Carro no Brasil é só SUV? Por que domínio deve aumentar nos próximos anos
As vendas no mês de março mostram como os SUVs podem fechar o ano dominando a lista dos mais vendidos. Com o encerramento do primeiro trimestre, os modelos acumularam 149.330 emplacamentos, que representam 37,2% do mercado.
O segmento de hatches ainda lidera, mas com uma diferença pequena. Com 40,4% do mercado, a categoria emplacou 162.172 unidades. A diferença é de 3,2% ou 12.842 exemplares.
Além da diferença pequena, o que surpreende é lembrar que, enquanto os principais hatches do mercado têm valor inicial na casa dos R$ 60 mil, caso dos líderes de vendas Chevrolet Onix e Hyundai HB20, um SUV compacto não custa menos de R$ 92 mil. Se pegarmos o modelo mais barato entre os hatches, o Renault Kwid, que custa R$ 42.090, a diferença fica ainda maior.
Os números apontam o que deve acontecer no mercado durante o restante do ano, segundo fontes do setor. Os entrevistados preveem o crescimento da participação dos SUVs, que fechou 2020 com 32,7%, para cerca de 40%. E os motivos estão sendo "lançados".
Novidades em 2021 puxarão o crescimento
Um dos motivos que levam à previsão de crescimento do mercado são os lançamentos do momento. Em 202, a Toyota apresentou o Corolla Cross, que a própria montadora acredita que roubará vendas do irmão sedã. No mês que vem, a Volkswagen deve lançar oficialmente o Taos. Sem falar nas chegadas do SUV compacto da Fiat e do Commander, o modelo de sete lugares da Jeep.
Além das novidades, um executivo do segmento ainda reforçou a questão dos veículos que estão passando por renovação em 2021. "Modelos que se renovam criam um novo ciclo de vida e tendem a ter crescimento de mercado graças às novidades apresentadas".
SUVs que exemplificam a fala são Nissan Kicks, Jeep Renegade (que ganhou internet 4G) e Jeep Compass (que tem novo visual, interior e motor turbo flex).
"Se faltam peças, entreguem-nas aos SUVs"
Os SUVs são mais lucrativos para as montadoras, no valor de cada unidade vendida, do que um hatch compacto. E, segundo um analista de mercado, as marcas fizeram uma "escolha de Sofia", que não foi tão difícil assim, na hora de definir para quais carros direcionar o estoque de peças ainda disponível.
Por isso, com falta de insumos e componentes, como os chips, as montadoras optaram por colocar no mercado carros com maior lucratividade por unidade.
"É por isso que, por exemplo, com essa nova paralisação das fábricas, o Chevrolet Tracker teve um desempenho invejável, liderando entre os SUVs, enquanto o Onix e Onix Plus caíram bem em suas vendas. A GM optou por pegar as peças que ainda tinha e que atendem aos três veículos e colocar no carro mais lucrativo com menos exemplares vendidos", diz.
Desde que a nova geração foi lançada, em setembro de 2019, março é a primeira vez que o Onix fica em 3º lugar em vendas. Ele já tinha sido 2º colocado outras duas vezes, em julho e setembro de 2020, perdendo mercado para carros com maior valor, lucratividade e preço na tabela: Volkswagen T-Cross e Fiat Strada, em julho e setembro, respectivamente.
SUVs vendem porque o cliente tem mais dinheiro
Outro fato relevante é que o cliente que busca SUVs não precisa de um montante tão grande de crédito do banco, além de, por contar com uma renda maior, ter a garantia de crédito quando necessário.
"O retrato do cliente do SUV é que ele já tem um carro de maior valor na garagem para dar como parte de pagamento, o que reduz ainda o número de parcelas e a necessidade de buscar crédito na praça", afirma o consultor de uma concessionária GM.
Mais SUVs nos próximos anos, menos hatches
A previsão de crescimento dos SUVs acompanha o desejo do mercado e também aproveita para criar novos espaços para mais utilitários esportivos, sejam maiores ou menores.
Um segmento que está crescendo é o de veículos com sete lugares. A VW reinou quase isolada com as versões intermediárias e de topo do Tiguan AllSpace. No ano passado, ela ganhou a concorrência da Caoa Chery com o Tiggo 8 e agora brigará também com o novo Jeep Commander.
Mas, além do crescimento deste segmento, há também a chegada de opções para o "andar bem abaixo". Marcas como Nissan, Renault, Citroën, Hyundai e Kia já tem produtos que são os "Mini-SUVs".
O Citroën começa a ser produzido no segundo semestre em Porto Real (RJ), enquanto o Nissan Magnite chegará em 2022 produzido em Resende (RJ). Ambos ficarão abaixo dos compactos que as duas marcas têm à venda hoje: C4 Cactus e Kicks.
Nessa categoria também estão o Renault Kiger, Hyundai Venue e "irmão" Kia Sonet. A Honda trabalha com o ZR-V, que substituirá o WR-V, enquanto a Jeep prepara um "mini Renegade" e a VW terá um modelo feito em Taubaté (SP). Em comum, todos têm menos de 4 metros de comprimento - o que na Índia, mercado onde também são ou serão vendidos, reduz a carga tributária.
A análise de diferentes fontes do mercado é que esses SUVs subcompactos, com suas medidas semelhantes às dos hatches, mas com a posição de guiar elevada, ocuparão o espaço dos carros compactos para o consumidor pessoa física.
A existência dos dois volumes deve ficar apenas para o atacado: locadoras e vendas diretas para empresas que têm frota para funcionários, como área comercial.
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