Volkswagen ID.3: andamos no carro elétrico "de entrada" da marca alemã
O "3" do Volskwagen ID.3 não é por acaso. Depois do Fusca e do Golf, a marca espera que o modelo seja o terceiro a ter um papel fundamental em sua história, marcando o início de uma nova era. ID, o terceiro, é o carro de entrada da nova família de elétricos da VW.
Não é tarefa simples. A linha de elétricos nasceu da necessidade de superar os erros do dieselgate e, de certa forma, recriar a VW. E, como marca generalista, o objetivo é tornar esse capricho descolado de segmentos de luxo em uma realidade acessível. Ou um elétrico familiar de uso diário, com volume de vendas.
No teste exclusivo da impressa especializada europeia em tempo de fronteiras fechadas pela pandemia de coronavírus, UOL Carros dirigiu o modelo que chega carregado dessa responsabilidade mais do que da própria energia elétrica. O ID.3, como mostraremos a seguir, tem todos os atributos para cumprir a tarefa que lhe foi imposta. Ou quase todos, a depender da realidade de cada mercado (oi, Brasil). Mas não coloquemos as células de íons de lítio à frente dos bois.
Dirigibilidade
O peso adicionado pela bateria é um dos primeiros problemas de um elétrico. Tradicionalmente, fabricantes comprometem muito da autonomia e do desempenho, e ainda acabam com um modelo pesado e lento.
A VW desenvolveu sistemas mais leves e compactos, além de compensar com uma boa dieta à base de alumínio, entre outras soluções. A direção ágil e dinâmica, bem como a posição de guiar, se assemelham muito ao que há de melhor na marca, o Golf.
Mérito também da disposição eficiente das células da bateria no assoalho, que desce o centro de gravidade do carro. A configuração joga o peso a favor da estabilidade e melhora a condução em estrada. Adicionalmente, o esterço do volante é o mesmo do compacto Up!, entregando conforto em manobras e no trânsito mais pesado. Boa dirigibilidade, check.
Desempenho
UOL Carros dirigiu o ID.3 por cerca de 200 km entre Hanover, no norte da Alemanha, e a sede mundial da VW, a Autostad (cidade do carro, em alemão), na cidade de Wolfsburg. O trajeto até a cidade onde nasceu a empresa misturou trechos urbanos e rodoviários.
O ID.3 saiu-se bem em ambas as situações, sem grandes picos de consumo da bateria. Os freios regenerativos são mais pró-ativos, mas não o suficiente para causar incômodo. Segundo a marca, o sistema atua de forma inteligente para reaproveitar o máximo de energia, se adaptando ao estilo do condutor.
O motor entrega 204 cv de potência. O torque é de 31.6 kgfm e, como em todo elétrico, tem praticamente 100% disponível na primeira triscada do acelerador. Ou seja, quase o tamanho e dirigibilidade do Golf, com punch GTI.
O ID. 3 se destacou nas arrancadas e, nas autobahns alemãs, as estradas com trechos sem limites de velocidade, manteve 150 km/h com entusiasmo. Segundo a VW, o modelo faz de 0 a 100 km/h em 7, 3 segundos. Bom desempenho, check.
Autonomia
Sim, sabemos, o motor elétrico é mudo por natureza e, não se tratando de um esportivo, a marca não inseriu qualquer simulacro. O isolamento acústico foi reforçado para evitar que sobressaiam outros barulhos externos, mas não há como não estranhar a ausência de um ronco. A altas velocidades, o motorista escuta apenas o ruído do veículo cortando o vento.
UOL Carros testou a versão com a bateria de tamanho intermediário, que promete decentes 420 km com uma carga. Há ainda uma opção de 550 km. O tempo de carregamento varia conforme a bateria, o tipo de estação e a corrente elétrica disponível.
Um box da VW para residências faz a recarga em 6 horas. A estação mais rápida na bateria de maior capacidade promete 290 km de autonomia após 30 minutos plugado. Boa autonomia, check.
Espaço
O desenho do ID.3, que combina doses equilibradas de ousadia e elegância, dispensa comentários. Futurismo sem exageros que têm mão do brasileiro Marco Pavove, chefe mundial de design da VW.
A cabine também é moderna, mas limpa e funcional, incluindo multimídia e quadro de instrumentos digitais e conectados. Arquitetura do interior é bem aproveitada. Embora com medidas de hatch médio, o espaço para as pernas é quase como no Passat. O porta-malas leva até 385 litros, com assoalho plano e compartimentos adicionais. Então, bom espaço, check.
Novidades
O head up display opera em dois níveis. Além da tradicional projeção de dados da viagem no primeiro plano, um sistema de realidade aumentada marca obstáculos, faixas laterais e distância do veículo à frente, trabalhando em conjunto com sistema de assistência ao condutor.
Com o GPS, o equipamento é capaz de projetar uma seta no meio da rua em que o motorista deve virar, tornando quase impossível pegar a saída ou fazer a conversão errada. A novidade, porém, é opcional e será oferecida como atualização para quem receber o carro agora - a finalização do sistema encontrou obstáculos adicionais quando as equipes de desenvolvimento trabalharam à distância devido ao coronavírus. O conjunto é parte da configuração "Tech", que é mais cara.
Faróis de alta capacidade que se adaptam a maior ou menor condição de luz, obstáculos e superfícies refletoras. O ID.3, por sinal, investe em mimos luminosos que "conversam" com o motorista. Por fora, faróis e lanternas fazem sequências específicas de movimentos e iluminação quando o condutor chega ou vai embora, a partir do reconhecimento da chave.
No interior, uma barra de LED entre o console central e o para-brisa complementa informações. Um azul piscando à direita para reforçar o aviso do GPS, uma luz vermelha para destacar o aviso de frenagem e por aí vai. Neste caso, há também a necessidade de um pacote extra, o "Light", o que exige discutir o último e não menos quesito: o preço.
Preço
Preço acessível, check? Na Europa, o ID.3 parte de 31 mil euros, o que o coloca na mesma faixa de concorrentes como Nissan Leaf (29.600) e Renault Zoe (32.240), com desempenho e espaço superior. Este é o preço da versão 1st, especial de lançamento, com a promessa de uma gama que vai de 29.990 a cerca de 50 mil, conforme a configuração.
Desta forma, o modelo preenche todas caixas. É divertido, prático e por um valor razoável para o atual estado da tecnologia que oferece, oferecendo uso real diário e familiar. Exceto no Brasil, onde o ID.3 não está previsto para ser vendido.
O volume que teria no país não passa nem perto da alta demanda já vista na pré-venda europeia. Enquanto países como Alemanha, Noruega, China e EUA serão prioridade, o Brasil simplesmente não justifica o investimento de uma fabricação local.
A importação e a realidade do mercado local, por sua vez, resultariam em um valor que implode o quesito preço acessível. Assim, no Brasil, a família ID cumpre meia missão. Não será restrito ao segmento de luxo, mas entrará no jogo já com o intermediário ID.4, o SUV da família, onde a matemática, segundo a marca, faria mais sentido: comporta uma tabela mais elevada e é uma categoria de carroceria há tempos aquecida.
**Viagem a convite da Volkswagen
**A reportagem respeitou a distância social de 1,5 metro e o uso de máscara em locais fechados, conforme estabelecido pelas autoridades de saúde alemãs, durante todo o teste
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