Por que Brasil deve demorar para ter carros mais seguros e ecológicos
Por conta da pandemia do coronavírus, que levou ao fechamento temporário de fábricas e concessionárias, as montadoras instaladas no Brasil estimam para este ano uma queda na receita entre 30% e 40% ou algo entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões.
A queda histórica nas vendas e no faturamento levou as montadoras a iniciarem negociações com o governo federal na tentativa de adiar a implementação de limites mais rígidos nas emissões de poluentes e também de itens obrigatórios de segurança já previstos.
De acordo com a Anfavea, a associação das montadoras, a intenção é adiar para 2025 os novos limites de poluição para veículos novos, sejam eles leves ou pesados, cuja implantação está prevista para 2022 - conforme determina o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores).
Além disso, a entidade busca postergar a obrigatoriedade do teste de impacto lateral para a homologação de veículos zero-quilômetro, que será obrigatório para todos os modelos vendidos no Brasil, sejam nacionais ou importados, a partir de 1º de janeiro de 2023 - a regra, estabelecida pela Resolução 721/2018 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), já obriga a realização desse teste para novos projetos desde o início de 2020.
Equipamentos de segurança obrigatórios já em vigor, como controles de estabilidade e tração, cintos de segurança e apoios de cabeça em todos os assentos, bem como Isofix, não estão em discussão, informa a Anfavea.
UOL Carros confirmou que as negociações sobre um eventual adiamento estão sob coordenação da Casa Civil. Os ministérios da Economia e do Meio Ambiente também integram as tratativas.
Contudo, especificamente no caso de eventual adiamento da nova fase do Proconve, a decisão final caberá ao Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), um órgão colegiado, com integrantes da sociedade civil.
"Estamos em um momento crítico, entre 30% e 40% da receita esperada para 2020 simplesmente evaporaram. Nossa previsão de produção de aproximadamente 3 milhões de veículos para este ano caiu para quase a metade. Além disso, a pandemia paralisou os testes e o desenvolvimento de novas tecnologias para atender os novos requisitos de poluição justamente na fase mais crítica. O prazo ficou muito restrito", justifica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Moraes defende que, nas fases anteriores do Proconve, já houve diminuição de mais de 90% nas emissões veiculares e que as montadoras têm feito a sua parte.
"Não estamos reivindicando licença para poluir e vamos entregar a nova fase. Porém, trata-se de investimentos altíssimos e de tecnologias complexas. A cobrança sobre as emissões não pode recair apenas sobre os veículos novos. Há muito tempo temos cobrado um programa de inspeção veicular, que está inclusive previsto na legislação, e de renovação da frota", afirma o executivo.
Segundo a Anfavea, o gasto estimado para atender a nova fase do Proconve é de R$ 12 bilhões.
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