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Cuba tem carro zero e seminovo, mas mercado é restrito a bem poucos

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/07/2021 04h00

Cuba concentra uma grande quantidade de carros antigos provenientes dos Estados Unidos e fabricados antes de 1959, quando o Partido Comunista assumiu o controle do país caribenho e proibiu novas vendas de automóveis.

Sensação entre turistas, veículos clássicos de marcas como Buick, Chevrolet e Cadillac fabricados nos anos 50 rodam até hoje e sua manutenção exige muita criatividade devido à falta de peças. Contudo, engana-se quem pensa que só tem carro dessa época no território cubano - que foi notícia neste mês devido aos protestos de moradores contra o governo local.

Desde 2014, a administração cubana autoriza o comércio de veículos automotores usados e novos em lojas e concessionárias controladas pela estatal Cimex. A partir de 2011, também está liberada a compra e venda de carros fabricados antes da revolução de 1959 entre cidadãos daquele país.

Contudo, a pesada carga tributária aplicada para clientes particulares faz com que o mercado automotivo cubano seja uma fração do brasileiro - em que pese a diferença enorme de extensão territorial.

Mil carros em 5 meses

Loja estatal de carros em Cuba; governo controla venda e compra de veículos no país caribenho - Reuters - Reuters
Loja estatal de carros em Cuba; governo controla venda e compra de veículos no país caribenho
Imagem: Reuters

De acordo com a consultoria Focus2Move, foram vendidos em Cuba cerca de mil veículos nos primeiros cinco meses de 2021 - contra mais de 890 mil no Brasil durante o mesmo período, considerando carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. Ou seja: quase mil vezes o volume registrado na terra de Fidel Castro.

Ainda segundo a consultoria, a taxa aplicada na venda de veículos zero-quilômetro é de 800% e o percentual sobe para 1.500% para exemplares usados ou seminovos. Segundo o governo cubano, os valores arrecadados são para custear melhorias no transporte público.

A pesada carga tributária faz um sedã compacto custar dezenas de milhares de dólares - valor muito distante da renda média dos cubanos, em torno de US$ 20 (cerca de R$ 100) por mês.

Devido aos preços altos, estima-se que apenas 10% das vendas totais de veículos novos no território cubano sejam de compradores particulares - os 90% restantes são adquiridos por órgãos governamentais, incluindo o serviço público de táxis, e também para locação de turistas.

Ainda assim, os cerca de mil automóveis comercializados em Cuba até o mês retrasado representam, de acordo com a Focus2Move, um crescimento de 70,4% na comparação com igual período de 2020.

Em relação à marca de carros novos mais vendida naquele mercado, está enganado quem pensa que é chinesa ou russa, devido ao alinhamento econômico e político.

A Focus2Move informa que a francesa Peugeot é a líder, com mais de 25% de participação de mercado e alta de 73,5% de janeiro a maio, seguida pela sul-coreana Kia (+122,4%) e pela chinesa BYD (+37,3%).

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