VW Gol GTI é vendido 2 vezes por R$ 120 mil e preço deve subir ainda mais
Em julho do ano passado, em Vinhedo (SP), um Volkswagen Gol GTI 1993 na cor cinza Spectrus causou alvoroço ao ser leiloado por R$ 118,5 mil - preço inimaginável há alguns anos para o primeiro automóvel nacional com injeção eletrônica de combustível.
Cerca de oito meses depois, no sábado passado, o mesmo carro foi arrematado por R$ 119 mil em leilão virtual, realizado a partir de Belo Horizonte (MG).
O "lucro" obtido foi irrisório. No entanto, para o leiloeiro Joel Picelli, da Picelli Leilões, este é um sinal de que a valorização do GTI veio para ficar.
Segundo ele, que foi responsável pelos dois arremates do Gol, em associação com o Circuito de Leilões, os preços só irão subir nos próximos anos. Basta dar tempo ao tempo.
"Não se trata de uma bolha especulativa no mercado de coleção, prestes a estourar. O Gol GTI vai se valorizar ainda mais porque existe muita procura, poucos carros colecionáveis e gente disposta a pagar os preços cobrados", analisa.
Picelli esclarece que o exemplar cinza foi adquirido em 2020 por um colecionador catarinense, que se desfez dele somente porque colocou outro GTI na garagem - provavelmente ainda mais valioso, modelo 1989 com a cobiçada pintura azul Mônaco. O novo proprietário, cuja identidade é mantida em segredo, é de São Paulo, capital.
No mesmo leilão virtual, o Gol de R$ 119 mil, que traz pintura e tapeçaria refeitas, teve lance mínimo de R$ 38 mil e recebeu ao todo 51 ofertas antes de o martelo ser batido. Na ocasião, outros dois GTIs foram vendidos: um vermelho, modelo 1993, por R$ 90 mil; e outro 1995, vinho, por R$ 33,5 mil.
"Os preços variam, antes de mais nada, de acordo com o estado de conservação, para carros 100% originais, ou segundo a qualidade da restauração", crava o especialista.
Segundo dele, depois vem o critério da raridade.
"As unidades mais valorizadas são da cor preta, que teria tido produção inferior a 200 veículos, bem como na tonalidade azul Mônaco do modelo 1989, o primeiro. Exemplares na cor amarelo Sunny também são raros e muito buscados pelos colecionadores. Apenas a restauração de um GTI hoje pode custar mais do que R$ 100 mil".
Para quem considera exagero ou "antigoportunismo" cobrar tanto dinheiro por um compacto brasileiro fabricado há quase 30 anos, já defasado tecnologicamente e sem tanta potência, fica a dica: outros exemplares do GTI foram comercializados recentemente por mais de R$ 200 mil. Foi o caso de um modelo 1994 preto, diz o leiloeiro.
Em geral, carros brasileiros da década de 90 têm ganhado preço, mas nenhum chega aos pés do Gol topo de linha.
No leilão do sábado passado, um Chevrolet Kadett GSi vermelho 1994 em "ótimo estado" saiu por R$ 61 mil. E um Volkswagen Santana EX 1990 com tonalidade semelhante e o mesmo motor 2.0 injetado do Gol GTI, foi leiloado por R$ 75 mil.
Recordações da juventude
Para Reginaldo Ricardo Gonçalves, o Reginaldo de Campinas, especializado em garimpar carros clássicos brasileiros pouco rodados para revenda, quem está disposto a gastar tanta grana em um GTI quer comprar um "sonho".
"Quem compra um Gol GTI, que estreou em 1988, é porque viveu essa época. São clientes que tiveram o carro quando ele foi lançado ou não tinham dinheiro para comprar, mas hoje podem investir nesse sonho".
A Volkswagen, conta, é a marca mais buscada por colecionadores de carros nacionais e, portanto, tem os carros mais valorizados. Ford e Chevrolet empatam na segunda posição, seguidas por modelos da Fiat.
Joel Picelli, por sua vez, destaca que o Gol injetado já era um dos automóveis mais caros do País quando novo - e isso também ajuda a explicar por que tem ficado cada vez mais caro.
"Além de custar mais do que seus rivais diretos, o Gol GTI é um esportivo. Boa parte dos exemplares da época foi destruída ou maltratada pelos seus donos. Restaram poucos", explica.
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