LamborgUno: como comercial com Galvão ajudou a salvar projeto das dívidas
Criador do LamborgUno, carro artesanal inspirado em esportivos da Lamborghini, que na essência é um Fiat Mille 2003, o autônomo Edimar Goulart sabe como é viver com grana curta.
Com renda de aproximadamente dois salários mínimos, há cerca de quatro anos ele iniciou o projeto em Rondonópolis (MT), onde mora, com o pouco dinheiro disponível, alguma ajuda de amigos e muito talento.
Recentemente, Goulart recebeu um importante impulso para seguir adiante com o projeto e pagar mais de R$ 4.000 em dívidas com IPVA e multas do seu "esportivo popular": o cachê de R$ 20 mil referente à sua participação no comercial de uma rede de postos de combustível.
A peça publicitária da agência África estreou nesta semana na TV com a locução do narrador Galvão Bueno, mais Edimar e seu "possante" no papel central. No anúncio, com 30 segundos de duração, a transformação do Mille com motor 1.0 em um arrojado esportivo é destacada.
"Olha o que ele fez, olha o que ele fez!", diz Galvão, repetindo o tradicional bordão das suas narrações.
O "pai" do LamborgUno responde: "Eu que montei".
Muito frio e primeiro voo
Aos 31 anos, Edimar Goulart conta que a gravação aconteceu no mês passado em Porto Alegre (RS). Seu carro viajou quase 2.000 km desde Rondonópolis a bordo de uma carreta. Ele, por sua vez, rumou até a capital gaúcha de avião - foi sua primeira viagem aérea, conta.
"Fiquei meio assustado no começo, mas depois pude admirar a beleza das nuvens. Achei muito lindo lá em cima e fiquei impressionado com a força dos motores a jato".
Fora o forte frio durante a gravação, que aconteceu à noite e se estendeu pela madrugada, Edimar diz ter adorado a experiência - e, mais ainda, o pagamento, que veio em boa hora.
Ele diz já ter recebido cerca de metade do dinheiro, usada para custear os débitos do veículo, um tratamento dentário e a compra de algumas roupas. Goulart, que já trabalhou como pedreiro e mecânico de bicicletas, hoje garante o sustento como ajudante de um designer de interiores.
"Ainda falta receber pouco mais de R$ 10 mil. Com esse dinheiro, pretendo ampliar o meu quarto, pois lá nem um armário cabe, e melhorar o interior do carro, que ainda está muito simples".
Solteiro, ele mora com a mãe.
Edimar planeja, ainda, futuramente regularizar o seu esportivo, cuja documentação ainda é de Fiat Mille. Por conta da nova carroceria, será necessário registrá-lo como veículo artesanal.
Os planos incluem concluir o supletivo do Ensino Médio, interrompido por conta da pandemia do coronavírus, e aproveitar possíveis oportunidades que, espera, virão com a exposição decorrente do comercial na TV.
"Estou muito surpreso com as chances que a vida está preparando para mim. Gostaria de fazer um curso de design ou de engenharia para, quem sabe, um dia trabalhar em uma montadora".
Edimar Goulart se diz totalmente autodidata.
"Aprendo muito fácil, só de ver. Nunca tinha mexido em um carro antes. Vi tutoriais na internet e aprendi a desmontar o motor. Faço tudo no 'olhômetro'", explica.
R$ 30 mil
Em abril do ano passado, quando a reportagem de UOL Carros conversou pela primeira vez com Goulart, ele estimava ter investido até então cerca de R$ 30 mil no projeto - o que é bastante dinheiro para as suas condições financeiras.
"Sempre fui fã de carros esportivos. Quando comprei o Mille, achei o visual muito quadrado. Decidi construir aerofólio e spoiler usando as ferramentas disponíveis, pois na época trabalhava como pedreiro", relembra.
O que inicialmente seria apenas uma customização caseira acabou crescendo: o rapaz decidiu alterar toda a carroceria, deixando-a mais baixa e chamativa.
As primeiras peças do LamborgUno foram feitas com massa plástica, isopor e cantoneiras de metal. Com o passar do tempo, a construção foi aprimorada.
"Quebrava muito fácil. Então comecei a refazer a carroceria com estrutura metálica de aço, soldada ao chassi. A superfície também foi refeita com chapas de aço, complementada com fibra de vidro", relata Goulart.
Notificação da Lamborghini
Ele também conta que alterou o desenho original após receber, em 2020, uma notificação extrajudicial de escritório de advocacia de São Paulo, representando a Lamborghini.
"Dizia que o nome Lamborghini e o desenho do carro eram propriedade industrial. Removi o logotipo da marca e alterei a lateral para ficar diferente. Também usei elementos de outros esportivos e não tive acesso a nenhum molde do Aventador original", diz.
Por conta da notificação, Edimar "rebatizou" o cupê artesanal de "Projeto X".
Em 2018, a repercussão do projeto rendeu o convite de uma loja de carros importados localizada em Cuiabá (MT) para conhecer o Aventador "legítimo" - ele levou seu "LamborgUno" na ocasião para a capital mato-grossense.
"Fiquei boquiaberto, nunca tinha visto um esportivo na vida".
Foi o dono dessa loja, afirma, que o indicou para a participação na propaganda.
Veja abaixo como era o carro nos primórdios do projeto:
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