5 motivos que fizeram Ford fechar todas suas fábricas no Brasil
A Ford anunciou ontem o fechamento das três fábricas que ainda mantinha no Brasil.
Em 2019, a montadora já havia encerrado as atividades da sua unidade em São Bernardo do Campo (SP), como parte dos seus esforços de reestruturação global.
Na tomada de decisão, pesou uma série de fatores na busca da empresa pela lucratividade no País.
Confira os cinco motivos que fizeram a Ford, após mais de um século de presença no mercado brasileiro, optar por deixar de ser fabricante e se tornar uma importadora.
Confira.
Custo Brasil
A alta e complexa carga tributária e os custos de logística contribuíram de forma expressiva para a decisão da Ford, que preferiu focar seus investimentos em produção de veículos em outros países - como a China, de onde atualmente importa o SUV Territory.
A companhia não mencionou essa motivação no comunicado enviado à imprensa, no qual informou a decisão de fechamento das suas três fábricas remanescentes no País.
Contudo, a Anfavea, a associação das montadoras instaladas no Brasil, mencionou a questão ao comentar o encerramento da produção local:
"Isso [o fechamento das fábricas da Ford] corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local e global e a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil", pontuou a associação em nota enviada para UOL Carros.
Alta do dólar
O câmbio desfavorável em relação ao real foi outro ingrediente decisivo para bater o martelo em relação ao fechamento das linhas de produção da Ford no País, combinado com outros fatores.
Mesmo insumos estratégicos comprados em território nacional, como o aço, são cotados em dólar.
Além disso, o percentual de componentes importados em automóveis produzidos localmente é elevado, em torno de 40%, aumentando o custo de produção e reduzindo o lucro de acordo com a flutuação da moeda norte-americana.
Reestruturação global
O fim da produção local de veículos da Ford no Brasil não é um caso isolado e faz parte de todo um processo de reestruturação mundial da empresa para reduzir custos e aumentar a lucratividade - algo que outras gigantes do setor automotivo têm buscado por meio de fusões, como é o caso de FCA e PSA, que se uniram para fundar a Stellantis.
Sem contar com uma parceira para atingir esses objetivos, o caminho encontrado pela Ford para sobreviver e voltar a crescer foi cortar na própria carne, o que inclui fechamento de fábricas não apenas no Brasil, como também até nos Estados Unidos.
A busca por lucratividade incluiu o fim da oferta de carros de passeio nos EUA, com exceção do Mustang, para focar SUVs, picapes e utilitários.
A regra vale para outros mercados como o nosso, onde a Ford produzia apenas compactos como Ka, Ka Sedan e EcoSport - produzir localmente modelos mais caros seria inviável no Brasil.
Eletrificação
Ao anunciar o fechamento de todas suas fábricas no País, a Ford enfatizou que seus futuros veículos vão cada vez mais rumar em direção à conectividade e à eletrificação, um caminho inevitável para todas as grandes montadoras.
Investir na produção brasileira de automóveis com maior conteúdo tecnológico seria excessivamente custoso, da mesma forma que SUVs e picapes.
Na nota divulgada ontem, a montadora deixou claro que passará a oferecer produtos com "maior valor agregado", em detrimento dos compactos que vinha produzindo aqui.
Dessa forma, o caminho natural foi optar pela importação dos seus próximos lançamentos, desenvolvidos e fabricados em outros mercados.
Pandemia
A pandemia do coronavírus, que trouxe grande impacto para a economia mundial, inclusive a brasileira, foi a pá de cal que faltava para bater o martelo e fechar as linhas de produção brasileiras.
Combinada com os fatores citados acima, levou à decisão extrema.
"Além de reduzir custos em todos os aspectos do negócio (...), introduzimos serviços inovadores para nossos clientes. Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo", disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, no comunicado divulgado ontem.
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