Como Chevrolet Kadett foi parar na F1 em 1990 e virou item raro de coleção
O Grande Prêmio de Fórmula 1 de 1990 foi o primeiro ano do retorno da prova para Interlagos, em São Paulo (SP). Foi o ano também que a pista foi reduzida dos cerca de 7 km que tinha para os atuais 4 km que se mantém até hoje, com um traçado mais curto e travado. Este ano ficou marcado também porque Ayrton Senna liderava a prova de ponta a ponta até acertar Satoru Nakajima. O resultado não foi dos piores: a vitória não chegou, mas ele conseguiu ainda um terceiro lugar depois de passar vários carros.
O povo brasileiro não teve tantos motivos para comemorar, mas o engenheiro e jornalista Gabriel Marazzi tem: ele ficou com dois carros-madrinha da prova, um Chevrolet Kadett GS e uma Ipanema GLS. O Kadett até hoje faz parte de sua coleção. Marazzi, que fazia parte da organização da prova, conta que naquele ano a GM era a patrocinadora da prova e preparou sete carros, dois Kadett e cinco Ipanema para serem usados nas funções de carro-madrinha e carro de resgate.
Para o ano seguinte, a GM foi adiante e apostou nos Kadett GSI, que já tinha injeção eletrônica. "Conversando com o piloto Julio Caio, ele me alertou que a GM iria desmanchar todos os sete carros, voltando-os à versão 'civil'. Então eu fui lá e comprei dois carros", diz.
Ele completa: "Como os sete veículos ainda estavam lá e não tinham começado a desmontá-los, eu tive a oportunidade de escolher os dois melhores de cada. O pessoal do GP estragou muito os outros carros", completou. Os carros que tinham sido montados pela AMB, a oficina do Acácio Martins Braz, também foram desmontados lá, onde Marazzi foi e comprou os equipamentos retirados dos carros.
Entre os itens que fizeram parte da preparação na AMB estão o giroflex, santantônio, rádio comunicador e os bancos concha com cintos de segurança de quatro pontos, homologados para competição.
Mágica da engenharia
Obviamente, para atender ao ritmo da Fórmula 1, seja como carro-madrinha ou carro de resgate, Kadett GS e Ipanema GLS precisavam de melhorias. E foi isso que a GM fez. Os carros que eram 1990 receberam o câmbio com a relação dos modelos 89, que era mais curta. Motor balanceado e suspensão recalibrada e carburador "fuçado".
Segundo Marazzi, o marketing e a comunicação da GM nunca soube o que a engenharia fez nesse componente dos carros. No caso da Ipanema que ficou com o Marazzi, além de receber toda a mecânica do Kadett GS, ela ganhou as rodas de 14" do Kadett e o mesmo câmbio mais curto do Kadett.
Vida pós-Fórmula 1 dos carros
Depois que comprou os carros, Marazzi, que tinha uma escola de pilotagem e ministrava aulas de instrução em Interlagos, colocou os carros à disposição da escola com todos os equipamentos. Por anos, os carros estiveram lá, próximo dos alunos e instrutores.
Quando a escola acabou, Marazzi trouxe os dois carros para sua coleção pessoal. Hoje, 30 anos depois, apenas o Kadett GS continua sob sua posse. A Ipanema foi vendida e com base na preparação que já tinha recebido, ganhou turbo e mais melhorias no motor para chegar aos 250 cv, entre outras melhorias.
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