Como VW Zé do Caixão ganhou motor V12 de BMW e virou uma 'cadeira elétrica'
Têm circulado nas redes sociais fotos e vídeos de um Volkswagen 1600, o Zé do Caixão, equipado com motor V12 "emprestado" de um BMW.
São 326 cv de potência, muito mais do que os modestos 60 cv do modelo original.
O projeto seria o primeiro e único exemplar do 1600 com 12 cilindros no mundo e nasceu há cerca de dois anos, sob encomenda de um colecionador de Campinas, no interior paulista.
Quem conta a história é Juliano Luchesi, sócio da oficina Free Style Projetos Especiais, de Valinhos (SP), que se encarregou da maior parte da transformação. Segundo ele, o Zé do Caixão anabolizado nunca rodou até hoje - e isso é uma boa notícia.
"Temo que se envolva em acidente. Como está, é uma verdadeira 'cadeira elétrica'", diz Luchesi, sócio da oficina especializada em construir hot rods ao lado pai, Luis Luchesi.
Juliano explica o motivo do temor:
"O proprietário faz questão de manter a aparência totalmente original, incluindo as rodas de Fusca e os pneus diagonais, que mal sustentam o veículo parado. Em uma rodovia, a gente acredita que esses pneus vão se desprender na primeira freada, ainda que tenhamos alargado as rodas", relata o sócio da oficina.
Juliano destaca que o conjunto de rodas e pneus não dá conta de lidar com a potência e o peso muito maiores. Ele estima que hoje o Zé do Caixão tenha cerca de 1,4 tonelada, muito mais do que os 850 kg que ele tinha ao sair da fábrica, na década de 1960.
"Somente o motor e o câmbio automático, retirados de um BMW 750i 1996 que o dono adquiriu para doar componentes, pesam mais de 300 kg. Esse é um carro mais para exposição do que para acelerar. Vamos ser sinceros, o Zé do Caixão V12 tem criado todo um alarde, tem pessoas imaginando qual seria a aceleração de zero a 100 km/h. Eu deixaria apenas na imaginação".
Quanto à documentação do carro e se ele está regularizado para rodar em vias públicas, Luchesi enfatiza que isso é de responsabilidade do proprietário.
O sócio da Free Style revela que o VW 1600 não está mais em sua oficina e, quase pronto, foi entregue a outros mecânicos. A decisão foi do dono - tentamos contato por WhatsApp, mas até o momento ele não deu retorno às mensagens.
"Conseguimos fazer o motor funcionar, mas tivemos um problema com o acelerador eletrônico do 750i. A fiação estava deteriorada e o proprietário, que tem uma coleção de carros da Volks, resolveu levar o 1600 a outras oficinas. Soube que ele adquiriu outro BMW para fornecer as peças que faltam".
'Projeto audacioso'
Apesar das reservas já explicitadas, ele classifica o projeto, com custo estimado em torno de R$ 250 mil, como "audacioso". Juliano acredita que, com pneus e rodas adequados, seria possível deixar o VW 1600 "bem funcional" para andar com segurança - desde que a velocidade não passe muito de 120 km/h.
"Como exercício de engenharia, valeu para provar que é possível. Fizemos como o cliente pediu e temos de entender e respeitar suas preferências".
Juliano Luchesi detalha as modificações aplicadas no Zé do Caixão, que foi praticamente reconstruído.
Para começar, motor e câmbio do BMW foram instalados na dianteira, onde normalmente fica o porta-malas do VW antigo.
Luchesi diz que o dono do Zé do Caixão cogitou manter o motor boxer original, instalado na traseira, convivendo com o novo.
A ideia, no entanto, foi descartada.
Para abrir espaço ao V12 aspirado com 50 kgfm de torque, os bancos dianteiros foram recuados. A carroceria monobloco recebeu um chassi tubular, construído pela Free Style, para receber o conjunto de motor e suspensões.
As mudanças não pararam aí.
"A suspensão traseira do tipo multilink é original do 750i, que ganhou amortecedores de competição. A traseira recebeu suspensão importada com bandejas tubulares em formato de 'A' sobrepostas, da segunda geração do Ford Mustang".
O Zé do Caixão V12 também recebeu freios a disco e caixa de direção com assistência hidráulica.
"Por fora, você dificilmente nota todas as modificações aplicadas. Os mais atentos vão perceber a grade dianteira, que ajuda a resfriar o motor. É um verdadeiro 'sleeper'", diz.
O termo em inglês é usado para designar carros com preparação que aparentam ser totalmente originais. O que, diz Luchesi, era exatamente a intenção do cliente ao iniciar a empreitada.
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