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Fusca de Sandra Annenberg é colecionável e pedida pode chegar a R$ 200 mil

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/06/2021 04h00Atualizada em 26/06/2021 14h04

A apresentadora da Rede Globo Sandra Annenberg ganhou a atenção das redes ontem, 24, ao ir se vacinar contra a covid-19 a bordo de um Volkswagen Fusca.

O modelo que pertence a Sandra e a seu marido, o também jornalista Ernesto Paglia, é o tipo mais procurado por colecionadores atualmente no País - a última safra do Fusca nacional, apelidado de "Itamar", em referência ao presidente da época, Itamar Franco.

Em entrevista ao jornal O Globo, Sandra contou que o veículo foi um presente da apresentadora à filha Elisa Paglia quando ela completou 18 anos.

"Eu e minha filha tínhamos esse sonho. Aproveitamos seus 18 anos e compramos para ela. Enquanto ela ainda não tem carteira, dirijo eu e realizo meu sonho. Mas a Elisa já disse que, assim que tirar a CNH, acabou a brincadeira. O carro é dela! Sinceramente, não imaginava que nosso carrinho pudesse gerar tanta repercussão", disse a jornalista.

O carro do vídeo e da foto é na cor bege arena e está equipado um som retrô da marca Retrosound, que produz aparelhos de som novos com aparência de antigo, exatamente para esse tipo de público colecionador. As informações são do empresário antigomobilista e colecionador José Paulo Parra.

Ele também é quem confirma que há proprietários pedindo até R$ 200 mil em um exemplar dessa safra. Apesar de alguns anúncios com pedidas astronômicas, está longe de ser a realidade ainda.

"O valor médio pedido por um Fusca 'Itamar' hoje em dia já está chegando na casa dos R$ 40 mil, mas tem que ser um modelo em perfeita condição de originalidade", diz Parra.

O conceito de "perfeita condição de originalidade", segundo Parra, inclui que não tenha passado por restauração, pneus originais, mesmo sem condição de rodagem (pneus têm prazo de validade), faróis e lanternas originais e até as rodas.

"Nessa época, as rodas do Fusca eram produzidas pela própria Autolatina (joint venture de VW e Ford no Brasil), então elas são datadas e tem o emblema o que passa o certificado de originalidade desses componentes".

Além da originalidade, o fato de essa série ter mais confiabilidade mecânica e melhor acerto também faz dela a mais desejada. "Esse carro tem um câmbio com relação mais longa, herdado do SP2, além de novos acertos de carburação e suspensão", completa.

"Carros com menos de 5 mil km rodados, em uma cor mais rara e interessante, e com os cinco pneus originais e muito bons, já são carros que superam facilmente os R$ 50 mil, R$ 60 mil".

Volkswagen Fusca 'Itamar' de Sandra Annenberg e Ernesto Paglia - Reprodução/Instagram @sandra.annenberg.real - Reprodução/Instagram @sandra.annenberg.real
Imagem: Reprodução/Instagram @sandra.annenberg.real

Fusca Itamar teve versão única, mas diferentes pacotes

Pelas imagens, Parra acredita que o modelo do casal global é da versão Standard, sem pacotes, provavelmente do ano 1996. A standard é a opção mais básica, que usa padrão de revestimento "Dunas" e tem volante de Gol CL, com o miolo quadrado, e aro de plástico rígido e acabamento de porta de courvin.

Os pacotes Luxo I e Luxo II, como ficaram conhecidos no meio de colecionadores, adicionavam itens de época. Essa opção de entrada não tinha acendedor de cigarros, desembaçador e retrovisor do lado direito.

No primeiro pacote o volante, também do Gol, ganhava revestimento espumado, relógio de painel no lado esquerdo, desembaçador traseiro e "borrachão" nos para-choques.

Aos itens do primeiro pacote, o Luxo II adicionava vidros verdes, som de fábrica com dois alto-falantes - um sob o painel e outro sob o banco -, vidros traseiros basculantes e espelho retrovisor no lado direito.

História

Apelidado de Fusca "Itamar", o modelo é a série que marcou o reinício da produção do modelo no Brasil no final de 1993, já como modelo 1994.

O "besouro" havia parado de ser produzido no Brasil em 1986 e acabou voltando graças a uma medida, no mínimo polêmica, na lei do "carro popular".

O texto dessa lei previa que o IPI caía de 20% para 0,1% para carros com motor de até 1.000 cm³ e com preço máximo equivalente a US$ 6,8 mil. Mas foi feito um adendo no texto que incluía também os carros com motores até 1.600 cm³ arrefecidos a ar dentro da mesma redução de imposto - o que privilegiou Fusca e até a Kombi.

O Fusca Itamar tinha o mesmo motor 1.6 com dupla carburação e que rendia 65 cv brutos (cerca de 58 cv na roda) de quando a produção foi interrompida em 1986.

O carro era essencialmente o mesmo, com as últimas atualizações da época que incluiam a bitola dianteira mais larga, para-brisa maior e laminado e sistema de ventilação interna, fora outras melhorias que já haviam sido implementadas no modelo anteriormente e os acertos que teve para o retorno da produção.

Em toda a sua vida no Brasil, o Fusca teve mais de 3,1 milhões de unidades comercializadas entre 1959 e 1986 mais a segunda fase de produção, entre 1993 e 1996.

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