Doação e improviso tentam salvar Opala SS reformado 'na unha' em sítio
Atualmente desempregado e com filho recém-nascido, Luciano Pucci dos Santos, de 29 anos, tem feito o possível para realizar o sonho de restaurar seu Chevrolet Opala SS 1975 "tigrado", com pintura amarela e faixas pretas.
Com grana curta, ele tem recorrido a peças doadas e improvisações enquanto "coloca a mão na massa" e recupera ele mesmo o clássico na garagem do sítio onde mora, em Itanhaém, no litoral paulista.
A missão é desafiadora: o clássico brasileiro, cobiçado entre colecionadores, já viu dias melhores. A carroceria tem vários pontos de ferrugem e está cheia de massa. Na dianteira, falta um dos faróis, enquanto as maçanetas e os retrovisores externos não são os originais.
Além disso, o motor de quatro cilindros não está funcionando e Santos ainda não sabe o quanto de IPVA, licenciamentos atrasados e multas terá de pagar para regularizar o carro e poder curti-lo com sua família.
Porém, nenhum desses problemas parece desanimá-lo.
"Sempre sonhei em ter. Quando era criança, um vizinho tinha um Opala marrom e eu só ficava admirando. Quero ver o meu rodando e bonito, nem que eu tenha de fazer tudo com as próprias mãos", relata.
Santos conta que tem conhecimentos básicos para a tarefa, pois já trabalhou como mecânico e também como auxiliar de pedreiro. Seu último emprego foi de ajudante geral em uma prestadora de serviços da Sabesp, do qual foi dispensado neste mês. Ele recebia salário de R$ 1,7 mil.
Com o dinheiro, conseguiu comprar o Opala por R$ 4 mil, parcelados em oito vezes de R$ 500.
"Recebia vale de R$ 600 e com ele paguei as prestações ao proprietário anterior. O dinheiro que sobrava eu ia investindo no projeto, que está apenas começando. Graças a Deus, nunca faltou dinheiro".
Luciano diz que suas ferramentas "quebram um galho" e ganhou da mulher, como presente de aniversário, uma máquina de solda, que está aprendendo a usar. Ela o tem apoiado na missão, diz.
O equipamento será importante para as tarefas que estão por vir.
"O Opala está bem acabado, com buracos na lataria. Para consertar a dianteira e a traseira, pretendo recortar uma folha de aço e moldar as peças à mão, com um martelo", explica.
Outras partes de funilaria, como assoalho, portas e os respectivos batentes, ele vai retirar de uma Caravan "doadora" que adquiriu por R$ 2 mil.
Para seguir com a reforma, Santos conta também com a ajuda de amigos. Para fazer o carro rodar, ele ganhou o motor de arranque de um camarada.
A prioridade é deixar o SS em condições mínimas para ser submetido à vistoria do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo).
Luciano dos Santos conta que a inspiração para tocar ele mesmo a reforma veio do pai, que perdeu aos nove anos de idade.
"Ele tinha uma Kombi Corujinha, era a paixão da vida dele. Foi vendida após ele falecer, pois minha mãe estava precisando muito do dinheiro na época. Antes da Kombi, ele teve também um Jaguar 1930, quando eu ainda era bebezinho. Esse carro estava bem acabado e meu pai o reformou inteiro, desde o motor até os frisos, que retirou de uma geladeira velha e adaptou".
Santos lembra que, ainda pequeno, acompanhava com o pai as transmissões corridas da Fórmula 1 e da Stock Car na TV.
Quanto ao seu Opala SS, os planos são de seguir com o projeto sem pressa. Eles incluem, quem sabe, trocar o motor de quatro cilindros pelo "seis canecos", mais forte.
"Hoje mesmo estou correndo atrás de uma furadeira. Vou fazendo devagarzinho".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.