Hodômetro adulterado: como saber a real idade do carro e não ser enganado
A digitalização do hodômetro, responsável por marcar o quanto determinado veículo já rodou, não livrou o equipamento das adulterações tão comuns na época em que o item era 100% mecânico.
Volta e meia surgem novas fraudes: à medida que montadoras e fornecedores de autopeças criam mecanismos e travas eletrônicas para impedir a prática, hackers dão um jeito e criam novas formas de burlar o marcador - e, assim, cobrar mais do que determinado veículo usado ou seminovo realmente vale.
Para o engenheiro Erwin Franieck, mentor em engenharia avançada da SAE Brasil, hoje não existem sistemas eletrônicos veiculares que não possam ser interpretados, estudados e burlados - embora a manipulação do hodômetro hoje seja mais difícil do que era 20 anos atrás.
"Hoje é tecnologicamente possível armazenar o histórico de um automóvel na nuvem, incluindo a quilometragem e as revisões", informa Franieck, que também é diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia SAE 4Mobility.
Levando-se em conta essa realidade, como saber a real quilometragem de determinado carro antes de fechar negócio e não ser passado para trás?
Essa constatação não é tão simples, mas o especialista da SAE Brasil dá algumas dicas para não ser ludibriado . Confira.
Verifique o histórico de revisões
Confira se o manual do proprietário traz o histórico de revisões periódicas para você ter uma ideia de quanto tempo foi necessário para percorrer cada 10 mil km marcados no hodômetro - intervalo mais comum entre cada manutenção obrigatória.
Por exemplo: se o plano de manutenções determina que elas sejam realizadas a cada 10 mil km e quatro revisões já foram efetuadas, o painel deverá indicar mais de 40 mil km rodados.
Caso o hodômetro informe um número menor do que esse, é sinal de que o equipamento pode ter sido adulterado.
Na hipótese de essas informações não serem disponibilizadas, vale tentar visita a uma concessionária, que facilmente acessa dados de manutenção por meio da consulta do chassi e também utilizando um scanner, equipamento que acessa dados armazenados no automóvel - dentre eles, até a quilometragem.
Recomenda-se também levar em conta a quilometragem média anual no Brasil, que é de aproximadamente 15 mil km a cada 12 meses para uso particular. Faça as contas e, caso a estimativa esteja muito mais alta do que mostra o hodômetro, desconfie.
Fique de olho nos pneus
Franieck recomenda dar uma olhada no estado da banda de rodagem e na data de fabricação dos pneus, informada nas respectivas laterais - se o código for 0517, por exemplo, isso significa que o pneu foi fabricado na quinta semana de 2017.
Se a data coincidir com o mês e o ano de produção do automóvel, é sinal de que os pneus nunca foram trocados.
Portanto, o respectivo desgaste tem de ser compatível com o tempo e o tipo de utilização do veículo.
Se eles já tiverem sido substituídos e o hodômetro indicar menos de 60 mil km, vida útil aproximada de um pneu com uso normal, é possível que a marcação no painel seja incompatível com a realidade.
"Se a banda de rodagem aparentar meia vida e os pneus não foram trocados, estima-se que o carro rodou aproximadamente 30 mil km", ensina Erwin Franieck.
Confira volante, pedais e manopla do câmbio
Essa dica é sempre mencionada por especialistas e com razão. Com uma simples olhada em itens de desgaste natural na cabine, já dá para se ter uma ideia se determinado veículo é pouco ou muito rodado.
Se a borracha dos pedais estiver bem gasta e a quilometragem for relativamente baixa, acenda o sinal amarelo. O mesmo vale para o pomo do câmbio e, especialmente, o volante.
Os itens mencionados normalmente não se deterioram consideravelmente se o automóvel rodou menos de 40 mil km, por exemplo.
Observe escapamento e catalisadores
Franieck orienta a checar se escapamento e catalisadores são originais, pois estes hoje têm vida longa, acima dos 100 mil km.
Se já foram substituídos, o hodômetro terá de exibir quilometragem compatível.
"Verifique se existem sinais de trocas de partes importantes do veículo, como motor, câmbio e caixa de direção", pontua o engenheiro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.