Dólar em queda: veja se carros ficarão mais baratos com mudanças no câmbio
Após bater nos R$ 5,80 ao longo de 2021, no início de maio a cotação do dólar finalmente começou a cair no Brasil. Nesta semana, a moeda norte-americana fechou a menos de R$ 5 pela primeira vez após mais de um ano. Analistas projetam que poderá desvalorizar ainda mais.
Como o dólar tem influência direta na definição dos preços de veículos no Brasil, fica a expectativa de que a valorização do real ao menos interrompa a sucessão de reajustes dos carros observada desde o início da pandemia.
Conforme especialistas consultados por UOL Carros, esta possibilidade existe e é maior do que a chance de os preços caírem efetivamente. Contudo, segundo eles, nenhum dos dois cenários deverá se tornar realidade nos próximos meses - mesmo se a tendência de desvalorização do dólar se mantiver.
Inclusive, é provável que os preços dos automóveis continuem subindo no curto prazo no País, destacam.
Compras com câmbio ainda nas alturas
"Ainda não dá para avaliar, primeiramente porque o efeito da queda do dólar se dá mais no longo prazo, em função de estarmos falando de períodos diferentes de compra de insumos e componentes. Ou seja: o que está se produzindo hoje foi comprado meses atrás, com diferentes contratos de câmbio", analisa Flavio Padovan, ex-executivo de montadoras como Ford, Jaguar Land Rover e Volkswagen.
Hoje sócio da consultoria MRD Consulting, Padovan também alerta para a "volatilidade" da moeda dos EUA, que pode voltar a subir inesperadamente, e destaca que os preços aqui são definidos em reais - não estando, assim, sujeitos a seguir cada mudança no câmbio.
"Os preços no Brasil são definidos em reais e não podem ser alterados em função da flutuação do dólar. Como existe volatilidade, é um 'ganha e perde' constante", complementa Padovan.
Já a Anfavea, a associação das montadoras, não comenta a estratégia de preços de cada fabricante ao consumidor, mas admite que o custo de produção poderá ser reduzido caso o dólar continue caindo.
A entidade, contudo, também pontua que isso levará algum tempo, considerando apenas o fator câmbio na equação.
"Em tese, o dólar mais baixo barateia a produção, mas ainda é um fenômeno muito recente, após a moeda norte-americana permanecer em um patamar altíssimo durante quase dois anos. Os atuais estoques de componentes importados foram adquiridos ainda com o dólar alto e muitos insumos nem chegaram ainda nas fábricas", pondera Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Inflação e juros altos também pressionam custos
O executivo destaca, ainda, que o câmbio não é o único fator a ser considerado no cálculo de custos.
"O dólar tem caído no Brasil muito por causa da alta nos juros. Também não dá para se ignorar que a inflação tem crescido. Portanto, de um lado você tem o dólar mais baixo, mas do outro esses dois aspectos têm impacto nos gastos para produzir veículos no País".
De fato, a taxa Selic já teve três altas consecutivas na tentativa de frear a inflação, chegando a 4,25% ao ano. Para agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) prevê novo aumento, de pelo menos 0,75 ponto percentual.
Já Matías Fernández Barrio, CEO da Karvi, plataforma online de compra e venda de carros, acredita que o mercado automotivo brasileiro vai se recuperar com mais força a partir da virada do ano - na esteira do dólar em queda, da vacinação em massa e da retomada da produção em fábricas hoje afetadas pela falta de semicondutores e outros componentes.
Contudo, especificamente em relação a veículos zero-quilômetro, Barrio não crê em queda nos preços.
"Pode acontecer uma interrupção nos reajustes, mas os preços não vão cair. Por outro lado, as montadoras vão fazer promoções pontuais, aumentar acesso a crédito e tomar outras medidas para ampliar as vendas", opina.
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