Saída da Ford reforça alerta sobre custo para produção no país, diz Anfavea
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirmou que não comentará a decisão da Ford, divulgada na tarde de hoje, mas que o fechamento de fábricas e fim da produção de veículos da montadora no Brasil apenas confirma alertas feitos pela entidade a respeito do setor automotivo e dos custos para a produção no país.
"A Anfavea não vai comentar sobre o tema, trata-se de uma decisão estratégica global de uma das nossas associadas. Respeitamos e lamentamos. Mas isso corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local, global e a falta de medidas que reduzam o custo Brasil", declarou a associação em nota.
Na última semana, a Anfavea divulgou que 2020 registrou queda de 31,6% da produção de veículos em relação a 2019 — a produção é a mais baixa em 17 anos. Os números englobam carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Ford fecha fábricas e encerra produção
A Ford anunciou hoje o fechamento das fábricas em Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP), além do fim da produção de veículos no país.
A marca, que já foi uma das quatro maiores do país em volume de vendas, já tinha fechado a unidade de São Bernardo do Campo (SP) em meados de 2019, onde produzia sua linha de caminhões e o Fiesta, já descontinuados. Segundo a empresa, a decisão divulgada hoje faz parte da reestruturação global e também no mercado sul-americano.
Ao menos 5 mil funcionários serão demitidos no Brasil e na Argentina.
O que é o custo Brasil
O custo Brasil, citado pela entidade, corresponde a uma medida do quanto é mais caro produzir aqui do que em outros países em função de ineficiências e outros custos da economia brasileira.
No ano passado, um estudo estimou que as empresas instaladas no Brasil têm um custo R$ 1,5 trilhão superior a uma média de países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Esse levantamento comparou os custos brasileiros aos do exterior em 12 dimensões, como infraestrutura, tributos, integração com cadeias produtivas globais, capital humano, entre outros.
Em novembro passado, o governo federal divulgou que esperava zerar o custo Brasil num prazo de cinco anos.
* Com informações da Agência Estado
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