Com sirene e sem paciente: ambulância de 1992 é usada como carro particular
Quando se fala de ambulância, logo pensamos em situações de emergência, com o motorista ziguezagueando pelo trânsito com sirene ligada e pressa para salvar vidas.
Morador de São Paulo, o empresário Ernesto de Oliveira Pedroso, de 65 anos, é dono de uma ambulância que dirige sem pressa alguma e nunca transporta pacientes.
Na verdade, o dono de pizzaria utiliza sua Chevrolet Ipanema 1992 como carro particular, apesar de a perua até hoje estar caracterizada como ambulância, com direito a adesivos de cruz vermelha nas portas e no capô, além de giroflex e sirene.
Pedroso informa, inclusive, que seu veículo ainda está registrado como veículo de socorro médico - o que, em tese, daria direito a furar o rodízio e rodar em corredores de ônibus. Ele diz que não recorre a esses expedientes.
Em conversa com UOL Carros, Pedroso revela que adquiriu sua Ipanema no início deste ano.
"Eu costumava passar na frente de uma casa próxima de onde moro, na Zona Oeste da capital, e sempre via o carro lá parado. Um dia, o carro estava na rua, com o dono por perto, e eu parei para conversar", conta.
Segundo Pedroso, o ex-dono utilizava a ambulância para transportar um filho com dificuldade de locomoção. "Perguntei se ele me venderia e a resposta inicial foi não", lembra.
Passado um tempo, a situação mudou. "Consegui convencê-lo e chegamos a um acordo: seria uma troca, 'pau a pau'. Ele topou, mas disse que não voltaria nenhum dinheiro. Reforcei que seria apenas uma troca, sem qualquer pagamento". E foi assim que a Ipanema foi parar na garagem de Pedroso.
Quase em estado de nova
O empresário diz que se surpreendeu com o estado geral do carro, que tem apenas 57 mil quilômetros rodados - pouco para um automóvel com quase 30 anos de idade. Segundo ele, foi necessário trocar apenas itens básicos de manutenção, como velas do motor, borrachas de vedação, escapamento, troca de óleo e lâmpadas - além do polimento na pintura.
"Gastei no máximo R$ 1,5 mil. O carro realmente está em ótimas condições. O estepe, por exemplo, nunca foi usado", destaca.
Até as luzes do teto funcionam normalmente. No interior, há uma adaptação para que a maca caiba dentro do carro, o que envolve a ausência do banco dianteiro do carona e da porção direita do banco traseiro, trilhos no assoalho para as rodinhas da maca ficarem encaixadas e um sistema de cortinas para separar o possível paciente e o motorista.
Ele conta que usa o carro com certa frequência, mas sem abusar. "Afinal de contas, não podemos esquecer que é uma 'senhora'. Fora que, se eu rodar muito, acaba perdendo um pouco do charme", pondera.
Um dos trajetos mais comuns é entre sua casa e seu restaurante, na Vila Romana, Zona Oeste de São Paulo. "Costumo deixar ela parada na frente. Até brinco falando que é para os clientes, caso a comida não lhes caia bem".
De Minas pra SP
Pedroso conta que, antes de vir para São Paulo, o carro pertencia a uma empresa do ramo de construção. "Era um veículo que ficava em obras, à disposição dos funcionários caso acontecesse algum acidente ou alguém precisasse ser levado ao hospital". O carro, inclusive, tem toda a documentação regularizada, apontando que, de fato, se trata de uma ambulância.
Em sua nova vida de "aposentada", a Ipanema não precisou prestar nenhum serviço do tipo nem sair costurando o trânsito em alta velocidade. No máximo, a sua caracterização vira tema de brincadeiras em meio ao trânsito pesado da capital paulistana.
"Já aconteceu de bloquearem a minha passagem e eu abrir o vidro e falar: 'Você não vai dar passagem para uma ambulância?'', brinca.
A meta de Pedroso agora é, quando a pandemia permitir, participar de eventos de carros clássicos para expor a relíquia. Isso, porém, não quer dizer que ele seja apegado ao carro. "Se aparecer algum interessado na compra e o valor for bom, por que não?"
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