Por que trocar de carro? Confira 5 dicas e faça o seu durar para sempre
Fatores como a paralisação na produção por falta de semicondutores e alta no custo de matérias-primas no mercado internacional têm causado uma disparada nos preços de carros novos e usados durante a pandemia do coronavírus.
O mercado, literalmente, virou de cabeça para baixo, a ponto de veículos seminovos custarem hoje mais que valiam quando foram adquiridos zero-quilômetro, alguns meses atrás. Por conta disso, considerando apenas o aspecto financeiro, agora é a hora certa para vender seu carro e não para comprar outro, mais novo e equipado.
Se a intenção é manter o veículo próprio, a importância de cuidar bem do exemplar que já está na sua garagem é grande. Por conta dos preços inflacionados, vale considerar adiar a troca ou até ficar indefinidamente com o automóvel que você tem. Que tal ficar com ele... para sempre?
Tornar um carro de uso cotidiano "eterno" não é a melhor escolha em termos financeiros, por conta da inevitável obsolescência que fará a manutenção encarecer com o passar dos anos - por motivos óbvios, a história é diferente se o automóvel for de coleção.
Ainda assim, vale a pena cuidar bem do patrimônio como se fosse durar para sempre - o que, de quebra, vai prevenir a incidência de problemas mais graves e caros de se reparar.
Veja cinco dicas preciosas.
1 - Troque religiosamente o óleo e os filtros
Trocar o óleo do motor e o respectivo filtro dentro da quilometragem estipulada no manual é uma orientação básica para evitar gastos não previstos e fazer o seu carro "durar para sempre".
No entanto, muitos ignoram que, além da distância percorrida, o fluido tem prazo de validade. Ou seja: a hora da troca é determinada pelo item que vencer primeiro.
Erwin Franieck, mentor em engenharia avançada da SAE Brasil, explica que, após determinado período, os componentes do óleo se degradam e sua capacidade lubrificante fica comprometida, elevando o atrito de componentes internos do motor.
Outro detalhe: em condições severas de uso, como rodar predominantemente em vias não pavimentadas, com muita carga e sob tráfego congestionado, a quilometragem e o prazo para troca são antecipados.
O especialista recomenda, ainda, seguir fielmente a especificação de óleo recomendada no manual do veículo.
Ao trocar o óleo, não se esqueça de substituir o respectivo filtro.
Os filtros do veículo são componentes relativamente baratos, porém o desleixo com eles é capaz de resultar em grande prejuízo.
Franieck orienta a seguir sem concessões os prazos para respectiva troca indicados no manual do proprietário.
"É comum perceber que o filtro de ar está saturado quando o motor começa a falhar. Em caso de emergência, muitos removem o filtro até chegarem em uma oficina, mas basta rodar alguns minutos sem ele para que haja problemas sérios no motor".
O especialista destaca que, sem o filtro, o sistema de admissão acaba aspirando ar com poeira e outras impurezas, que vão parar no interior do propulsor - riscando as paredes dos cilindros.
"O óleo lubrificante pode ser levado pelos anéis do cilindro até a câmara de combustão, queimando juntamente com o combustível e causando a característica fumaça branca que sai do escapamento. Esse é um sintoma que exige atenção".
Em relação ao filtro de combustível, seu entupimento faz o motor "engasgar" e sobrecarrega a bomba de combustível - que precisa trabalhar com muito mais pressão.
"Essa é a causa mais comum de queima da bomba", esclarece o engenheiro.
Já a obstrução do filtro de óleo igualmente compromete a correta lubrificação do motor, elevando o atrito de peças internas e acelerando seu desgaste.
2 - Fuja de combustível batizado como o diabo da cruz
Com o objetivo de poupar dinheiro, ainda mais atualmente, com gasolina e etanol inflacionados, é comum abastecer em postos que oferecem os melhores preços.
Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.
Erwin Franieck orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.
Afinal de contas, gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados, encurtando sua vida útil.
"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular".
As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.
3 - Nunca rode com o motor frio
O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.
Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.
"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal", destaca Franieck.
O engenheiro recomenda aguardar alguns minutos com o propulsor ligado até que ele esquente, antes de sair rodando.
O especialista da SAE Brasil informa, inclusive, que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.
"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".
4 - Calibre regulamente os pneus do carro
Verifique a pressão recomendada para os pneus no manual do proprietário - ela, inclusive, pode variar de eixo para eixo e também de acordo com a quantidade de carga transportada.
Pneus abaixo da pressão ideal aumentam a superfície de contato com o solo. Com isso, fazem com que o motor utilize mais energia para manter o carro rodando, elevando o consumo. Por outro lado, pneus cheios demais deixam o veículo muito "duro" e podem reduzir a vida útil de componentes da suspensão e das próprias rodas e pneus.
Segundo Erwin Franieck, pneus mal calibrados também comprometem a segurança.
"Ao passar por um buraco, não apenas o pneu, como a respectiva roda, especialmente se ela for de liga leve, podem ser danificados. Uma roda empenada deixa o carro mais inseguro, principalmente em rodovias, em velocidades mais altas, elevando o risco de acidentes".
Não se esqueça de verificar a calibragem a cada 15 dias, sempre com os pneus frios, como recomendam as montadoras. Quando estão quentes, o ar dentro deles se expande e você acaba calibrando com pressão abaixo da indicada.
5 - Dirija com suavidade e antecipe manobras
O estilo de condução, sozinho, pode reduzir em pelo menos 10% o consumo de combustível, além de evitar a sobrecarga desnecessária de motor, transmissão, freios e suspensões.
"A forma como você dirige é fundamental na equação de quem deseja ficar uns bons anos com o automóvel", salienta Franieck.
Mudar hábitos ao volante, de fato, faz toda a diferença. Antecipar frenagens, não "esticar" as marchas e fazer as trocas na rotação certa, por exemplo, são mandamentos que não apenas aumentam a autonomia a cada abastecimento - também contribuem para poupar o carro e reduzem as emissões de poluentes.
Acelere e freie de forma gradual e utilize o freio-motor nas reduções de velocidade. Além disso, descer ladeiras na "banguela" (com o câmbio em ponto-morto) não ajuda a economizar combustível e, ainda, contribui para o desgaste prematuro dos freios.
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