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CVT: vantagens e roubadas do câmbio automático que um dia você vai ter

CVT tem sido usado em um número cada vez maior de carros, como o Nissan Kicks; câmbio prioriza suavidade e baixo consumo - Simon Plestenjak/UOL
CVT tem sido usado em um número cada vez maior de carros, como o Nissan Kicks; câmbio prioriza suavidade e baixo consumo Imagem: Simon Plestenjak/UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/03/2021 04h00

Há alguns anos, o câmbio automático CVT era bastante raro no mercado e alvo de críticas por "anestesiar" o desempenho do carro e elevar excessivamente as rotações do motor a cada acelerada mais forte.

Atualmente, esse tipo de transmissão evoluiu a ponto de ser usado por um número cada vez maior de marcas, como as japonesas Honda, Toyota e Nissan - sem contar montadoras chinesas e também marcas ocidentais.

A Fiat, por exemplo, vai equipar neste ano a Strada e o seu novo SUV compacto com CVT; a Jeep fará o mesmo ao renovar Compass e Renegade; e a Renault, igualmente, "abraçou" a tecnologia já há algum tempo.

Segundo especialista consultado por UOL Carros, a adoção do CVT em automóveis compactos e médios é uma tendência que veio para ficar, tanto em modelos convencionais, com motor a combustão interna, quanto nos híbridos - onde esse câmbio já é largamente utilizado.

"A médio prazo, o CVT vai predominar na maior parte dos carros à venda, com exceção de modelos maiores e de alta potência. Dá para dizer que, provavelmente, você um dia terá um carro com essa transmissão", afirma Claudio Castro, diretor do Simpósio de Powertrain da SAE Brasil.

Com base em informações do engenheiro, apontamos as vantagens que têm levado as montadoras a investir nessa transmissão, em detrimento do câmbio automático convencional, com conversor de torque, e do automatizado de dupla embreagem.

Também apontamos os pontos fracos do CVT. Confira.

Vantagem - mais economia de combustível

CVT utiliza polias de diâmetro variável interligadas por correia ou corrente para buscar torque ideal - Divulgação - Divulgação
CVT utiliza polias de diâmetro variável interligadas por correia ou corrente para buscar torque ideal
Imagem: Divulgação

Segundo Castro, o CVT está ganhando espaço e vai crescer ainda mais por ser a alternativa de transmissão com maior eficiência energética, proporcionando menor consumo e redução nas emissões.

Vale explicar que essa tecnologia, criada lá nos primórdios da indústria automotiva, não tem marchas reais. No lugar das engrenagens, ela usa duas polias metálicas e lisas, com diâmetro variável, interligadas por correia ou corrente imersa em óleo lubrificante.

O engenheiro explica que as polias se movimentam, de forma a variar o respectivo diâmetro, para criar o mesmo efeito de relação de marchas proporcionado por outros câmbios, inclusive os manuais. Tudo é regulado pelo pedal do acelerador, sempre para buscar a entrega de torque adequada para determinada velocidade.

Por essa razão, o CVT é uma transmissão continuamente variável.

"O CVT é consideravelmente mais compacto e leve, Além disso, foi projetado para operar com foco na eficiência, tornando-se a solução ideal para as montadoras, pressionadas por limites cada vez mais rígidos de emissões de poluentes. Isso vale para os carros híbridos", destaca Castro.

Vantagem - Condução mais suave

Câmbio CVT do Honda Civic; tecnologia evoluiu muito ao longo dos últimos anos - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Câmbio CVT do Honda Civic; tecnologia evoluiu muito ao longo dos últimos anos
Imagem: Murilo Góes/UOL

De acordo com Claudio Castro, a maior parte das queixas relacionadas ao CVT ficou no passado.

A evolução dos lubrificantes aplicados nessa transmissão, esclarece, solucionou problemas de durabilidade de componentes e também reduziu bastante o nível de vibrações e ruídos que comprometiam o conforto ao rodar.

Como na prática o CVT não tem marchas, seu funcionamento é mais linear e suave, especialmente para motoristas que não fazem questão de alta performance e priorizam o baixo consumo de combustível.

O aprimoramento contínuo da tecnologia aplicada, especialmente no que se refere ao gerenciamento eletrônico, que se adapta ao estilo de condução de cada um, também ajudou a tornar o CVT mais desejável.

"Esse câmbio agora está mais progressivo, sem aquela subida de rotações repentina ao se pisar no acelerador. A simulação de marchas contribui bastante para entregar uma experiência mais próxima daquela proporcionada por outros tipos de transmissão, inclusive para uma condução mais esportiva".

Roubada - Não combina com carro com alta potência

Subaru WRX é um dos raros esportivos que utilizam o câmbio continuamente variável - Divulgação - Divulgação
Subaru WRX é um dos raros esportivos que utilizam o câmbio continuamente variável
Imagem: Divulgação

Apesar das melhorias citadas acima, o CVT não entrega o controle e a experiência de condução no mesmo nível de transmissões automáticas com conversor de torque ou de dupla embreagem.

Não por acaso, a maioria dos modelos focados em performance, salvo exceções como o Subaru WRX, não utiliza CVT.

"Mesmo com toda a evolução até aqui, a tecnologia de transmissão continuamente variável ainda tem problemas de durabilidade ao lidar com potências bastante elevadas. Por esse motivo, carros de alto desempenho provavelmente irão permanecer com câmbios dotados de marchas reais", aponta o engenheiro.

Roubada - Manutenção mais cara

Brasil ainda tem poucas oficinas especializadas em reparo de transmissão do tipo CVT - iStock/Getty Images - iStock/Getty Images
Brasil ainda tem poucas oficinas especializadas em reparo de transmissão do tipo CVT
Imagem: iStock/Getty Images

Hoje, o CVT tem durabilidade compatível com a de outras transmissões.

No entanto, mesmo trazendo menos componentes internos e construção relativamente mais simples, ante as demais alternativas disponíveis, seu reparo, quando necessário, costuma ser mais caro.

"O CVT ainda é mais caro de se fabricar e manter e isso não acontece apenas no Brasil. Sua manufatura demanda maior precisão nos respectivos processos. Além disso, tem a questão da escala, que ainda é menor. Especialmente aqui, há poucas oficinas especializadas e a maior parte das peças de reposição é importada, pois não se fabrica câmbio CVT no País".

Segundo Castro, essa realidade irá mudar quando o câmbio continuamente variável ganhar mais volume de produção.

"Quanto às revisões periódicas, o CVT tem procedimentos semelhantes aos de outras transmissões, exigindo troca do óleo nos prazos ou quilometragens informadas no manual do fabricante".

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