Frente fria? Como é ter um carro na cidade mais gelada do mundo a -40ºC
A frente fria que fez nevar no Sul do Brasil e trouxe geada para São Paulo pode causar problemas nos carros, como bateria arriada e dificuldade para dar partida no motor.
Contudo, esses contratempos são café pequeno diante das dificuldades enfrentadas pelos motoristas de Yakutsk, na Rússia - considerada a cidade mais gelada do planeta.
A capital da República de Sakha, localizada na Sibéria, fica a cerca de 450 km do Círculo Polar Ártico. Durante o inverno, que dura de seis a sete meses, os termômetros facilmente marcam -40ºC.
Isso é frio que desafia a existência de humanos, mas lá as temperaturas já caíram para -70ºC. Isso definitivamente não combina com veículos dotados de motor a combustão interna.
Especializado em documentar viagens para locais incomuns, o youtuber Ruhi Çenet, do canal Discover with Cenet, visitou Yakutsk durante a estação mais fria.
Ele conta, em vídeo publicado há dois meses, com mais de 12 milhões de visualizações, os desafios e os perrengues para quem mora em uma terra tão inóspita no inverno. Eles se aplicam aos carros.
"Se você tiver um carro aqui, isso será um grande problema", alerta.
Motores sempre ligados
De acordo com Çenet, muitos deixam de usar seus automóveis durante a maior parte do ano simplesmente porque os respectivos fluidos, como líquido de arrefecimento e óleo do motor, simplesmente congelam em poucos minutos após o veículo ser desligado.
"Se você insistir em dirigir durante o inverno, não poderá nunca desligar o motor. Por exemplo, esse aqui está ligado e vazio", diz, mostrando um carro estacionado na rua com o propulsor funcionando.
O viajante diz ter visto "centenas " de veículos na mesma situação, que, segundo ele, ajuda a explicar a névoa de poluição que cobre a cidade.
"Você pode imaginar o enorme desperdício de combustível que isso significa". Pelo menos, a região é rica em petróleo e gás natural para atender tanta demanda.
Por outro lado, quem tem condição financeira, diz Ruh, investe em garagem aquecida.
Por conta do frio extremo, ficar mais do que 15 minutos na rua, mesmo com muitas camadas de roupa, não é uma boa ideia.
Dirigir sem carregar um kit de ferramentas nem saber usá-las é outra ideia ruim: se acontecer uma pane em local ermo, sem sinal de celular para acionar o guincho, os moradores locais têm de se virar e realizar o reparo eles mesmos - sob pena de correr risco de morte.
Aquecimento global
Se Yakutsk é literalmente congelante no inverno, durante o curto verão, que acontece agora no Hemisfério Norte, as condições do clima são bem mais amigáveis.
Nesta época do ano, os termômetros chegam a marcar mais de 30ºC durante o dia na cidade russa.
Contudo, durante os últimos anos tem sido verificado um aumento progressivo na temperatura média, atribuído por autoridades russas ao aquecimento global - decorrente da emissão de poluentes na atmosfera.
As temperaturas mais altas são a causa alegada para incêndios florestais que têm assolado Yakutsk nos últimos dias.
Além disso, o gradual derretimento do "permafrost", a grossa camada de gelo incrustada no solo, tem desestabilizado construções mais antigas da cidade.
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