Cinco erros que encurtam prazo de revisões e enchem o bolso do mecânico
Todo o automóvel vem acompanhado de um plano de revisões periódicas, realizadas em determinados intervalos de tempo ou quilometragem.
Porém, a forma de uso e a maneira como o carro é tratado podem encurtar bastante esses prazos e multiplicar os gastos com visitas à oficina mecânica.
O manual do proprietário de qualquer veículo já prevê uma situação na qual a revisão deve ser antecipada.
Isso acontece sob condição de uso severo, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas e empoeiradas e também dirigir a maior parte do tempo em baixas velocidades no trânsito congestionado, destaca João Irineu Medeiros, diretor de segurança veicular da AEA.
Trata-se de situações, por vezes inevitáveis, que acabam acelerando o desgaste de diversos componentes e reduzindo sua vida útil.
Porém, também existem hábitos errados, que podem ser facilmente corrigidos e têm a mesma consequência.
Um deles é não estar atento aos sinais que o próprio carro dá, informando que algo não vai bem.
"Quando um problema pequeno surgir, com ruídos, é sinal importante para dar uma olhada e verificar a causa. A solução pode ser um simples e barato reaperto. Porém, se o reparo foi protelado, o uso normal do veículo pode gerar outras consequências, na maior parte das vezes muito mais sérias e caras", alerta Erwin Franieck , mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE Brasil.
Medeiros acrescenta:
"Em geral, o brasileiro não tem o costume de ler o manual. Os carros são tão caros que vale a pena checar ao menos as orientações básicas de manutenção e condução. Algumas coisas aparentemente pequenas, com o tempo, acabam gerando grande prejuízo", diz o engenheiro.
Confira cinco erros comuns e evite-os.
1 - Ignorar buracos e lombadas
Esse é um dos abusos mais comuns que acabam pesando no bolso.
"Atravessar lombadas, valetas e buracos em velocidade excessiva compromete itens como batentes, coxins, molas e amortecedores", pontua João Irineu Medeiros.
Franieck complementa que não são apenas esses itens que sofrem nas mãos de motoristas descuidados.
"Desrespeitar limites de velocidade, em geral, é uma atitude crítica que pode ser muito danosa para itens como pneus, rodas, rolamentos, pivôs e todos os elementos de fixação na carroceria".
2 - Sobrecarregar sistema elétrico
De acordo com Erwin Franieck, a instalação de acessórios eletrônicos não homologados pela fabricante do veículo, sem que haja a necessária adequação do respectivo sistema elétrico, é um dos maiores vilões quando se trata da integridade de um automóvel.
O especialista destaca que equipamentos de som, alarmes e outros dispositivos podem demandar mais energia do que prevê o projeto do veículo.
Alguns desses acessórios continuam ativos mesmo quando o automóvel está desligado, agravando o problema.
O efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode "arriar".
Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências.
"Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes", alerta.
De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.
3 - Usar combustível de procedência duvidosa
Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer sempre em postos que oferecem os melhores preços.
Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.
Erwin Franieck orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.
Afinal de contas, gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.
"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular".
As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.
4 - Rodar sempre com o motor frio
O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.
Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.
"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal".
Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.
"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".
5 - Deixar o carro muito tempo parado
Automóveis foram feitos para rodar e, se permanecerem muito tempo desligados, uma série de componentes é deteriorada.
Dependendo do tempo de inatividade, os efeitos mais óbvios são a descarga da bateria e o esvaziamento e a deformação dos pneus.
Porém, problemas ainda mais graves podem surgir.
"Água e outros fluidos parados durante muito tempo no mesmo lugar aceleram processos corrosivos e contribuem para o ressecamento de borrachas, mangueiras e dutos em geral. É comum a corrosão formada dentro do tanque soltar resíduos que vão parar na bomba de combustível, danificando-a.
Além disso, o próprio combustível sofre degradação, tornando-se inadequado - a gasolina, por exemplo, dentro de cerca de seis meses já não é mais apropriada para uso.
"Se o veículo ficar sem utilização durante período prolongado, o ideal é ter alguém para rodar com ele ao menos uma vez por semana, inclusive para lubrificar rolamentos e componentes da suspensão que precisam se movimentar com regularidade".
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