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Justiça do Trabalho proíbe demissão coletiva na Ford em Camaçari (BA)

Vista de concessionária da Ford em Salvador  - - Foto: ROMILDO DE JESUS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Vista de concessionária da Ford em Salvador Imagem: - Foto: ROMILDO DE JESUS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

05/02/2021 23h02Atualizada em 05/02/2021 23h55

O TRT1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) concedeu liminar na noite de hoje proibindo a demissão coletiva de funcionários da Ford, em sua fábrica, em Camaçari (BA). A decisão foi dada pela Justiça a pedido do MPT (Ministério Público do Trabalho).

"Por tudo exposto, considerando o iminente risco da dispensa coletiva ocorrer sem a prévia conclusão da negociação coletiva, bem como supostos entraves nas tratativas da negociação coletiva por atos ilegais da ré, visando inibir a prática de atos ilícitos durante a negociação defiro parcialmente o pedido (...) observe as seguintes obrigações: imediatamente, abster-se de promover dispensa coletiva de trabalhadores até logre êxito a negociação coletiva para tal com a entidade sindical profissional, devendo todas as possibilidades serem analisadas e discutidas", diz trecho da decisão, assinada pelo juiz Leonardo de Moura Landulfo Jorge.

O juiz determinou multa de R$ 1 milhão por descumprimento, acrescido de R$ 50 mil por cada trabalhador atingido. A empresa tem cinco dias para recorrer.

A reportagem do UOL ainda não confirmou se a Ford já recebeu a decisão da Justiça.

A Ford anunciou em janeiro o encerramento da produção de veículos no Brasil, com o fechamento das fábricas que a montadora mantém em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), onde é fabricado o utilitário 4x4 T4, da Troller. Com isso, a operação brasileira da oval azul ficará restrita à importação de modelos, como hoje acontece com o SUV Territory, trazido da China.

Ao UOL, a companhia explicou que está definindo os planos de indenização aos trabalhadores e que, nos casos em que se aplicar, a indenização será definida como parte do processo de negociação com os respectivos sindicatos. As operações na Argentina e no Uruguai devem ser mantidas, bem como permanecem em operação no Brasil o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.

A marca, que já foi uma das quatro maiores do país em volume de vendas, já tinha fechado a unidade de São Bernardo do Campo (SP) em meados de 2019, onde produzia sua linha de caminhões e o Fiesta, já descontinuados.

Segundo a empresa, a decisão faz parte da reestruturação global e também no mercado sul-americano.

"A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um modelo saudável e sustentável. Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global", afirmou Jim Farley, presidente e CEO da Ford.

Bolsonaro: "Quem não dá lucro, fecha"

Dias depois do anúncio, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou, ter lamentado profundamente o fechamento da Ford no Brasil, mas que essa é a dinâmica do mercado.

"Lamentamos profundamente o que aconteceu, mas num país democrático, onde se respeita a liberdade de mercado, quem dá lucro permanece, quem não dá lucro fecha", disse o presidente, na ocasião. "A Ford, respeitosamente, mesmo com subsídio, foi incapaz de se deixar levar pela concorrência. Então, os asiáticos, carros chineses, coreanos, vieram para cá e sufocaram a Ford."

"Há três anos, a Ford anunciou que não ia mais produzir carro de passeio nos Estados Unidos. A falta de ambiente de negócios, na verdade, eles tiveram subsídios nossos ao longo dos últimos anos de R$ 20 bilhões. Queriam renovar subsídio para fazer carro para vender. Agora, tem a concorrência também... Chinesa, entre outras. Saiu porque, em um ambiente de negócio, quando você não tem lucro, você fecha", concluiu.