Nova gasolina deixa motor mais potente? Esclareça mitos e verdades
A nova especificação da gasolina, seja importada ou produzida no Brasil, passou a valer em todo o País no dia 3 de agosto, conforme determinação da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A nova gasolina agora tem necessariamente de apresentar massa específica mínima de 715 kg/m³ e octanagem 92, de acordo com a metodologia RON (research octane number ou método de pesquisa de octanagem).
Já a gasolina premium deve ter no mínimo octanagem RON 97.
A partir de janeiro de 2022, a octanagem RON da gasolina comum sobe para 93 - a Petrobras, responsável pelo refino de cerca de 90% da gasolina vendida no Brasil, adiantou-se e já produz a gasolina nessa especificação.
Esse novo parâmetro de octanagem, que é a resistência do produto à detonação, é "mais adequado às tecnologias de motores" mais recentes, de acordo com a Petrobras.
A terceira mudança é o ajuste na curva de destilação, termo técnico para dizer que a nova gasolina é menos volátil, proporcionando funcionamento mais uniforme do propulsor.
Porém, descontados os termos técnicos, muita gente tem dúvidas sobre a novidade. Esclarecemos mitos e verdades a respeito da nova gasolina.
Nova especificação vai causar alta nos preços
Mito. A Petrobras, de fato, informa que a nova especificação é mais cara de se produzir.
No entanto, Rogério Gonçalves, especialista em novos produtos da Petrobras e diretor de combustíveis da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), informa que a nova gasolina já está disponível na maioria das bombas desde o início deste ano.
"Muita gente não sabe, mas já está rodando com a nova gasolina há muitos meses", revela.
Portanto, se houver reajuste, será por outra razão.
Nova gasolina ajuda a identificar adulteração
Verdade. Rogério Gonçalves explica que isso acontece especialmente por causa de um novo parâmetro da gasolina: massa específica mínima de 715 kg/m³.
Quanto maior for a massa, maior será também a densidade energética, explica o especialista.
"A maioria das adulterações que aconteciam no Brasil com a gasolina antiga era por meio da adição de solventes e outras naftas leves, além de gasolina de baixa qualidade. Com esse parâmetro de densidade mínima, antes inexistente, a ANP poderá fiscalizar e controlar com maior eficácia a qualidade da gasolina".
Segundo a ANP, "a definição de densidade facilita a fiscalização" pelo fato de os aditivos ilegais justamente reduzirem a massa específica exigida.
"Os fiscais já têm o densímetro e vão conseguir medir a densidade no posto, de forma bem rápida. Não vai levar nem cinco minutos. Se a gasolina estiver fora da especificação, os fiscais já podem autuar o estabelecimento antes mesmo de levarem as amostras para o laboratório", diz a agência.
Nova gasolina deixa o motor mais potente
Mito. O engenheiro Gonçalves informa que, ao contrário do que muitos pensam, a nova especificação não proporciona potência ou torque acima dos valores máximos informados pela montadora para determinado modelo.
Porém, abastecer com gasolina de melhor qualidade pode, sim, proporcionar um funcionamento mais uniforme de motores abastecidos exclusivamente com o derivado do petróleo.
Já no caso de alguns automóveis flex, que entregam consideravelmente mais desempenho com etanol, a diferença relativa à performance com gasolina pode diminuir.
Vale ressaltar que motores mais modernos, como os dotados de turbo e injeção direta, são os mais beneficiados com a nova formulação.
Nova gasolina reduz o consumo
Verdade. Segundo Rogério Gonçalves, a nova formulação vai proporcionar uma redução de até 6% no consumo de gasolina, devido a fatores como maior massa específica, que pode ser traduzida como maior densidade energética.
Ou seja: com a mesma quantidade de combustível, obtém-se mais energia na comparação com a especificação antiga.
Porém, novamente, esse ganho será mais perceptível em motores mais recentes e dotados de tecnologia mais recente.
Nova gasolina diminui risco de danos ao motor
Verdade. Segundo Rogério Gonçalves, as discussões que levaram à alteração nas especificações do combustível derivado do petróleo tiveram início em 2017, justamente devido a relatos de usuários e até de montadoras apontando aumento no consumo e até quebra de motores de veículos novos.
"Começaram a aparecer muitas reclamações no mercado de usuários dando conta de elevado consumo. Ao mesmo tempo, montadoras passaram a reclamar de muitos casos de danos graves no motor, supostamente causados pela especificação inadequada da gasolina. A maioria causada por um fenômeno chamado de detonação, que pode até quebrar pistão".
Rogério Gonçalves conta que, a partir daí, foram analisadas amostras de combustível de veículos e criou-se uma comissão técnica encarregada de encontrar a origem do problema, em conjunto com montadoras e sistemistas e ANP.
"Constatamos que a octanagem segundo a metodologia RON, que é o parâmetro usado na Europa, apresentava octanagem baixa demais, ajudando a explicar parte dos problemas de consumo, além dos danos ao motor."
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