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Por que corte de 2ª fatia de navio tombado com 4.000 carros não começou

Primeira fatia removida do cargueiro, proa exibe parte da carga de milhares de carros zero-quilômetros danificados no naufrágio há mais de 1 ano - Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound
Primeira fatia removida do cargueiro, proa exibe parte da carga de milhares de carros zero-quilômetros danificados no naufrágio há mais de 1 ano Imagem: Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound

Do UOL

Em São Paulo (SP)

15/12/2020 16h33

Após o corte da primeira fatia do navio MV Golden Ray, tombado em 8 setembro de 2019 na costa da Geórgia (EUA) com uma carga de mais de 4.000 carros zero-quilômetro, a remoção da segunda de oito fatias do cargueiro ainda não começou.

Enquanto o recorte da proa foi concluído em 26 de novembro, revelando parte dos carros destruídos no naufrágio, a retirada da popa tem apresentado um planejamento desafiador.

O navio-guindaste VB 10.000, encarregado de recortar o Golden Ray por meio de correntes de âncora, chegou a ser posicionado em torno do cargueiro de 200 metros, mas dificilmente voltará a entrar em ação antes do próximo fim de semana.

No momento, os responsáveis pela remoção trabalham para redefinir o sistema de amarração que mantém o guindaste estável durante as operações de corte e içamento, informa Michael Himes, porta-voz do comando unificado da Guarda Costeira. Peças desgastadas também estão sendo substituídas.

"Prevemos a necessidade de uma semana inteira para continuar essas operações", disse Himes.

"É um processo trabalhoso entre esses dois cortes, mas é necessário inspecionar os equipamentos, realizar manutenção e reparos críticos. E algumas das modificações que estão sendo feitas também têm o objetivo de nos fazer avançar em cortes futuros."

O primeiro corte também teve contratempos, com a corrente rompida e uma parada obrigatória devido à chegada de uma tempestade.

Os cabos de amarração para a estabilidade do VB 10.000 são presos a um sistema de quatro âncoras pesadas e três estacas. Duas das linhas de amarração ajudam a guiar o VB 10.000 de casco duplo quando ele se move para frente e para trás no Golden Ray.

"O que está acontecendo agora é que eles estão movendo os cabos de amarração, porque o VB 10.000 está se reposicionando. Ele tem de ficar preso no lugar", informa Himes.

Os trabalhadores já fizeram uma série de furos ao longo da linha de corte na seção de popa do Golden Ray para que o processo de corte seja iniciado.

SUVs teriam desequilibrado carga

Surgiu há alguns dias uma informação relevante para esclarecer a causa do naufrágio.

De acordo com investigações da Guarda Costeira, em uma parada anterior quase 300 veículos compactos, de modelos como Hyundai Accent e Kia Cerato, foram removidos para dar lugar a SUVs Kia Telluride - mais pesados e com centro de gravidade elevado, alterando assim o equilíbrio da carga do cargueiro com 200 metros de comprimento.

Daí, chegou-se à conclusão de que havia carga demais e contrapeso insuficiente no casco para manter o Golden Ray em pé. Desta maneira, quando o navio realizou uma curva fechada no estreito de Saint Simons, ele tombou devido à instabilidade. A diferença de peso dos modelos compactos para os SUVs posicionados no mesmo local era de cerca de 540 kg para cada veículo.

A análise conduzida pela Guarda Costeira dos EUA diz também que o Golden Ray descarregou pelo menos 1.500 toneladas métricas de lastro de água. Esse peso poderia ter impedido a inclinação da embarcação antes dela seguir rumo a Baltimore, que seria a parada seguinte.

No entanto, a conclusão completa da investigação do acidente - feita pela Guarda Costeira, pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, pelo Tribunal de Segurança Marítima da Coreia do Sul e outras partes - pode levar mais um ano para ser concluída.

A embarcação pertence à Hyundai Glovis, braço de logística do conglomerado dono das marcas automotivas Hyundai e Kia.

Operação complexa

navio tombado 4.200 carros Georgia MV golden Ray naufrágio resgate cargueiro - Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound - Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound
Equipe instalou alças gigantes no casco do navio para orientar corte e suspender as fatias
Imagem: Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound

A remoção do MV Golden Ray do local onde permanece tombado há mais de um ano, próximo ao porto de Brunswick e entre as ilhas de Saint Simons e Jeckyll, teve início no dia 6 de novembro, após uma série de adiamentos - causados por fatores como a temporada de furacões e a pandemia do coronavírus.

O resgate também tem enfrentado contratempos.

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Guindaste montado sobre duas plataformas flutuantes é responsável por fatiar navio com corrente de âncora
Imagem: Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound

Dentre do navio, há modelos como Kia Telluride, Chevrolet Blazer e Equinox, GMC Terrain e outros SUVs da General Motors e da Mercedes-Benz. Também existem picapes RAM.

navio tombado 4.200 carros Georgia MV golden Ray naufrágio resgate cargueiro - Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound - Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound
Funcionários ajustam corrente; elos são removidos à medida que corte avança para manter tensão ideal
Imagem: Divulgação/Equipe de resgate de Saint Simons Sound

Foi montada uma barreira no entorno do navio para conter destroços e também materiais nocivos como gasolina, óleo lubrificante e outros fluidos contidos nos automóveis e que têm caído no mar.

Toda a tripulação foi resgatada com vida.

Carro ficou intacto após naufrágio

navio tombado 4.200 carros Georgia MV golden Ray naufrágio resgate cargueiro - Reprodução/Barry Barteau/Facebook - Reprodução/Barry Barteau/Facebook
Veículo branco no centro da foto aparenta não ter sido danificado, mas destino deve ser cruel
Imagem: Reprodução/Barry Barteau/Facebook

Finalizado há cerca de dez dias, o corte da primeira fatia do cargueiro MV Golden Ray revelou parte da carga.

Fotos impressionantes exibem dezenas de veículos retorcidos e bastante danificados. Porém, chamou a atenção o fato de pelo menos um deles aparentar estar intacto, ainda virado de lado e preso às cintas usadas nesse tipo de transporte.

Trata-se do carro branco no centro da foto acima, que ainda traz as películas de proteção aplicadas quando saiu da fábrica. Como toda a grade dianteira e boa parte do para-choque frontal estão cobertas, fica difícil identificar a marca e o modelo.

As imagens exibem picapes RAM, bem como SUVs da Chevrolet - fotos anteriores à operação de resgate mostram que a embarcação traz modelos como Tahoe e Suburban. O MV Golden Ray também teria veículos da Kia.

Mas qual será o destino do carro intacto e de outros que porventura tenham resistido ao naufrágio inteiros ou parcialmente preservados?

São grandes as chances de que o veículo utilitário branco e outros tenham sofrido danos durante o transporte da proa gigante para a terra firme ou posteriormente - há relatos de que alguns automóveis caíram no mar e foram em seguida retirados das águas.

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Muitos carros foram cortados juntamente com o navio durante a operação; carga tinha seguro e houve perda total
Imagem: Reprodução/Barry Barteau/Facebook

Fato é que tanto o navio, pertencente à Hyundai Glovis, braço de logística da empresa sul-coreana, quanto a respectiva carga hoje pertencem a uma seguradora.

Pouco após o naufrágio, foi declarada perda total do cargueiro e dos carros no seu interior - as indenizações somadas chegam a algo em torno de US$ 160 milhões (R$ 822,4 milhões no câmbio de ontem).

As fatias do navio serão levadas para reciclagem em um estaleiro no Estado da Louisiana, enquanto a maior parte, senão a totalidade da frota de veículos nunca rodados irá ser desmontada para virar sucata.