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Como Mercedes de rua ajudou a projetar Senna antes de 1ª façanha na F-1

Senna ganhou corrida com 190 E três semanas antes de histórico segundo lugar no GP de Mônaco, batendo Niki Lauda; carro da vitória está em museu da Mercedes - Divulgação
Senna ganhou corrida com 190 E três semanas antes de histórico segundo lugar no GP de Mônaco, batendo Niki Lauda; carro da vitória está em museu da Mercedes
Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

22/02/2021 04h00

Ayrton Senna conquistou seus três títulos mundiais na Fórmula 1 pela McLaren, mas foi ao volante de um Mercedes-Benz de rua que o brasileiro começou a ganhar fama mundial.

No dia 3 de junho de 1984, o então novato na F-1 ganhou a Corrida dos Campeões no circuito alemão de Nürburgring, pilotando o agora clássico 190 E 2.3-16. Para chegar no topo do pódio, Senna ele com outros 19 carros idênticos, conduzidos por veteranos e campeões como Niki Lauda, segundo colocado.

A vitória na prova de exibição, que também teve no grid lendas como Alain Prost, Keke Rosberg, James Hunt e Jack Brabham, aconteceu três semanas antes da primeira grande façanha de Ayrton: o segundo lugar no GP de Mônaco, conquistado embaixo de forte chuva com a inexpressiva Toleman e interrompido pela direção da prova na 31ª volta, devido ao mau tempo.

Prost ficou com a vitória no Grande Prêmio.

Já o 190 E 2.3-16 da conquista de Ayrton Senna foi guardado no museu da Mercedes na Alemanha e ele ganhou outro, novinho, como prêmio - cujo paradeiro é desconhecido.

Disputa palmo a palmo com Lauda

Mercedes-Benz 190 E Cosworth Anderson Dick - Divulgação - Divulgação
Então novato e sem vitórias na F-1, Senna surpreendeu ao bater medalhões na pista de Nürburgring
Imagem: Divulgação

Organizada pela montadora, a Corrida dos Campeões marcou a reinauguração da pista de Nürburgring e serviu para divulgar o modelo esportivo da marca, lançado no Salão de Frankfurt de 1983.

A ideia da Mercedes-Benz, que estava afastada do esporte a motor, era reunir o maior número possível de campeões e estrelas da F-1 para promover o lançamento. Ainda na primeira temporada na categoria, Ayrton não se encaixava nesse perfil. Acabou entrando após desistências ou negativas de pilotos como Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi.

Senna aproveitou a chance para se destacar dentre tantos astros. Largou em terceiro lugar e logo assumiu a ponta, para depois trocar a liderança algumas vezes com Lauda, o único a acompanhar seu ritmo. Acabou passando o austríaco no final e venceu com vantagem de apenas três décimos de segundo.

O pole Alain Prost também ficou para trás.

O carro da vitória

Mercedes-Benz 190 E Cosworth - Divulgação - Divulgação
Carro pilotado por Senna correu com outros 19, todos idênticos e sem preparação no motor de 185 cv
Imagem: Divulgação

As 20 unidades da disputa em Nürburgring foram construídas a toque de caixa para a corrida, antes mesmo do início da fabricação em série.

De acordo com a fabricante, todas eram idênticas e quase iguais ao carro de rua, exceto por alterações como gaiola de proteção, cinto de cinco pontos, suspensões rebaixadas e escapamento esportivo.

O motor 2.3 de quatro cilindros e preparação da Cosworth, um dos primeiros produzidos em massa com 16 válvulas, não foi modificado. Eram 185 cv de potência, ganho considerável em relação aos 122 cv do 190 E padrão.

Mercedes-Benz 190 E Cosworth - Divulgação - Divulgação
Pódio de Senna na prova de exibição aconteceu 3 semanas antes do histórico GP de Mônaco em 1984
Imagem: Divulgação

A aerodinâmica, com direito a asa na tampa do porta-malas, era igual ao do modelo de série. Metade dos veículos trazia pintura prata e a outra, carroceria azul metálica. Todos traziam o nome do respectivo piloto nas laterais e na parte superior do para-brisa. O exemplar de Ayrton Senna era o de número 11.

Pouco tempo após a corrida, o 190 E 2.3-16 passou a participar do DTM, o campeonato alemão de turismo.

Brasileiro caça modelo para projeto

Mercedes-Benz 190 E Cosworth Anderson Dick - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Exemplar de 1992 com kit Evo 2 aguarda customização de brasileiro nos Estados Unidos
Imagem: Arquivo pessoal

Leve, potente e ágil, o Mercedes-Benz 190 E Cosworth hoje é item cobiçado entre colecionadores e um exemplar original em bom estado pode custar mais do que modelos da Ferrari.

Um deles foi localizado pelo brasileiro Anderson Dick, morador de Atlanta (Geórgia), nos Estados Unidos.

Após restaurar e customizar sua Ferrari F355 Spider 1998, que chegou a 800 cv e dobrou de preço em apenas 30 dias, Dick pretende transformar uma unidade 1992 Evo 1 com motor 2.5 fabricada no Japão e personalizada com kit aerodinâmico Evo 2.

"O dono é vizinho da minha oficina e quer que eu transforme o 190 E em um carro de corrida, com visual DTM e turbo", conta o empresário, fundador e dono da empresa de injeções programáveis FuelTech.

Dick ainda está na fase de avaliação das condições do veículo para saber se o projeto irá adiante.

'Esse é um modelo especial, sobretudo para brasileiros, devido à ligação com o Senna. Um exemplar como esse custa no mínimo US$ 50 mil [R$ 270 mil] e o proprietário quer que façamos algo na mesma linha que o projeto da minha Ferrari, que comprei por US$ 30 mil [R$ 160 mil]".

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