Carroças motorizadas: como projeto planeja ajudar catadores de recicláveis
Pensando em levar melhores condições de trabalho e mobilidade aos catadores de materiais recicláveis, a ONG Pimp My Carroça, de São Paulo, criou o projeto "Carroças do Futuro", que busca desenvolver modelos de carroças e triciclos motorizados para esses trabalhadores, deixando de lado as velhas carroças ou carrinhos puxados pela força humana.
Segundo levantamento da ONG, esses trabalhadores chegam a carregar até 300 quilos de materiais, em jornadas de até 12 horas, todos os dias. Com a criação desses novos veículos, o trabalho seria menos braçal e mais movido a energia. O motor elétrico usado nas carroças e triciclos pode ser recarregado em tomadas comuns e tem entre seis e oito horas de duração.
As carroças podem chegar a 5 km/h e os triciclos, a 40 km/h, levando mais mobilidade ao catador. O veículo maior é indicado para as grandes cidades, devido aos terrenos irregulares dos grandes centros, enquanto os triciclos se adaptam melhor a municípios com menos alterações de relevo, mais planos.
Tanto a carroça elétricas quanto os triciclos possuem itens de segurança como pisca alerta, faróis, retrovisores e buzina. Eles também são equipados com um gerador de energia solar para carregar aparelhos celulares e até uma caixa de som. A estimativa é que cada catador gaste entre R$ 10 e R$ 12 por mês para carregar o motor.
Segundo a ONG, três exemplares dos veículos já foram doados e começaram a circular. No mês passado dois catadores da capital paulista e a cooperativa de catadores Cooperben, localizada em Guarujá, no litoral de São Paulo, receberam triciclos elétricos.
Desde então, representantes do projeto têm acompanhado esses catadores de perto, para ver a funcionalidade dos triciclos e analisar quais aprimoramentos eles precisam, antes de produzi-los em larga escala.
"Nesse primeiro momento os catadores relataram que os veículos contribuem para um menor esforço físico na realização das atividades de coleta e agilidade no tempo de trabalho. Eles também indicaram que o modelo atual dos triciclos, apesar de ajudar no trabalho, possui capacidade de carga menor do que carregam atualmente, que é de 400kg em média, e os triciclos suportam apenas 180kg", explica Adriane Andrade, coordenadora do projeto.
Além dos triciclos, uma carroça elétrica também foi desenvolvida e testada por catadores. O primeiro protótipo foi criado em parceria com o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - e está sendo aprimorado.
"No caso da carroça elétrica, o primeiro modelo foi testado por catadores e estamos realizando ajustes. As carroças terão capacidade de carga entre 400 a 500kg, atendendo melhor a carga que os catadores utilizam", explica Adriane.
A meta, segundo a ONG, é que no próximo ano os veículos estejam com todas as alterações finalizadas e passem a ser produzidos em larga escala, chegando a mais coletores de materiais de recicláveis.
"Estamos aprimorando as versões dos protótipos e desenvolvendo um plano de negócios para dar escalabilidade. Para 2021 pretendemos estabelecer parceria com mais investidores para ampliarmos o projeto e conseguirmos impactar de maneira positiva nas condições de trabalho, renda e qualidade de vida de um número maior de catadores", diz a coordenadora do projeto.
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