Cadillac XT4: andamos no SUV de luxo que tem alma de "Equinox premium"
Hoje em dia é difícil escapar da tentação de entrar no segmento de SUVs compactos, até mesmo para as marcas premium. BMW, Audi e Mercedes-Benz sabem bem disso e cobrem essa necessidade não com dois modelos cada: um menor, perto de 4,45 m de comprimento (X1, Q3 e GLA, respetivamente) e outro com cerca de 20 a 25 cm a mais (X3, Q5 e GLC).
Quem entrou nessa briga nos últimos tempos foi a Cadillac, que decidiu avançar com o seu próprio SUV compacto pensando no mercado europeu, com um comprimento total de 4,59 m. Chama-se XT4, que faz lembrar um velho conhecido dos brasileiros, o Chevrolet Equinox, em uma versão de luxo.
Junte-se a isso os códigos genéticos vigentes na Cadillac para assegurar uma imagem exterior imponente, de muita robustez e claramente diferenciadora do que existe na forte e dominadora concorrência germânica.
A marca premium do Grupo General Motors estreia uma nova arquitetura como base rolante para o XT4, que conta com suspensão dianteira independente do tipo McPherson e traseira independente de cinco braços em versões de tração apenas dianteira ou total.
No segundo caso existe um sistema de três embreagens, uma posicionada na frente para ligar/desligar a tração traseira, as outras duas atrás do diferencial traseiro, antes de cada um dos semi-eixos.
Novidade também é o sistema de frenagem com assistência eletrohidráulica (pela primeira vez em um Cadillac), em vez do habitual sistema de assistência por vácuo - que ajuda a reduzir peso, é importante na compatibilização com sistemas de assistência de direção, mas altera o tato do pedal do freio, requerendo alguma habituação por parte do motorista.
Outra estreia é o motor diesel da versão 350d que aqui dirigimos. Trata-se de uma unidade nova, totalmente feita em alumínio, com admissão variável, turbo de geometria variável e injeção direta.
Causa alguma surpresa o fato de, nesse momento em que carros a combustão parecem ter os dias contados, a marca americana aparecer com o seu primeiro modelo diesel em muitos anos.
Mesmo considerando que os SUV na Europa ainda têm uma porcentagem elevada de motores diesel, a Cadillac terá que usar este motor nos seus futuros modelos como CT4, CT5 ou o sucessor do XT5 em solo europeu para poder rentabilizar o investimento (ninguém faz um motor novo só para um veículo).
Mas, nesta altura, talvez fizesse mais sentido apostar na tecnologia híbrida plug-in, que é o que quase todos os concorrentes mais fortes estão fazendo. Esse bloco de 4 cilindros, com 174 cv e 381 Nm (valores inferiores aos dos seus três mencionados rivais diretos alemães), está acoplado a uma caixa automática de 9 velocidades.
No interior do XT4 se nota um progresso geral, existindo acabamentos melhores, bancos muito convincentes com revestimento em pele, mas subsistem alguns plásticos de menos qualidade que prejudicam a impressão final (em um carro premium, claro). E se isto é verdade em termos absolutos, o caso piora bastante de figura para a Cadillac em termos relativos, comparando com o que existe em um Audi Q5, por exemplo.
Evolução muito positiva a do painel de bordo, com a tela central multimídia de 8 polegadas com aspeto moderno e um novo comando rotativo que facilita o controle geral das suas várias funções (a Cadillac usava um sistema tátil, quase sem botões, nada intuitivo e que tem os dias contados à medida que a gama atual de modelos é renovada).
Bom para um carro americano, razoável em um cenário competitivo europeu. O XT4 nascido no Kansas pode dispor de bancos dianteiros com função de massagem, podem ser todos aquecidos ou refrigerados, isto nas versões mais recheadas de equipamento, que também contam com uma útil projeção de informação no para-brisas e uma segunda muito nítida projeção de imagens (captadas pela câmara traseira) no retrovisor interior.
A visibilidade dianteira é francamente boa (para-brisas amplo e pilares dianteiros esguios) que, a par do teto panorâmico das versões de topo, torna o interior bem iluminado. Menos positiva a visibilidade traseira, prejudicada pelos pilares posteriores amplos e pelo óculo traseiro pequeno. A instrumentação mistura relógios analógicos com um visor central digital (uma configuração com mais de uma década de vida nesta indústria), mas pelo menos tem boa leitura e visibilidade.
O espaço para quatro ocupantes é bastante generoso, sendo de elogiar o comprimento para pernas para os passageiros traseiros. Um quinto ocupante da segunda fila terá que partilhar o espaço dos pés com um túnel central, algo que também afeta quem viaja atrás nos SUV alemães.
O porta-malas tem uma capacidade inferior ao dos principais concorrentes, ainda que possua formas geométricas facilmente aproveitáveis. Como é normal nesse tipo de carroceria, o rebatimento das costas dos bancos cria uma zona de carga totalmente plana e p porta-malas pode ser aberto/fechado de forma elétrica e remota.
Na parte dinâmica o cenário não melhora muito para o XT4 350d. O motor com rendimento relativamente baixo e a caixa com escalonamento longo fazem com que seja pelo menos três segundos mais lento no sprint de 0 a 100 km/h do que Q5 40 quattro, X3 xDrive 20d e GLC 220d 4Matic, ficando a velocidade de ponta 13 a 22 km/h aquém da alcançada por esses concorrentes.
A parte mais positiva é que a totalidade do torque fica disponível a um regime bastante baixo, ainda que em automóveis de câmbio automático essa seja uma questão menos relevante do que com transmissões manuais. E mesmo sendo este um propulsor novo, também não recebe aplausos pelo silêncio de funcionamento, podendo parte da responsabilidade ser do isolamento acústico carente de melhorias.
A direção, sem brilhar, por ser pouco comunicativa, encontra-se no mesmo plano aceitável da transmissão, razoavelmente rápida, mas bastante suave. A parte mais positiva da dinâmica tem a ver com o bom controle dos movimentos transversais da carroçaria, mas essa apreciada estabilidade não afeta o conforto, em bom plano.
No modo Sport (dos quatro disponíveis, Tour, Sport, AWD e Offroad) há mais torque enviado para as rodas traseiras, mas em termos de amortecimento - que pode ser eletronicamente variável - e de resposta de direção e acelerador/câmbio seria preferível ter uma maior diferença entre os diferentes programas. Para dirigir fora de asfalto há um programa próprio, mas não vale a pena pensar em fazer o Dakar com o XT4, cujas aptidões para o off road são apenas moderadas.
Ficha técnica
Cadillac XT4 350d AWD
Motor: quatro cilindros diesel
Potência: 174 cv/3500 rpm
Torque: 381 Nm/1500-2750 rpm
Velocidade máxima: 200 km/h
0-100 km/h: 10.6 segundos
Consumo médio: 6.9 l/100 km
Porta-malas: 637 litros
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