Sete erros fatais: como usar seu carro da pior forma possível
O jeito como você dirige e cuida do seu carro tem influência direta na durabilidade de peças e no consumo de combustível.
Se o automóvel for usado frequentemente com desleixo ou sob condições extremas, os prazos das revisões periódicas e de troca de itens de desgaste natural devem ser encurtados.
Esse alerta, inclusive, está no manual do proprietário de qualquer veículo.
Com a ajuda de especialistas, selecionamos sete erros que devem ser evitados a todo custo e são mais comuns do que você possa imaginar.
Confira.
1 - Rodar sempre com o motor frio
O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.
Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.
"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal", pontua Erwin Franieck, mentor em engenharia avançada da SAE Brasil.
Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.
"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".
2 - Sobrecarregar sistema elétrico
De acordo com Franieck, a instalação de acessórios eletrônicos não homologados pela fabricante do veículo, sem que haja a necessária adequação do respectivo sistema elétrico, é um dos maiores vilões quando se trata da integridade de um automóvel.
O especialista destaca que equipamentos de som, alarmes e outros dispositivos podem demandar mais energia do que prevê o projeto do veículo.
Alguns desses acessórios continuam ativos mesmo quando o automóvel está desligado, agravando o problema.
O efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode "arriar".
Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências.
"Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes", alerta Franieck.
De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.
3 - Ignorar prazo para troca de filtros
Os filtros do veículo são componentes relativamente baratos, porém o desleixo com eles é capaz de resultar em grande prejuízo.
Franieck orienta a seguir sem concessões os prazos para respectiva troca indicados no manual do proprietário.
"É comum perceber que o filtro de ar está saturado quando o motor começa a falhar. Em caso de emergência, muitos removem o filtro até chegarem em uma oficina, mas basta rodar alguns minutos sem ele para que haja problemas sérios no motor".
O especialista destaca que, sem o filtro, o sistema de admissão acaba aspirando ar com poeira e outras impurezas, que vão parar no interior do propulsor - riscando as paredes dos cilindros.
"O óleo lubrificante pode ser levado pelos anéis do cilindro até a câmara de combustão, queimando juntamente com o combustível e causando a característica fumaça branca que sai do escapamento. Esse é um sintoma que exige atenção".
Em relação ao filtro de combustível, seu entupimento faz o motor "engasgar" e sobrecarrega a bomba de combustível - que precisa trabalhar com muito mais pressão.
"Essa é a causa mais comum de queima da bomba", esclarece o engenheiro.
Já a obstrução do filtro de óleo igualmente compromete a correta lubrificação do motor, elevando o atrito de peças internas e acelerando seu desgaste.
4 - Usar combustível de procedência duvidosa
Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer sempre em postos que oferecem os melhores preços.
Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.
Erwin Franieck orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.
Afinal de contas, gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.
"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular".
As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.
5 - Rodar sempre com tanque na reserva
Segundo o engenheiro da SAE Brasil Everton Lopes, deixar o tanque constantemente na reserva traz uma série de problemas - o manual do proprietário de qualquer automóvel também condena a prática.
Além do risco de pane seca, que pode causar danos mecânicos e, inclusive, rende multa de trânsito, o consumo também sobe nessa situação.
"O tanque quase vazio significa mais espaço para vaporização do combustível. A taxa de perda por evaporação, portanto, sobe".
A influência no consumo dificilmente será perceptível no momento, mas cobrará seu preço a médio e longo prazo.
Vale destacar que o vapor proveniente do tanque também traz sérios riscos à saúde por ser poluente.
Tanto que, a partir de 2023, começa a implementação gradual da válvula ORVR em todos os veículos flex e a gasolina vendidos no País. O equipamento bloqueia o retorno desses gases durante o abastecimento e os aproveita na combustão do motor.
Não bastassem o desperdício e a questão ambiental, abusar da reserva pode pesar muito mais no bolso.
"Mesmo filtrado, o combustível fornecido pelo posto traz partículas que vão parar no tanque do veículo e depois ficam depositadas no fundo do reservatório. Com nível muito baixo, essas partículas acabam no filtro de combustível", explica Lopes.
A sujeira acaba entupindo o filtro, causando perda no desempenho e forçando a bomba de combustível, que encontra maior resistência para enviar o líquido ao motor.
"Essa situação crítica sobrecarrega a bomba e causa sua queima. Mesmo se não houver entupimento do filtro, ela é projetada para estar submersa no combustível, integrada ao corpo da boia. Caso fique exposta, acaba superaquecendo e a chance de queima é elevada".
6 - Ignorar prazo de validade do óleo
Trocar o óleo do motor e o respectivo filtro dentro da quilometragem estipulada no manual é uma orientação básica para evitar gastos não previstos e eventualmente elevados.
No entanto, muitos ignoram que, além da distância percorrida, o fluido tem prazo de validade. Ou seja: a hora da troca é determinada pelo item que vencer primeiro.
Franieck explica que, após determinado período, os componentes do óleo se degradam e sua capacidade lubrificante fica comprometida, elevando o atrito de componentes internos do motor.
Outro detalhe: em condições severas de uso, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas, com muita carga e sob tráfego congestionado, a quilometragem e o prazo para troca são antecipados.
O especialista recomenda, ainda, seguir fielmente a especificação de óleo recomendada no manual do veículo.
7 - Frenagens e acelerações bruscas
Fazer acelerações e frenagens bruscas de forma constante é um péssimo hábito para a saúde do seu automóvel.
Isso contribui para o desgaste do motor e também dos freios, da suspensão e até dos pneus.
Sem contar que atrasar a frenagem e acelerar sem necessidade eleva e muito o consumo de combustível - ou seja, significa, literalmente, desperdiçar a gasolina, o etanol ou o diesel que está no tanque.
O centro de pesquisas automotivas Cesvi Brasil recomenda que o condutor acelere e freie de maneira mais suave para que todos os itens citados tenham maior durabilidade. Isso inclui trocar as marchas no tempo certo, sem forçar o motor.
O ideal é sempre se antecipar ao trânsito: se o tráfego logo à frente está parado, não acelere sem necessidade e já comece a brecar, de forma progressiva.
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