Souza Ramos: saída da Ford do Brasil faz parceiro de 50 anos fechar portas
A saída da Ford como montadora do Brasil, restando a operação apenas como importadora tem gerado enormes desdobramentos que vocês, nossos leitores, têm acompanhado aqui em UOL Carros.
O mais emblemático certamente foi o fim da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que além da história com a Ford guardava também parte da história automobilística brasileira, já que lá funcionou a Willys Overland antes.
Um segundo capítulo igualmente importante que se encerra como resultado dessa mudança é o fim da concessionária Ford Souza Ramos, um dos mais antigos revendedores da marca do oval azul, com 50 anos de existência, e um dos mais importantes no Estado e na cidade de São Paulo.
Ford e Souza Ramos: um casamento
Mas a história da família Souza Ramos com a Ford não se reduz a concessionária. Em um período no qual o Brasil era carente de opções de veículos e de possibilidades tão abrangentes exterior, Eduardo Souza Ramos fez história usando os carros da Ford como base na sua empresa, a SR Veículos Especiais.
De lá saíram veículos que marcaram época pela inovação ou requinte, mas mais do que isso, a Souza Ramos fez sua fama com as transformações com base de picapes Ford, na época sempre de cabine simples e voltadas ao trabalho que ele modificava para cabine dupla.
Ainda é possível ver exemplares das picapes SR rodando por aí, como a Deserter XR, ou a van Ibiza. O nível das modificações era tamanho que a empresa adotava o próprio logo na carroceria em detrimento ao logo da Ford. Nos tempos atuais é o equivalente ao que a Alpina ou a Brabus fazem colocando o próprio logotipo nos carros modificados da BMW e Mercedes-Benz, respectivamente.
O sucesso maior pode ter ficado com as picapes, mas a lista de carros modificados pela SR inclui a criação de uma perua do Maverick com quatro portas, um Del Rey executivo com 35 cm extras que tinha até televisão e frigobar para quem ia no banco traseiro, um Del Rey conversível e uma limusine baseada no Landau, entre outros.
A empresa foi a primeira a receber homologação da Ford para vender os veículos modificados dentro da rede oficial e também manter a garantia de fábrica, mesmo após as modificações.
Carros esportivos também tiveram espaço. A empresa criou o JPS, uma versão esportiva de verdade do Escort XR3. Com turbo Garrett, o motor passava dos 84 cv originais para 100 cv. Além disso, todo o visual era alterado com faróis escamoteáveis, spoiler, entre outros equipamentos e pintura como dos carros da Lotus John Player Special (por isso JPS).
Saltando já para o início dos anos 2000, a empresa trouxe a mesma fórmula para carros mais recentes. Ela fez uma versão turbinada do Ford Ka, batizada de Ka SRT (Souza Ramos Turbo) que aumentava a potência do motor Zetec 1.0 em 13 cv e o torque em 40%. Além disso tinha alterações visuais também. Outra reedição foi a Courier com cabine dupla, nos mesmos moldes do projeto que havia existido em cima da Pampa.
Sai SR entra Mitsubishi e Suzuki
Com a abertura das importações, em 1991, Souza Ramos consegue a representação da Mitsubishi no Brasil, empresa a qual ele representa até hoje. Os carros vendidos no Brasil são únicos, passam por adaptações, convivem com gerações diferentes no mercado e tem séries especiais que não são vendidas em nenhum outro lugar do mundo.
Inicialmente as picapes eram produzidas em Manaus (AM) e depois a produção foi para a fábrica que existe até hoje, em Catalão (GO) e que foi se expandindo com o passar dos anos. Hoje, além das picapes, a Mitsubishi comercializa também SUVs de diversos tamanhos aqui e também já foi responsável pelo Lancer.
A versão esportiva do sedã, Evolution, na sua última geração teve uma série especial destinada ao Brasil, o Lancer Evo X John Easton, em 2015, quando saiu de linha. Numerada, limitada e com potência extra, trazia o nome de um dos principais preparadores de Lancer Evo do mundo.
A Suzuki chegaria às mãos de Souza Ramos apenas em 2008. O retorno da marca ao País após a saída em 2003 foi equilibrada, contou com a produção nacional do jipinho Jimny, a partir de 2013, em uma fábrica própria, em Itumbiara (GO).
Em 2015, a operação fabril foi encerrada e passou a ser em conjunto com a da Mitsubishi, em Catalão, onde está até hoje produzindo a antiga geração do Jimny. Além dele, a empresa importa o Jimny Sierra (nova geração), S-Cross e Vitara.
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