Veículo 4x4: saiba como usar para não ficar parado como Toro de test-drive
Resumo da notícia
- Tração 4x4 deve ser utilizada apenas em pisos de baixa aderência
- Pneus fora-de-estrada também são indicados em incursões mais radicais
- Cautela e calma são essenciais ao transpor áreas alagadas
Nos últimos dias, um test drive realizado com uma Fiat Toro 4x4 ganhou destaque nacional por um motivo inusitado. Tudo aconteceu porque a picape teria sido danificada após uma tentativa de atravessar um córrego em Capitólio (MG).
A empresária Monica Soares Siqueira foi condenada pelo TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) a arcar com os custos do reparo do veículo, cujo motor teria sofrido calço hidráulico - que ocorre quando a água entra no propulsor e 'trava' componentes como os pistões.
Em meio à repercussão causada pelo episódio, UOL Carros procurou especialistas para desvendar os 'segredos' da tração 4x4 - e como tirar melhor proveito do recurso.
Cuidado com a profundidade
Dificilmente vamos saber se o tal córrego de Capitólio realmente pode ser atravessado "até por um Chevrolet Celta", como disse a filha de Mônica Siqueira.
Seja como for, é importante lembrar de duas dicas: tentar descobrir a profundidade do local a ser atravessado e conhecer seu veículo.
"O ideal é sempre verificar a profundidade do local e saber qual é a capacidade de imersão do veículo. Aconselho atravessar a pé antes ou então esperar outro carro passar para ter certeza onde você vai", afirma Cacá Clauset, sócio-proprietário da TSO Brasil e piloto de rali.
A pressa, de fato, pode ser o maior inimigo do motorista ao transpor um trecho alagado. Até porque o veículo pode até ser capaz de passar pelo local sem grandes dificuldades.
"Na maioria das vezes os problemas acontecem por impaciência. O motorista pode acelerar em excesso na ânsia de superar o obstáculo, mas quando você tem maior aceleração, a água acaba subindo mais e pode entrar no motor", alerta Fabio Maggion, engenheiro responsável pelo planejamento de produto das marcas Mitsubishi e Suzuki.
"O segredo é andar muito devagar", completa Cacá.
No asfalto nem pensar
Existem dois tipos de carros com tração nas quatro rodas.
A maioria dos veículos são "part time", ou seja, contam com uma caixa de transferência de onde saem dois eixos-cardã e não têm diferencial central. Apenas quando o motorista aciona o mecanismo é que o veículo se torna um 4x4.
Já os carros full time (com tração 4x4 permanente) possuem um diferencial central que compensa a diferença de velocidade entre as rodas dianteiras e traseiras. O bloqueio do diferencial central aumenta a capacidade de tração e distribui a potência do motor de forma igual entre os eixos.
"Nos veículos part time, a tração 4x4 só deve ser utilizada em pisos com baixa aderência. Caso contrário, as chances de danos são grandes", diz Cacá.
E nem pense em ligar a tração nas quatro rodas em pisos de alta aderência, como o asfalto.
"O carro ainda 'avisa' de várias maneiras se você não desativar a tração 4x4 quando sair da terra para o asfalto. Neste caso pode ocorrer um desgaste acentuado da corrente do 4x4 ou até a quebra de caixa de transferência", diz Maggion.
Pneus certos são essenciais
É claro que não basta ter um veículo com tração 4x4 sem pneus adequados para sair do asfalto.
"Os pneus são como nossos calçados. Pense que, se você calçar um sapato social em uma grama molhada, as chances de escorregar são grandes", compara Cacá.
João Scalabrin, supervisor comercial de desenvolvimento de produto da Continental Pneus (que tem a marca General Tire, voltada para pneus off road), conta que o desenvolvimento de um pneu off road é muito mais complexo do que se imagina.
"O desafio principal é desenvolver uma banda capaz de obter tração em pisos com baixa aderência. Existem diferenças nas alturas dos sulcos (que são muito mais profundos e capazes de expulsar a lama), nos compostos empregados nos pneus e na estrutura interna reforçada para maior resistência".
Resumindo: não há necessidade de calçar seu SUV com pneus de uso lameiro se você encara, no máximo, uma estrada de terra batida aos finais de semana. Mas também será difícil vencer atoleiros com os pneus originais de fábrica.
"Um pneu de uso off road gastará muito mais combustível rodando no asfalto. Da mesma maneira, um pneu de asfalto aplicado no off road não entregará a segurança necessária para o condutor, sem contar a possibilidade de sofrer abrasões e picotamento em pisos com excesso de cascalho e pedregulhos", conclui Scalabrin.
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