Qual é o destino da fábrica da Ford no ABC paulista seis meses após venda
Pouco mais de seis meses após anunciar a venda e cerca de três meses após concretizá-la, a antiga fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) já tem um destino. Essa, que já foi uma das maiores e mais antigas fábricas de automóveis no País, agora será um moderno complexo logístico.
Adquirida pela parceria entre a Construtora São José e a Áurea Asset Management, que é formada pela Fram Capital e Marcelo Hannud, a propriedade já tem planos definidos. Na propriedade de 1 milhão de m² serão erguidos galpões modulares que ocuparão 460 mil m² do terreno.
A proposta, segundo os novos proprietários, é oferecer na área galpões de nível 3A (AAA). Dentro do segmento de construção logística, esse é o tipo de galpão mais moderno e eficiente que pode ser oferecido.
Esse será um novo parque logístico focado em clientes que exigem um uso mais sofisticado para armazenamento. O tipo de clientela esperada são empresas de comércio eletrônico, congelados e resfriados e também data centers.
Algumas vantagens do novo centro logístico, segundo Hannud, é a proximidade com as rodovias Anchieta e Imigrantes, além da curta distância para o centro de São Paulo - cerca de 10 km da região da Sé, por exemplo.
Carlos Carbone, Head de Real Estate da Fram Capital, reforça outras vantagens que levaram os parceiros a investir na fábrica da Ford. "Estando tão próximo da cidade, é possível realizar o transporte dos produtos ali armazenados em veículos menores e mais rápidos, motos, bicicletas e carros. É a chamada última milha".
Mauro Silvestri, Sócio-Fundador da Construtora São José, completa que "um terreno desse tamanho, próximo a capital é uma raridade e sem pedágios para a chegada na cidade, deve atrair clientes em busca de melhor rentabilidade dos negócios".
Infraestrutura da Ford será aproveitada
Além das vantagens citadas, a antiga fábrica da Ford deixará alguns "pedaços" dela na nova construção, e que inclusive são pontos importantes para o tipo de cliente que os novos proprietários querem atrair. Toda a parte de instalação elétrica, com 90 megawatts de capacidade energética instalada, atende o tipo de produto, como a área de congelados ou de data center - grandes servidores de dados - que consomem muita energia.
Os novos donos também citaram a qualidade das vias internas entre os espaços e que serão aproveitadas, bem como o sistema de tratamento de esgoto e efluentes. "Ter um sistema de tratamento é importante para garantir o índice de sustentabilidade do empreendimento e também dos clientes alocados", diz Hannud.
Por fim, os empresários citaram também a qualidade do piso de alguns dos galpões, que devem ser preservados para uso nas novas instalações. Segundo eles, a necessidade de resistir ao peso de maquinários e caminhões produzidos ali obrigou a Ford a fazê-los com "qualidade acima da média". Portarias, áreas verdes, estacionamentos e áreas de convivência que já existem no complexo também serão mantidas.
Além dessa parte de infraestrutura, alguns prédios, como o antigo de motores e o principal, da época da Willys, serão mantidos. No prédio de motores o projeto é criar uma praça de alimentação e um mini-mercado. Esse espaço servirá para atender tanto os clientes internos, ou seja, as empresas instaladas no complexo e seus funcionários, quanto público externo, portanto terá uma entrada externa. Já o outro será repaginado para atender como uma espécie de co-working para funcionários das empresas instaladas ali.
A expectativa é de gerar 4.500 empregos com o novo projeto. No período final da Ford, havia menos de 3 mil funcionários na planta. Segundo os empresários, o empreendimento está na parte final de aprovação de alvarás e liberações por parte dos órgãos responsáveis. Assim, o grupo prefere não divulgar quem serão os clientes que já negociam áreas dentro do complexo.
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