Câmbio problemático dá prejuízo milionário à Ford 8 anos após lançamento
O Procon-SP multou a Ford em R$ 10.546.442,48 devido a reclamações envolvendo o câmbio Powershift - lançado no Brasil em 2013, inicialmente no Fiesta, para depois equipar também os modelos EcoSport e Focus. Todos já saíram de linha e essa transmissão já não é ofertada pela montadora no País há quase dois anos.
Segundo o órgão, vinculado ao governo paulista, a multa foi aplicada "em razão de a empresa ter colocado no mercado produto com vício oculto - defeito de fabricação que se manifesta após certo tempo de uso - e não ter sanado o problema, o que fere o Artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor". O montante cobrado é o maior previsto pelo Procon-SP.
A entidade complementa, informando que as queixas são referentes a veículos ano/modelo 2013 a 2016.
Procurada por UOL Carros, a Ford afirma que "irá apresentar defesa no prazo concedido, provendo ao Procon-SP todas as informações pertinentes aos atendimentos".
Desde a estreia do Powershift no Brasil, há oito anos, clientes têm relatado problemas como trepidações, ruídos e superaquecimento, bem como perda de potência. As falhas teriam causado troca prematura do kit de embreagens.
As falhas nunca motivaram a realização de um recall oficial pela Ford no Brasil, que no entanto efetuou reparos fora do prazo da garantia. Em 2016, a companhia ampliou a cobertura de fábrica do componente de três para dez anos, após receber notificação do Procon-SP.
EUA tiveram acordo milionário
Os problemas não estão restritos ao mercado brasileiro: no início do ano passado, a montadora fez acordo judicial nos Estados Unidos, comprometendo-se a pagar US$ 30 milhões (R$ 170,1 milhões no câmbio de ontem) mínimos de reembolso a proprietários de Fiesta e Focus defeituosos, fabricados de 2011 a 2016.
Além disso, a empresa firmou no país norte-americano um compromisso para a recompra de veículos problemáticos, desconto na aquisição de carros novos da marca e compensação de reparos já efetuados.
O Procon-SP também decidiu multar a Ford pelo fato de a empresa não ter realizado acordo no território brasileiro.
"Enviamos notificação questionando se haveria uma ação semelhante no Brasil e recebemos respostas evasivas. O tratamento dispensado aos brasileiros é totalmente díspar em relação ao verificado a clientes dos Estados Unidos. Esperávamos que a fabricante se dispusesse a iniciar um recall ou, então, definir um acordo conosco. Nada disso aconteceu", pontua Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.
Segundo a fundação paulista, a Ford alegou que o acordo firmado nos EUA se refere a "um universo específico de proprietários norte-americanos e, portanto, não se aplica a veículos no Brasil".
Capez projeta que a multa milionária será aplicada em no máximo três meses, incluindo o prazo para a montadora contestar a penalidade.
"Acho muito difícil que a multa seja suspensa pela nossa diretoria jurídica, considerando as alegações já apresentadas. Caso a punição seja confirmada e não houver pagamento, a Ford será incluída na dívida ativa do Estado e o débito, executado pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo", avalia Capez.
Em dezembro passado, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, vinculado ao Ministério da Justiça, abriu processo administrativo contra a Ford, também motivado pelo câmbio Powershift, com possibilidade de cobrança de multa, igualmente de R$ 10 milhões.
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