Mito ou verdade? Por que carros franceses têm fama de serem caros de manter
Resumo da notícia
- Falta de peças e reparos complexos mancharam reputação das francesas nos anos 90
- Hoje, Citroën, Peugeot e Renault possuem fábricas no país e bons serviços de pós-venda
- PSA quer apagar 'má fama' com programa de recompra garantida 'Just Drive It'
Brasileiro adora dar rótulo para tudo - e não seria diferente com os carros. Os alemães são robustos, os japoneses têm fama de quase inquebráveis e os italianos exalam esportividade.
Foi assim que as marcas francesas ficaram famosas pelos veículos caros de se manter. Mas como essa fama se construiu?
Citroën, Peugeot e Renault desembarcaram no Brasil com a reabertura das importações em meados dos anos 90. Depois, todas ergueram fábricas no país entre o fim da década de 1990 e o começo dos anos 2000. Mesmo assim, a fama de manutenção custosa persiste.
Cadê as peças?
Grande parte dessa má reputação vem justamente do tempo em que os modelos eram importados para cá.
A maioria deles passava por pouco ou nenhum tipo de "tropicalização" - nome dado ao processo de adaptações realizadas em veículos feitos fora do país para suportar peculiaridades do nosso país, como as más condições das estradas ou a mistura precária do combustível nacional.
Assim, era natural que sofressem com problemas de durabilidade e falhas mecânicas.
Além disso, os carros franceses mais luxuosos sempre vieram lotados de itens tecnológicos para seduzir o consumidor. Quer um exemplo? A suspensão hidropneumática da Citroën, que foi lançada em 1955 no clássico DS e chegou ao país em modelos como o XM e o Xantia, este um dos importados mais desejados dos anos 90.
"Os carros da Citroën costumam apresentar maiores problemas na parte eletrônica, seguidos pelos modelos da Peugeot e os da Renault. Na linha de veículos premium também vejo a Renault um degrau acima do grupo PSA", opina Edson Hashimoto, proprietário da oficina Auto Company.
Possíveis quebras e avarias (passíveis de acontecer em qualquer carro, diga-se) resultavam em outro problema recorrentes em marcas importadas no começo de suas operações: a falta de peças de reposição.
Sem uma logística apropriada e com poucas peças em estoque, muitos clientes ficavam a pé por semanas e até meses. E assim os carros ganharam fama de difíceis (e caros) de manter, fazendo os preços despencarem no mercado de usados.
E hoje?
Atualmente, a situação é diferente de algumas décadas atrás. Primeiro porque, como já dissemos, todas as montadoras de origem francesas fabricam a maioria de seus carros no país.
Além de estarem estabelecidas há anos por aqui, elas possuem uma infraestrutura de pós-venda muito superior a dos tempos de importação.
Outro ponto que pesa a favor é que Citroën, Peugeot e Renault utilizam componentes feitos por grandes fabricantes de autopeças. A maioria das transmissões automáticas são fabricadas por empresas como a japonesa Aisin, que também fornece câmbios para marcas como Jeep, Fiat, Toyota e Volvo.
A linha de motores THP, amplamente utilizada nos modelos do grupo PSA, foi desenvolvida em conjunto com o grupo BMW, que por muito tempo empregou o conjunto nos carros das marcas BMW e MINI.
Isso sem contar o caso da Renault, que desde 1999 possui uma aliança com a Nissan - a Mitsubishi entrou para o grupo em 2016 após ser adquirida pela então rival e conterrânea.
Além de desenvolver vários projetos em conjunto, elas também compartilham motores e diversos componentes. Basta lembrar que o câmbio CVT do Kicks pode ser encontrado em modelos como os Renault Sandero e Duster.
Tentando reverter o jogo
As marcas francesas sabem da importância de apagar a má fama.
A Peugeot investe pesado nisso, tanto é que acaba de lançar um programa de financiamento chamado "Just Drive It".
Nele, o cliente realiza o financiamento e, ao fim das 30 parcelas, tem a recompra por 100% do valor da tabela Fipe. Assim, a empresa afirma que "seu carro será vendido por um valor suficiente para quitar o valor residual do primeiro financiamento e ainda pagar a entrada do financiamento de seu próximo Peugeot zero-quilômetro", se assim desejar.
Existe ainda a possibilidade de permanecer com seu veículo, dividindo o valor residual em 12 vezes.
Além disso, a marca oferece um pacote de serviços que podem ser diluídos nas parcelas do financiamento. Entre eles está o pagamento das três primeiras revisões, serviço de despachante (inclusive IPVA), seguro e plano de estética automotiva, com direito a reparos de pequenos amassados e danos superficiais.
O "Just Drive It" está disponível para os modelos 208, 3008 e 5008.
No passado, a marca já havia criado um programa chamado "Total Care", no qual prometia não cobrar nada caso o cliente não ficasse satisfeito com o serviço.
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