Ferrari rara de príncipe vira barganha após enferrujar largada em quintal
Em maio passado, UOL Carros contou a história de uma Ferrari extremamente rara, que teve apenas 42 unidades fabricadas com volante no lado direito e já pertenceu a um príncipe saudita.
Na ocasião, o modelo 512 BBi 1983 permanecia 12 anos estacionado no quintal do respectivo dono, no interior da Inglaterra, exposto ao sol e à chuva. Apodrecia a céu aberto, literalmente - boa parte da pintura branca estava coberta por limo.
O motivo do abandono de um esportivo pouco produzido, com preço estimado acima de 400 mil libras (cerca de R$ 2,73 milhões no câmbio de ontem) em bom estado, era um mistério.
Porém, a Ferrari que um dia pertenceu à realeza e viveu anos de descaso acaba de ser resgatada pelo youtuber britânico Scott Chivers. Responsável pelo achado, ele conta que irá devolvê-lo à velha forma.
Chivers se especializou em garimpar Ferraris abandonadas por barganhas, para depois restaurá-las na garagem de casa e registrar todo o processo em seu canal "Ratarossa".
Neste ano, Chivers localizou no Iraque uma F40 que pertenceu a um dos filhos de Saddam Hussein, mas desistiu da compra.
Quem espera sempre alcança
De acordo com o youtuber, inicialmente o antigo proprietário da 512 BBi não queria nem conversar a respeito de uma possível venda. No entanto, acabou mudando de ideia e fechou negócio.
"Muitas pessoas ao longo dos anos tentaram comprá-la, alguns negociantes ofereceram 'sacos' de dinheiro em espécie, mas o dono sempre recusava. Contudo, nos últimos seis meses algumas coisas aconteceram com a 512 BBi, as quais não posso revelar neste momento, que o fizeram repentinamente mudar de ideia", explica Chivers.
Ele relata que, após publicar em maio um vídeo sobre a descoberta, o veículo foi finalmente guardado em local coberto, onde permaneceu durante seis meses.
"Em novembro, quando o carro voltou para a casa do agora ex-dono, fui visitá-lo e demos uma volta na minha Ferrari 355 Spider. Combinamos de manter contato. Um tempo depois, ele me procurou dizendo que pretendia vender a 512, mas teria de ser logo. Consegui passar a 355 adiante em um dia e juntei o dinheiro necessário".
Scott diz ter adquirido a Ferrari branca por 80 mil libras (R$ 547 mil) e estima gastar até o mesmo valor na restauração - o que seria um grande negócio, considerando o valor da BBi restaurada.
Surpreendentemente, o esportivo italiano está com quase todos os equipamentos elétricos funcionando, o que é um bom começo. Porém, veio sem as chaves e o youtuber ainda terá de descobrir o real estado do motor e da transmissão.
"Espero deixar a 512 BBi em condições de rodar dentro de dois meses. A segunda etapa será a restauração completa, pois ela merece. A velocidade dessa etapa dependerá do dinheiro disponível, pois provavelmente custará uma fortuna".
O hodômetro indica que o clássico foi pouco usado, considerando o ano de fabricação: o painel aponta apenas 10,3 mil km.
Ex-dono ilustre
O youtuber afirma que não sabe a razão de o veículo ter sido deixado de lado, já que não sofreu acidente grave nem danos mecânicos aparentes - exceto aqueles causados pelo longo período de inatividade, sem um teto que servisse de proteção aos efeitos do clima.
Segundo Chivers, o primeiro dono da 512 BBi foi o príncipe saudita, cuja identidade ele desconhece.
"Soube que ele, aparentemente, tem uma propriedade muito cara na região de Mayfair, em Londres. Lá é o metro quadrado mais caro do Reino Unido e, provavelmente, do mundo".
"Esse carro estava pedindo para meu canal resgatá-lo e salvá-lo, devolvendo seu velho brilho", conclui.
Ferrugem, musgo e sujeira
As fotos que ilustram este texto, cedidas pelo "caçador", são de cortar o coração de fãs da Ferrari. A maioria delas ainda é do tempo em que o carro estava ao relento.
A pintura, que teria sido feita sob encomenda do príncipe, aparece detonada, coberta por ferrugem, musgo, mofo e uma grossa camada de sujeira. Já motor central traseiro de 12 cilindros é visto sob folhas e teias de aranha.
Borrachas, dutos e outros componentes terão de ser trocados, enquanto todos os fluidos estão velhos ou já secaram. Dá para ver nas imagens buracos na carroceria de aço, causados pela oxidação.
O sistema de escapamento está todo enferrujado.
Apesar da falta de cuidados, surpreendentemente a cabine exibe boa forma, trazendo carpete e tapetes originais, enquanto os bancos esportivos de couro apresentam apenas alguns sinais de desgaste. A maioria dos botões e das alavancas do painel e do console está operacional.
Como é a Ferrari 512 BBi
A Ferrari 512 BB nasceu carburada em meados da década de 1970, substituindo o modelo Daytona. Somente em 1981 ganhou injeção eletrônica de combustível e foi rebatizada como BBi.
A sigla BB indica as duas principais características do esportivo italiano: o primeiro "B" é uma referência à palavra boxer, que designa a configuração do motor, que traz os cilindros contrapostos na horizontal - uma solução técnica adotada para reduzir o centro de gravidade.
Já o segundo "B" é relativo a berlinetta, expressão italiana que significa cupê de dois lugares.
Por falar em motor, o da 512 BBi tem 12 cilindros "deitados" e 4,9 litros de capacidade cúbica. Novo e nas especificações originais de fábrica, ele é capaz de render 340 cv de potência e 46 kgfm de torque, gerenciados pelo câmbio manual de cinco marchas. A tração, como manda a tradição, é traseira.
A Ferrari informa que esse modelo acelera de zero a 100 km/h em 6,3 segundos e atinge a velocidade máxima de 280 km/h.
Em 1984, a 512 BBi saiu de linha, dando lugar a outro ícone da marca italiana: a Testarossa.
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