.
A disputa aconteceu uma rodovia conhecida atualmente como A5, nos arredores de Frankfurt, na Alemanha.
Caracciola acelerou uma versão revisada do modelo W 125, que correu na temporada anterior e recebeu uma série de aprimoramentos. Equipada com motor 5.6 de 12 cilindros, a máquina teve a potência ampliada a 746 cv, com a instalação de um carburador adicional.
A entrada de ar frontal foi reduzida, para aprimorar o arrasto aerodinâmico. Os engenheiros da Mercedes-Benz colocaram 100 kg de gelo na dianteira a fim de resfriar o motor para a tentativa de recorde.
Rudolf Caracciola então atingiu 432,7 km/h.
A bordo do seu Auto Union V16 Streamliner, Rosemeyer foi para a pista para tentar superar a marca - ele já tinha conseguido chegar a 428,9 km/h.
Enquanto acelerava, no entanto, uma rajada de vento atingiu seu carro carenado e o piloto perdeu o controle. Após bater em um barranco, o veículo capotou e também atingiu árvores e um poste.
Rosemeyer morreu com apenas 28 anos, no auge da carreira, e até hoje existe um memorial em sua homenagem no local da colisão.
Dessa forma, o recorde de carro mais veloz em uma via pública ficou com a Mercedes e Caracciola.
A marca só foi superada quase 80 anos depois, em 4 de novembro de 2017, quando a Koenigsegg atingiu 445,5 km/h.
A Mercedes-Benz chegou a desenvolver, após o acidente fatal, um protótipo ainda mais ambicioso: o T 80, projetado por Ferdinand Porsche.
Mais parecido com uma aeronave do que com um automóvel, o T 80 trazia motor V12 de avião e foi projetado para gerar 2.000 cv e atingir a velocidade máxima de 600 km/h.
No entanto, o veículo, que até hoje está mantido no acervo da fabricante alemã, nunca foi concluído por conta da eclosão da Segunda Guerra em 1939.
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