Como Gol GTI de Senna teve perda total antes de piloto encostar no volante
Atualmente, o Volkswagen Gol GTI é a bola da vez entre os clássicos nacionais, atingindo preços acima de R$ 200 mil.
Pouca gente sabe, mas o tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna teve um exemplar da primeira leva, com pintura azul Mônaco e entregue pessoalmente na fábrica da Volks em São Bernardo do Campo (SP).
Quem relembra a história é Ronaldo Berg, de 73 anos, que trabalhou durante três décadas na VW e supervisionou a preparação do esportivo antes de o carro chegar às mãos do ex-piloto, no início de 1989.
De acordo com Berg, o GTI foi um presente do Banco Nacional, então patrocinador de Senna, pela ocasião da conquista do seu primeiro título mundial, no ano anterior, correndo pela McLaren.
O engenheiro, que era gerente de assistência técnica de produto da empresa na época, relata que a Volks separou dois exemplares ao piloto, pois o primeiro teve perda total ao cair de um elevador sobre o próprio teto.
A intenção, segundo Berg, era entregar um GTI perfeito e diferenciado ao ídolo. Mas algo deu errado e quase houve uma tragédia.
"Fui até a fábrica de Taubaté (SP), de onde saía o Gol, para selecionar uma carroceria muito bem produzida. Esse veículo foi, então, levado para São Bernardo, onde já estava separado um conjunto de motor e câmbio especialmente para o Ayrton. Mesmo com a produção em série, alguns motores tinham mais potência. Fizemos medições e selecionamos o melhor exemplar que encontramos", diz Berg.
Para realizar a troca do trem de força, o Gol foi colocado em um elevador da Ala Zero, como era chamada a assistência técnica "VIP" da VW - encarregada da manutenção de veículos da frota interna e também de unidades pertencentes a clientes ilustres.
"Mecânicos removeram as rodas dianteiras e as colocaram no porta-malas. Na hora em que o motor e o câmbio originais foram retirados, o peso maior na parte traseira fez o GTI girar e despencar sobre o próprio teto. O carro não estava amarrado".
Ninguém se feriu e o jeito foi escolher outro Gol e repetir a operação. A unidade perdida teve o faturamento cancelado e outra foi faturada.
Na segunda oportunidade, nada de colocar as rodas no bagageiro. Além disso, dessa vez houve o cuidado de prender a dianteira e, assim, evitar mais problemas.
Dessa vez, deu tudo certo e o GTI zerado e reluzente estava pronto para ser entregue a Senna.
Conforme Ronaldo Berg, a entrega aconteceu no início de 1989 na fábrica do ABC paulista, com as presenças, além do próprio Ayrton, do seu irmão Leonardo e de Christian Schües, diretor de Relações Públicas da VW do Brasil.
Qual é o paradeiro do carro?
Berg não tem fotos do GTI de Ayrton e destaca que há cerca de dois anos antigomobilistas iniciaram uma busca ao paradeiro daquele que seria o Gol GTI mais cobiçado e valioso do mundo.
Em conversa com UOL Carros, o jornalista automotivo Douglas Mendonça diz que o hatch ficou cerca algum tempo com Leonardo Senna após a morte do irmão, em 1994.
Enquanto esteve com Leonardo, o veículo chegou a ser turbinado para entregar mais desempenho.
"Um amigo meu acredita ter localizado o GTI do Senna há alguns anos, quando o modelo ainda não era tão valorizado. Ao que tudo consta, embora não haja confirmação documental, esse carro estaria até hoje com um mecânico dono de oficina na Zona Norte da capital paulista", afirma Mendonça.
Segundo Douglas, seu amigo foi até a oficina com a intenção, frustrada, de fechar negócio.
Na ocasião, o mecânico disse que adquiriu o Gol diretamente de Leonardo Senna em 1996, já sem a turbina e todo original. O atual proprietário teria trabalhado com Ayrton no tempo em que ele corria de kart.
"Esse amigo ofereceu R$ 60 mil pelo GTI, quando um excelente exemplar custava em torno R$ 50 mil. A oferta foi recusada. O dono mantinha o carro em cima de um elevador para preservar as suspensões e disse que carro estava com cerca de 40 mil km no hodômetro".
Tentamos contato com Leonardo Senna para confirmar o relato, porém ainda não obtivemos sucesso.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.