Fusca personalizado vira moda e até amuleto entre boleiros no Rio

O que Yago Felipe, Igor Julião e Lucca, do Fluminense, e Leandro Castán, do Vasco, têm em comum, além do fato de serem jogadores de futebol? O quarteto - assim como outros boleiros do Rio de Janeiro - conta com os serviços de André Ribeiro na hora de cuidar dos seus carros. Em alguns casos, além de serviços de manutenção habitual, a parceria acaba indo além.

Foi o que aconteceu com o Flusquinha. Calma, não foi erro de digitação: essa história aconteceu em meados de 2020, quando o volante do Fluminense Yago Felipe comprou um VW Fusca 1978 e passou a circular com o carro. O veículo antigo chegou a ser compartilhado com outros dois jogadores do Flu, Nino e Dodi - que deixou o clube para ir jogar no Japão.

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De cara, o carro caiu nas graças da torcida e virou uma espécie de amuleto, especialmente porque a compra coincidiu com a arrancada do clube no Brasileirão 2020, que terminou a competição em quinto lugar e, com isso, garantiu vaga para a Libertadores de 2021.

Mas, antes de o certame terminar - o que só aconteceu no final de fevereiro deste ano -, o Flusquinha acabou ficando mais tricolor do que nunca. Yago e seus "parças" levaram o carro até a Giant Auto Mecânica, de Ribeiro, para uma caracterização completa com as cores do clube carioca. O carro foi entregue em 4 de janeiro deste ano e ganhou um visual inteiramente inspirado pela terceira camisa usada pelo time em 2020.

Não é o primeiro carro do tipo que Ribeiro produz: outro exemplo de Fusca caracterizado é o "Fuscão do Mengão" , que chama a atenção por onde passa e virou uma espécie de estúdio móvel para entrevistas feitas pelo jornalista Marcelo Oliosi, o Smigol, para a Fla TV.

Pandemia motivou mudança de rumos

O curioso disso tudo é que, até alguns anos, Ribeiro não trabalhava com personalização de veículos.

"A mecânica é bem tradicional aqui no Rio. Ela foi fundada pelo meu pai e já tem mais de 50 anos de existência, inclusive atendendo seguradoras", conta o proprietário do estabelecimento.

Com a pandemia e a consequente diminuição na circulação e na demanda, Ribeiro precisou se reinventar e passou a atuar com reforma de veículos antigos.

"Em vários casos é reforma mesmo, não restauração. No caso do Yago, ele me levou o carro e, além da caracterização, fizemos toda a parte de funilaria, acabamento, mecânica e elétrica. Até ar-condicionado o carro ganhou", explica.

O Fusca de Yago Felipe não é o único que roda caracterizado com as cores do Fluminense: após a entrega do primeiro Flusquinha, diversos torcedores do clube foram até as redes sociais da mecânica para pedir um carro na versão tricolor. Ribeiro fez um acordo com o clube e produziu um segundo exemplar, que hoje é mais usado pelo zagueiro Nino.

Nesse segundo caso, o carro foi comprado por Ribeiro. "Eu faço uma parceria e cedo o carro por um determinado tempo. Foi o que aconteceu com esse segundo veículo para o Fluminense e o Fusca do Flamengo", conta. No caso do segundo Flusquinha, ele retornará para Ribeiro e provavelmente será vendido. A ideia é que algum torcedor do time compre o carro, que será autografado pelos jogadores.

Restauração não, reforma

Um dos desafios enfrentados por Ribeiro nesse trabalho de reforma é, justamente, encontrar carros em boas condições.

"É complicado achar Fusca em bom estado. E também é importante ressaltar que fazemos reformas, não restaurações. E, para isso, nós criamos uma espécie de 'padrão Giant'. Tudo que estiver danificado ou defasado, a gente simplesmente troca. No caso dos Fuscas, a parte mecânica também é modernizada, com instalação de ignição eletrônica e outros componentes mais modernos. Também podemos fazer personalizações, como teto solar e outros".

Ribeiro diz que pretende continuar essa parceria com os clubes e jogadores. "Acaba tendo um bom retorno de marketing. E também temos um lado social forte na Giant, fazemos eventos beneficentes, então os clubes e jogadores acabam ajudando nisso também".

E, claro, essa ligação com os clubes acabou gerando algumas situações curiosas. "Já apareceram torcedores na loja querendo tirar fotos com os carros, com camisas autografadas que temos por lá. Alguns chegam a aparecer emocionados, chorando".

Outro caso curioso envolve o jogador de basquete Marquinhos, do Flamengo. "Estamos em conversas e talvez ele também queira um Fusca. Mas como ele é alto, teremos que fazer uma adaptação e transformar o carro em um dois lugares".

Além dos carros para os boleiros, Ribeiro diz que deverá ter novidades em breve. "Estamos trabalhando em outros carros, como um Chevelle Malibu, um Opala, uma DKW Vemaguet, um Karmann-Ghia TC entre outros. A ideia, nesses casos, é fazer um trabalho mais próximo de restauração, por mais que algumas peças sejam mais difíceis de achar", conclui.