Navio com 4.000 carros trocou compactos por SUVs pesados antes de tombar
Surgiu uma informação relevante para esclarecer a causa do naufrágio do navio MV Golden Ray, que tombou em 8 de setembro de 2019 na costa da Geórgia, menos de 30 minutos após deixar o porto de Brunswick com uma carga de 4,2 mil automóveis zero-quilômetro.
De acordo com investigações da Guarda Costeira, em uma parada anterior quase 300 veículos compactos, de modelos como Hyundai Accent e Kia Cerato, foram removidos para dar lugar a SUVs Kia Telluride - mais pesados e com centro de gravidade elevado, alterando assim o equilíbrio da carga do cargueiro com 200 metros de comprimento.
Daí, chegou-se à conclusão de que havia carga demais e contrapeso insuficiente no casco para manter o Golden Ray em pé. Desta maneira, quando o navio realizou uma curva fechada no estreito de Saint Simons, ele tombou devido à instabilidade. A diferença de peso dos modelos compactos para os SUVs posicionados no mesmo local era de cerca de 540 kg para cada veículo.
A análise conduzida pela Guarda Costeira dos EUA diz também que o Golden Ray descarregou pelo menos 1.500 toneladas métricas de lastro de água. Esse peso poderia ter impedido a inclinação da embarcação antes dela seguir rumo a Baltimore, que seria a parada seguinte.
No entanto, a conclusão completa da investigação do acidente - feita pela Guarda Costeira, pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, pelo Tribunal de Segurança Marítima da Coreia do Sul e outras partes - pode levar mais um ano para ser concluída.
A embarcação pertence à Hyundai Glovis, braço de logística do conglomerado dono das marcas automotivas Hyundai e Kia.
Operação complexa
A remoção do MV Golden Ray do local onde permanece tombado há mais de um ano, próximo ao porto de Brunswick e entre as ilhas de Saint Simons e Jeckyll, teve início no dia 6 de novembro, após uma série de adiamentos - causados por fatores como a temporada de furacões e a pandemia do coronavírus.
O resgate, que consiste em cortar o cargueiro em oito fatias, com os veículos ainda no seu interior, também tem enfrentado contratempos. A proa foi a primeira seção fatiada, revelando parte dos modelos que estavam dentro do navio.
Dentre eles, há Kia Telluride, Chevrolet Blazer e Equinox, GMC Terrain e outros SUVs da General Motors e da Mercedes-Benz. Também há picapes RAM.
Para recortar o MV Golden Ray, a Guarda Costeira e o restante do time encarregado da operação tem utilizado um guindaste capaz de içar 7,5 mil toneladas. O equipamento, chamado de VB-1000, também traz uma corrente com elos enormes que vai e volta, seccionando a estrutura metálica.
Foi montada uma barreira no entorno do navio para conter destroços e também materiais nocivos como gasolina, óleo lubrificante e outros fluidos contidos nos automóveis e que têm caído no mar.
Toda a tripulação foi resgatada com vida.
Carro ficou intacto após naufrágio
Finalizado há cerca de dez dias, o corte da primeira fatia do cargueiro MV Golden Ray revelou parte da carga.
Fotos impressionantes exibem dezenas de veículos retorcidos e bastante danificados. Porém, chamou a atenção o fato de pelo menos um deles aparentar estar intacto, ainda virado de lado e preso às cintas usadas nesse tipo de transporte.
Trata-se do carro branco no centro da foto acima, que ainda traz as películas de proteção aplicadas quando saiu da fábrica. Como toda a grade dianteira e boa parte do para-choque frontal estão cobertas, fica difícil identificar a marca e o modelo.
As imagens exibem picapes RAM, bem como SUVs da Chevrolet - fotos anteriores à operação de resgate mostram que a embarcação traz modelos como Tahoe e Suburban. O MV Golden Ray também teria veículos da Kia.
Mas qual será o destino do carro intacto e de outros que porventura tenham resistido ao naufrágio inteiros ou parcialmente preservados?
São grandes as chances de que o veículo utilitário branco e outros tenham sofrido danos durante o transporte da proa gigante para a terra firme ou posteriormente - há relatos de que alguns automóveis caíram no mar e foram em seguida retirados das águas.
Fato é que tanto o navio, pertencente à Hyundai Glovis, braço de logística da empresa sul-coreana, quanto a respectiva carga hoje pertencem a uma seguradora.
Pouco após o naufrágio, foi declarada perda total do cargueiro e dos carros no seu interior - as indenizações somadas chegam a algo em torno de US$ 160 milhões (R$ 822,4 milhões no câmbio de ontem).
As fatias do navio serão levadas para reciclagem em um estaleiro no Estado da Louisiana, enquanto a maior parte, senão a totalidade da frota de veículos nunca rodados irá ser desmontada para virar sucata.
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